SONIA GONÇALVES POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 590 /**PSICANÁLISE DO RELÓGIO**/



Bom dia Manu! Lindo lindo! Poetizou belamente, usou as metáforas que é bem de praxe de você, as palavras poéticas lindamente cantadas como um sussurro do vento, mais que um dedo de prosa, bem mais!... Muitos dedos prosearam nos teclados de sua alma poeta né, não sei bem pelo tema "psicanalise do inferno" usado amiudamente, não deve ser pela divina comédia, outro motivo inspirante na cabeça do poeta Manoel Ferreira, metaforou lindamente, proseou com a maestria que lhe é peculiar sobre os oliveiras, as coisas efêmeras, o acontecido, o acontecer, o pensar sobre tudo. O poeta que não quer ser poeta, mas sabe que não pode fugir desse dom de tocar o céu com a ponta dos dedos cheios de ideias.... Parabéns Manu, parabéns para a Graça linda obra! Aplausos! Bjos.


Sonia Gonçalves


Estamos no mesmo barco, Soninha Son: poeta que não quer ser poeta, crítica literária que não quer ser crítica literária!


#AFORISMO 590/PSICANÁLISE DO RELÓGIO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


O que mais dizer,
Se nada disse,
Digo nada,
Nada mais direi,
Mas como dizer senão
Ser quase impossível versar o pensamento, as idéias,
Vers-ificar as intenções,
Alguma coisa como um impulso para o conhecimento,
Vers-ejar a consciência,
Alguma pequena peça independente de relojoaria que,
Quando dou corda, trabalha bravamente,
Embora questionável seja
Re-versar as idéias, in-versar o pensamento,
Interessante serem sendas de só curvas,
A troca de dedos de prosa torna-se indescritível,
Pensamento torna-se sentimento,
Vice-versa,
Os dedos de prosa tornam-se reflexões,
Vis-à-vis,
Os "causos", quando e se os houverem,
Tornam-se projectos, utopias...


As glórias da vida, encontro do amor, realização da esperança do outro que metamorfoseia os sentimentos, o ser do tempo, primavera de lírios, esplende de miríades dos desejos a a-nunciação do prazer de recitar versos da alma enamorada do sol. Iluminadas as bordas do sonho perspectivas do pleno abrem os horizontes por onde a água solitária movimenta as asas, itinerário do eterno.


Se ainda não possais entender
- embora acredito com-preender possais -
O que é isto de dedos de prosa
Re-versados,
Faça a psicanálise do inferno
Para atingir a metafísica do in-audito,
Compreendereis,
Sem re-versar os dedos de prosa,
Sem in-versar a prosa de dedos,
A poesia da psicanálise do inferno
Não se revelará,
Sonhos e esperanças são esvaecidos.


Por vezes, no crepúsculo, con-templando o longínquo celeste, sou a quimera do absoluto efêmero do verbo, perscrutando os vestígios do pretérito, e sinto nas prefundas do indizível a a-nunciação do perfeito gerúndio das contingências das querências das estrofes do belo. Sinto-me o prosador de versos da poesia, sou o poeta dos parágrafos da prosa.


Palavras não irão vos convencer, persuadir
A entregar-se aos dedos de prosa,
Muito menos à prosa de dedos,
À psicanálise do inferno,
A bem da verdade, não tenho esta intenção,
Só vos de-monstrar
Que me submeti a esta psicanálise do inferno,
É nos dedos de prosa que encontro o reduto da alma,
É na prosa de dedos que substancio manque-d´êtres e volos,
Embora saber haverá o tempo
Em que ao reduto da alma será acrescentado
O espírito deste reduto,
Haverei de recorrer à poesia...


O efêmero se torna eterno no instante da inspiração do sentimento de sentir a nonada da travessia do tao-ser para as veredas do krishna, templo do ser-sol; o eterno se torna efêmero no momento da iluminação trans-cendente de com-templar os ocasos do crepúsculo sob a miríade das luzes que templ-oram o tabernáculo da espiritualidade pouco a pouco, passo a passo a vida se evangeliza de semente em semente, a oliveira diviniza o céu de nuvens cristalinas.


(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE FEVEREIRO DE 2018)


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