SONIA GONÇALVES ESCRITORA CRÍTICA LITERÁRIA E POETISA COMENTA O AFORISMO 594 /**BURGUESIA**/



Nossa! E eu me pergunto...De onde Manu tirou essa belezura, meio tristonho de quem parece um tanto decepcionado, inquisidor... será poema antigo reformulado? De quem será essa beleza insonsa, desprovida de essência e calor humano? Muito lindo apesar da melancolia nas entrelinhas... Bjos Manu... amei... Graça de parabéns com sempre...


Sonia Gonçalves


Em verdade, este aforismo é estonteante e enigmático. Normalmente, uma obra apresenta algumas ambiguidades, dubiedades: nesta são imensuráveis as perspectivas ambíguas. A ambiguidade mais estranha é a melancolia do desprovimento de essência e calor humano em reflexo com a tristeza de quem parece decepcionado. Só mesmo um estudo profundo para desvendar este mistério das ambiguidades?
Foi inspirado no meu irmão biológico Aldo Lúcio Ferreira da Silva, um burguês dos mais ridículos e superficiais. Mas extrapolou a inspiração, atingiu dimensões muito profundas. Não sei res-ponder a estas ambiguidades tantas - não tenho domínio pleno do que escrevo. Desvendá-las é tarefa dos críticos. Você apresentou-as com distinção. Quem sabe no futuro você não as desvende, com certeza as explicações e esclarecimentos estão latentes em você. Fica o desafio!
Gracias muchas, Soninha Son. Beijos nossos!


#AFORISMO 594/BURGUESIA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA(TÍTULO: #SUPERFICIALIDADE#)//ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


A carne fresca e destoante
não identifica o calor humano,
resvala o instinto na linha da iniquidade.
Lamentável uma beleza sem essência
(apenas a máscara a encobrir o nauseabundo).
A natureza a servir de apoio
do tempo
(medo da velhice mais substancial).


Miríades ondulantes de sêmen
sem vida, sem essência,
a molhar o entrepernas.
Rumina a voz esganiçada
da falsidade,
da farsa.
Declama com voz afinada
A lírica da musiqueta
da simulação,
da mentira.
Entreabre-se a emoção mascarada
da superficialidade.
Ilumina a escuridão mais profunda
nos olhos do requinte.
Refestela o sentimento mentiroso
nas bordas das palavras
em gozo, em clímax.


Adultera a verdade
no simples toque dos olhos.
Morre a esperança,
anula-se a felicidade;
rui a paz,
elimina-se a alegria;
resvala o consentimento,
angustia-se o bem-estar.


No mundo,
a vida lega a luz a seres tão vulgares.


(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE FEVEREIRO DE 2018)


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