SONIA GONÇALVES ESCRITORA POETISA CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 589 /**POÉTICA DO ESPAÇO#



Boa noite Manu Manoel Ferreira Neto! Sempre um grande prazer poder ler-te aqui, muito lindo!...Amei esse aforismo, essa homenagem ao nosso Son já tão antigo, né? Lembro-me bem você não gostava de grupos, mas ficou no meu até hoje, uma honra para mim, saiba. Quanto ao seu lindo texto, com teor mais poético do que de costume. Adorei desde o princípio onde cita o Son e seus acordes , nossos na verdade, espetacular tantas ramificações que movimenta e inspira o poeta pensador, escritor dos versos, dos aforismos, amei suas citações.Hoje, as metáforas utilizadas com precisão, mencionou muitos temas que já foram desenvolvidos por mim, água viva, ser tão das veredas, misticismo,utopias, todos temas que já desenvolvi e com certeza ainda o farei muitas vezes e que você com seu linguajar mais que culto e poético enredou tão bem pelas veredas desse aforismo, embora alguns não saibam, poesia é uma fábula maravilhosa, versada com as palavras peculiares de cada poeta e isso é o que faz inovar, a criatividade com que contamos o eclipse da lua já contado tantas vezes por miríades de poetas.Você tem esse poderio a cada texto uma história nova. Parabéns por mais esse Manu, receba meus aplausos e meus sinceros agradecimentos... A arte da Graça sempre fecha com chave de ouro.Parabéns extensivo a ela também. Bjos👏👏👏👏👏👏👏👏👏


Sonia Gonçalves


Verdade: não gosto de grupos ainda. Não há razões específicas para não gostar. Participo diplomaticamente deles. Isto vem de meu caráter e personalidade: não ando em rebanhos. Lembra-me de minha infância: sendo minhas mães costureiras, as clientes, indo provar as roupas, levava seus filhos, e eles me enfernizavam, invadiam a minha solidão com os meus livros. O que acontecia? Batia neles para não me incomodarem. As mães não mais levaram seus filhos à minha casa. Benzinha fica intrigada com isto: se num lugar há duas pessoas conosco, inda converso livremente, mas se houverem mais de duas fico eminentemente em silêncio, não movo os lábios. Não nasci para andar em rebanhos. Tanto é que não existe quem escreva no meu estilo e linguagem, são particulares, sou eu. Estar no Son dos Poemas faz quatro anos e meio tem razões: você sabe receber os seus amigos com toda a gentileza, sempre me recebeu com sua generosidade e gentileza, tanta que sempre comentou as minhas "coisinhas", tornando-se uma das críticas oficiais de minha obra. Há, sem dúvida, quem pensa estou "puxando o seu saco": se é uma coisa de que não necessito é isso, não ajo por interesses, por jogos de interesses. O que merece ser reconhecido deve sê-lo com categoria e primor. Outro grupo: Elizabeth Almeida Poesia e Poemas, da saudosa Elizabeth Almeida. Infelizmente, ela faleceu, mas continuo lá, Célio Bertoli recebe-me muito bem. Noutros grupos, participo diplomaticamente.
Citei neste aforismo A POÉTICA DO ESPAÇO, Gaston Bachelard, obra que, penso eu, todos que escrevem devem ler profundamente, há muito o que aprender. E nesta obra, analisando alguns poetas, Gaston se refere ao "Som das Palavras", "Som dos Poemas", no espaço, qualquer seja ele, o som está sempre presente. Faço uma homenagem sim ao Som Dos Poemas, mas nesta homenagem está presente o pensamento de Gaston, especificamente no que diz respeito à "CASA-DO-SER". Metade da intenção foi homenagem ao seu grupo, metade foi intertextualização epistêmica, a episteme da poética, Gaston é epistemólogo.
Meus cumprimentos por este conceito: "Poesia é uma fábula maravilhosa, versada com as palavras peculiares de cada poeta e isso é o que faz inovar."
Beijos nossos!




#AFORISMO 589/POÉTICA DO ESPAÇO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Folhas res-pingadas de orvalho à luz do alvorecer res-plendem diá-
fanos brilhos, o tempo nas asas do vento glorifica as re-
ve-lações do ser nas re-vezes dos sentimentos, o verbo nas metáforas do sol saúdam as utopias do vir-a-ser, do por vir das quimeras, anátemas do silêncio, nas anamneses das melancolias,
jubilam nas travessias das esperanças os sons agudos e graves, sons do poem, salve as métricas e musicalidade, toda geração tem seus singulares caminhos, mister des-obedecer, rebelar-se, irreverenciar-se, os caminhos dos pampas, dos desertos, dos chapadões.


Ramble tamble.


