#SERENO DE JANEIRO É O RIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



 Serena é a ilusão. Serenas são as ilusões: de antanho, os arrebiques, de alhures, os ornamentos.  De outrora, imagens e perspectivas de olhar em brilhos se re-fletem no espelho de desejos e querências  de ser e não-ser nas linhas e traços, na serenidade dos sentimentos o encontro e des-encontro de verdades e amores, de buscas e relembramentos,  de perdas e desmembramentos da sensibilidade, felizes são as horas de fantasias, prazerosos são os “além de” idéias e vontades da plen-itude de palavras-pássaros que entoam cantos atrás das serras e montanhas, do descampado silvestre, de vaga-lumes e pirilampos, do coaxar de sapos à beira da lagoa encantada - existiriam sapos na Lagoa Rodrigo de Freitas? -, de miríades de luzes das estrelas e luas, que tocam o íntimo de resplendores de raios do sol ou da neblina que cobrem os auspícios dos picos, e na retina aldebarã de emoções mostram as folhas verdes, verdíssimas das árvores, à mercê de ventinhos de leste-oeste, em suas grimpas o a-núncio de outras distâncias e longitudes.

De ilusões, as serenas brisas do efêmero e eterno, de outras visões e inspirações, os rios sempre re-nascem nas fontes de caminhos abertos para a passagem, para a travessia para o além-de re-versas e avessas ilusões do puro e sublime, para o além-de palavras e sentidos, para o além de verbos e sonhos, no peito as batidas leves e suaves do coração na sua labuta de vida e tempos, de novidades, re-novidades, re-nascências e essências, nos lábios o silêncio das serenas contradições e ambigüidades do aqui além confins, dos confins além arribas de trechos e entre-trechos, êxtase de imagens, êxtase de verbos em sonhos de esperanças, volúpias de sim e não nos dedos de ritmos e melodias.

Serenos são os instantes e momentos, são os indícios do crepúsculo, as a-nunciações de outra manhã, de novas buscas e encontros, de inusitados des-encontros que são o húmus de todas as horas de querências nas ad-jacências das quase mesmas coisas de todos os dias que se abrem e se fecham, que se despedem, que se perdem nos ponteiros do relógio de ponteiros avessos aos segundos e minutos.
Sou eu quem voa por todos os caminhos e veredas, na algibeira de meus sonhos e utopias drummondianas, campos de flores e pássaros, de animais e serena grama molhadinha da neblina da noite, na superfície das flores e das folhas, de relembramentos e des-ilusões das razões e princípios; sou eu quem me distancio nos infinitos dos desejos e vontades, das con-templ-ações  das esperanças do etéreo, do passageiro, do minuto-de-só-agora, do ser-só-aqui, e dos vôos-de-só-sempre.

#RIODEJANEIRO#, 31 DE JANEIRO DE 2019#

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