#AFORISMO 604/#GEN-{ÉSIOS} CAMINHOS DE PURA SABEDORIA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA(TÍTULO: #ESPECTRO DAS ÁGUAS#)//ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Rio-me.
Estou preparado para a vida.
Sinto-me vazio.
Sou aquele que é, o nada,
Gen-{ésios} terrenos baldios
Na extensão de ruas e alamedas,
becos e calçadões,
Nas dimensões de bosques e cavernas,
Nos hectares de chapadões e árvores secas,
Nas léguas de estrada de poeira ou de asfalto
- Será por que não existe rodovia federal
Calçada, de cascalho, de pedras-sabão? -,
O nada à beira da fogueira sussurra-me:
"Siga-me. Abandone as quimeras.
Mostro-lhe os caminhos.
Sentir-se-á alegre,
terá os seus prazeres ao meu lado.
Já ouviu falar no Infinito.
Tenho as chaves dele.
Vejo-lhe andando de chapéu,
bengala na estrada da floresta.
Vamos seguir juntos esta trilha.
A fé não é uma questão da existência
Ou não - existência de Deus.
É acreditar que o Ser é.
Sem volos e sonhos
É valioso."


A vida é pura sabedoria.
Por que na síntese do genesis
E apocalipse a rejeição,
E a irreverência da redenção?
À prospecção de criá-la
Dimensões do gesto
Fluindo toques, suaves, serenos, frágeis,
Pers-pectivas da atitude,
Das pedras de toque das ações, palavras,
Lembrando de que aquelas precedem estas,
Des-velando da entrega a carícia.
Desejando, no seu esboço a
Criação do sonho
nas dificuldades,
miséria e pobreza,
tristeza, angústia, liberdade,
no seu croqui, os
traços comedidos,
irreverência, rebeldia
dos tons e pinceladas,
é que se mergulha profundo
nesta sabedoria,
"quem pensa, pouco erra muito
quem sente, pouco desvaria muito,
quem pensa e sente,
pouco devaneia muito",
assimila-a, vive-a, é-se outro,
O que passou foram
Pedras angulares de aprendizagens.
Para in-vestigar a verdade,
Mister duvidar de todas as coisas.


Nuvens que conheço, sombras que me perpassam, horizontes e uni-versos que me pervagam, rios de águas cristalinas que em mim per-correm, correm, de-correm, escuridões que me perscrutam: antípodas... Antinomias, paradoxos, hipérboles dos sentimentos, anamneses góticas dos nonsenses, mímeses das falácias, melopéias das algazarras, carnaval das tagarelices - não sejam, quiça, modo e estilo de envelar algo íntimo?, pois que a síntese é o rabo peludo de meus ideais e idéias, requer tranquilidade para refletir, não é o instante, desejava saber o que é isto de tripudiar com o con-ting-ente, sentimentos dispersos para tripudiar com o pensar circunstâncias que estão arrancando do mais íntimo dores e sofrimentos, angústias, para blefar com as idéias das estéticas no jogo de pôquer do estilo e linguagem, da semântica, linguística, metafísica, metalinguística: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim.


Reflexos de imagens pairando lívidos, transparentes, trans-extasiados, trans-excitados, seduzindo desejos, vontades, conúbio de luzes, madrigal de sons ritmando emoções, espectros a tornarem-se inspiração de linguagens e estilos, sons, ritmos, acordes, melodias, interditos da esperança da beleza, nas palavras versáteis do lúdico, e no tabernáculo do lúcido as alcoviteirices da razão e dos sensos, verbos outros do in-verso sonho do pleno, re-versa sorrelfa do sublime, ad-versa quimera do puro, do verbo em sinfonia com a lírica do In-finito, revezes alhures do singelo, das regências em serenata com a poesia das chamas da lareira.


