#O EU-POÉTICO DE Graça Fontis E "ASES VELAM O PÔQUER", DE Manoel Ferreira Neto GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: ENSAIO



"He... he...", digo eu por estar diante de uma crítica de excelsa sensibilidade, de um "eu poético" de imensa extensão, ampla visão da arte, não apenas literária, poética, por ser artista-plástica, pintora e escultora, poetisa e escritora, na crítica ao aforismo ASES VELAM O PÔQUER. Uma responsabilidade sem precedentes res-ponder a critério e rigor.

Em primeira instância, mister sublinhar que o ensaio foi eminentemente elaborado e escrito por ela, custando-lhe várias horas até a realização, nem lhe dei qualquer dica sobre o Aforismo, também o título do ensaio é de autoria sua. Aqui está uma das responsabilidades: os leitores acreditarem piamente haver sido ela, pois a linguagem e o estilo são muito profundos.

Dizer que determinadas análises, interpretações, conforme a linguagem e o estilo são produtos de conhecimento a priori, nesta dimensão de explicitação, de Filosofia, Estética, Literatura,  Poesia. Só doutores, mestres, especialistas são portadores desta linguagem. "A artista-plástica não é portadora destes conhecimentos, mui recentemente iniciou a sua leitura filosófica, não teria condições de modo algum de fazê-lo", palavras dos críticos, "Está mais do que evidente o escritor ajudou na crítica". São os que não com-preendem e entendem que o eu-poético, o eu-artístico se verbalizam, mesmo não havendo o conhecimento a priori.

É de admirarem-se a sensibilidade, o eu-poético haver aprofundado tanto na obra através de suas leituras de todos os aforismos, de toda a obra desde que entrelaçamos as nossas mãos, com a nossa convivência de esposa e esposo, de nosso companheirismo nas artes. Verbalizar isto com tamanha excelsitude de análise, interpretação, compreensão e entendimento, não é tarefa fácil, é eminentemente complexa, hermética. Isto fundamenta e  vale sublinhar que nunca tivemos qualquer diá-logo em nível deste ensaio escrito por ela.

Tomando em mãos um excerto deste ensaio: "...deste intrincado Pôquer em que as cartas são palavras estilisticamente dimensionalizadas nos tempos, abarcando infinitivos horizontes onde os sentimentos emergem das profundas e afloram nesse jogo abissal e enigmático de sedução entre o Ser conflitante e a explicitação coerente na verbalização do indizível Eu". Ressaltar "as cartas são palavras estilisticamente dimensionalizadas", pois que são sim estilistiscamente dimensionalizadas para o jogo entre o "eu poético" e o "verbo", o conflito residindo, habitando na sedução entre o Ser e a verbalização do indizível. A "casa-do-ser" são os verbos na continuidade do tempo, e neste sentido , conforme palavras mesmas da crítica "... abarcando infinitivos horizontes onde os sentimentos emergem das profundas...", o que significa dizer os verbos e o eu-poético no jogo conflitante, onde todas as dimensões sensíveis, emocionais, intelectivas, racionais, percepção, intuição, inspiração se comungam, aderem-se, conciliam-se, os infinitivos horizontes do Ser se revelam, se des-velam, mas com uma condição sine qua non, desde que conciliados aos sentimentos da alma, ad-vindos de suas profundezas enigmáticas, misteriosas.

"Onde" lembra lugar, este lugar sendo a casa-do-ser. Impressionante como a caríssima crítica e companheira das artes entrou, mergulhou na casa de meu ser, re-colhendo e a-colhendo este jogo conflitante entre o verbo e o "eu poético", e com excelsa análise re-vela a sua visão-de-artista-plástica de minha obra literária-poética-filosófica. E neste âmbito, a crítica aproxima-se e mergulha sensivelmente na filosofia de Gaston Bachelard, no seu mais que reconhecido livro A POÉTICA DO ESPAÇO.

Não pude recuar-me a um comentário que se fazia imprescindível. Não toco em qualquer nível das críticas já recebidas das críticas Ana Júlia Machado e Maria Isabel Cunha. Nem poderia fazê-lo, pois que a crítica Sonia Gonçalves não se apresentou ainda para o jogo de pôquer. Conforme anunciado, escreverei uma res-posta às críticas num ensaio comparativo entre as quatro.

Merecedor de meus reconhecimentos este ensaio, de meus aplausos pela excelente crítica, por demonstrar não ser apenas linguagem e estilo de intelectuais, capazes de ensaiar, analisar e interpretar, o eu-poético transcende a linguagem intelectual específica, e mostra dimensões que esta deixaria com evidência no inter-dito.

Meus sinceros cumprimentos, caríssima pintora e escultora, poetisa, escritora e crítica literária. PARABÉNS.

(**RIO DE JANEIRO**, 11 DE FEVEREIRO DE 2018)

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