O que advirá
Pedra de toque de esperanças,
a todo instante,
ínfimo mover-se dos ponteiros do relógio,
da areia no interior da ampulheta,
da brisa da madrugada perpassando as
fendas das folhas e das galhas da árvore,
incindindo na terra,
do frio do deserto na madrugada,
mergulhando nos ossos, calafrios na medula,
projeta
novos ideais,
novas utopias,
novos desejos e vontades,
novas querenças, novas renascenças,
À prospecção de criá-los
com a entrega, a doação livres
Deixá-los entoar a balada
Da viagem lúdica às brilhanças
Do sol, das estrelas, do horizonte...
Dos guetos, favelas, morros...
Aos gen-{ésios} caminhos de pura sabedoria.


Aí é que
a vida reconhece
o que habita o íntimo...


Talvez, suspenso no limite do inaudito e mistérios, não haja {com}-templado na metáfora dos pret-éritos latentes as perspectivas de élans que incidem no além, na querença da verdade que se multiplica ao longo da composição das éresis do espírito aberto às cintilâncias do ser, aceno de soslaio para lua minguante, não me esquecesse do brilho, apenas a-nunciação que acende o pisca-pisca da alma que anseia o alvorecer do ser "à bessa", não "á beça", e se quiça a síntese de ambas expressões, do a-temporal que ludica de miríades da harmonia, sintonia, sincronia os anti-verbos do poema, anti-poema do além-verbos?


Na lousa do imperfeito pretérito, os sentimentos encalacrados aos ideais.
Manhã ensimesmada, nublada, nalgum sítio de mim a melancolia do infinitivo.


Confio a vós o meu paradoxo, o meu re-verso, o meu in-verso, o avesso de mim, o íntimo uni-verso de mim, os interstícios de meu horizonte, o meu excesso, o meu absurdo de dialéticas do sensível, de silêncios de falhas e ausências, de solidão de faltas e carências, do espírito e da razão que me empresto a imagem vária, as perspectivas inúmeras, a linguagem sem precedentes, o estilo sem igual, os hífens do intelecto e da sensibilidade que me dei, que inventei, os colchetes da vontade de saciar a sede do espírito da vida, que criei, que re-criei, que literalizei, que trans-literalizei, que ipsis litterisei, o que nasceu sem qualquer atitude minha, livre e espontâneo, expressão - seria gótica ou encaracolada? - kambaia do eterno e dos efêmeros.


Diziam-me de imaginação fértil para as esperanças, sonhos, verbos da existência, ventos do nada e do ser.


Viajo terras distantes de mim, peregrino por florestas e mares, campos de flores silvestres, navego além das ondas do mar, pós aquela dança macia de onda em onda, subindo e descendo, ininterruptamente, caminho bem longe de mim, do que sou, do que re-presento, do que finjo, além de meus sustos, espantos, surpresas, embasbacado de meus questionamentos, buscas, além de meus desejos, vontades, além de meus sonhos, utopias, aquém de meus idílios e sorrelfas, alhures de minhas fantasias e imaginações.


O porto onde repouso é de vista para o Pórtico para o Impossível, Partido Pórtico ou Pórtico Partido?, que diferença isto faz?, além das águas do mar, bem além, ilusão de ótica dizer que no infinito as águas se unem com as nuvens, sim águas e nuvens se unem além do universo e horizonte, dons e talentos se articulam, conciliam-se aquém das brisas do mar e do orvalho do bosque, as veredas que sigo são estas. Longo caminho, a esperança do encontro, tão agradável quanto a brisa das manhãs no cume de uma serra ou debaixo de uma ponte, aliás bem cônscio estou de que por vezes careço estar debaixo da ponte para me encontrar. Que ponte: a partida ou a que eleva a travessia ás luzes do além atrás das serras no crepúsculo? É de rir à socapa de todas as brisas do mar, não é verdade?


Levo o meu rosto, a minha face, levo as minhas rugas, a minha seteira japonesa, Os meus olhos inquietos. Deixo o espelho e seu re-flexo. Deixo as perspectivas e suas cintilâncias alçarem voos nas asas dos verbos, dos ventos pós descanso, aquele refestelamento lúdico e tranquilo, nos auspícios da colina das águias e condores. Símbolo, signo, metáfora de que as águias e condores?


Em vosso rosto, oh poiésis de veredas e sendas, deposito o assombro de minha alma, de meu ser.


(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE FEVEREIRO DE 2018)


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