Quiçá!...
Quem fora res-pondeu com ironia
Aos ventos in-visíveis - haveria algum visível? -
que sopraram as brisas
Ao orvalho noctívago que tocou as folhas,
À neblina do alvorecer que cobriu as montanhas
À neve que intransitou estradas, alamedas,
Becos sem saída, terrenos baldios,
À chuva fina que molhava as telhas do teto,
Canção, balada,
Inspirava a numinância do sol
Cobrir de afagos as letargias do belo e da beleza,
Pro-jectava as miríades de raios místicos/míticos,
Numinando o que inda restava dos desejos, utopias.


Por vezes, no silêncio da madrugada, luzes apagadas, sou a vigília do sono que busca o topo da serra, panorama de esplendida beleza, onde a alma procura o abrigo do uni-verso, onde o espírito vagabundo vagueia nas esperanças do in-audito, onde a in-consciência vadia no tempo dos in-auditos desejos da trans-{parência}, re-colhendo e a-colhendo as dádivas dos mistérios místicos do bem e do mal, do amor e da in-diferença, dos enigmas míticos do verbo e do ser. Não me sendo sentimentos da solidão que a escuridão re-vela, traz ao eidos das utopias do belo, mistifico as luzes que incidem no meio da rua, nas sombras de lápides brancas e negras, as árvores das calçadas criam a sombra, mitifico os raios de sol que incidem nas paredes das casas, dos edifícios públicos. Não me sendo emoções do vazio que o estar re-costado à porta de meu casebre que o pretérito dos tempos em ondas de infinitivo, subjuntivo, gerúndio - não deveria ser "gerúndivo" para rimar? -, particípio traz-me a memória, mitifico os raios numinosos que iluminam os sonhos do vir-a-ser.


O céu escureceu por completo. As árvores balançam-se levemente sob o efeito do vento, chuva não virá. Será para alhures levada. Tempos longínquos trazem-me os anátemas do silêncio – “Sou feliz por me esquecer das horas todas” -, rapaz sonhador, sentado numa mesinha de um quarto de pensão, A Poética do Espaço, Gaston Bachelard, sobre a cama des-arrumada, o alvorecer se a-nunciando, escrevendo a sua prosa poética, clave das líricas epistêmicas, mergulhando no “eu profundo” à busca das luzes do ser, à cata dos resplendores das declinações latinas do verbo. Pelas ruas, berbidos, bêbados, messalinas, mendigos dormindo nas calçadas, transeuntes às pressas para pegar o ônibus rumo ao trabalho, às escolas e universidades, começava mais um dia. A pena deslizava nas linhas brancas da página de uma agenda sem eiras e beiras, cinzeiro cheio de tocos de cigarro, assim começava outro tempo de uma trajetória que jamais teria fim.


Quiça... quem fora!
Quem sou res-ponde com galhofas
Aos nadas que nadificaram as coisas do mundo,
Nadificaram-se,
Aos vazios que esvaziados receberam,
Re-colheram, a-colheram
O múltiplo, o ilimitado,
Sou livre... Escolho o destino.
A verdade deixa de ser verdade
Quando os véus são retirados.


Sou pensador... Escolho as perspectivas...
As verdadeiras explicações científicas
Dos processos cognitivos e do
Comportamento humano estão unidas a
Uma negação de que exista algo acerca
Dos seres humanos que não pode ser visto
Dessa perspectiva, elas não são mais verdadeiras.


Inconstância, insegurança, medo.
E o neurologista no seu consultório dissera
O abismo tinha fundo,
Bastava desejar retornar à superfície...
Quê vertigem inusitada: do fundo olhar a superfície!
Daqui a poucos instantes o embarque,
Outros horizontes, outros uni-versos,
Em todos os níveis...
Não haverá retorno, tudo aqui ficará no
Passado, nas dobras do tempo,
Mister amar a liberdade,
O que penso, sinto agora
Serão apenas lembranças furtivas,
Se aqui estou, próximo a uma longa viagem,
Sentado a um banco de mármore, perscrutando as coisas,
Precisava re-conhecer liberdade não é apenas
Estilo de vida, idéia,
Utopia, sonho, esperança...
A liberdade é o que é. Sou aquele que não é: para-si apenas.


Olhai os lírios do campo. Olhai o ser-tao das veredas. Olhai o krishna das sendas. Olhai as ondas do mar espalhando-se, esparramando-se na areia, pombos e gaivotas alimentando-se do que lhes fora trazido do longínquo mar.


O ser tem o seu caminho, passo a passo, nas suas ad-jacências e bordas, até nas orlas das águas vivas das desejâncias, até nas pedras no meio do caminho, como profetiza Carlos Drummond de Andrade, que simbolizam o não-ser, o ser-não, o não-de-ser, na ladainha dos tempos da Esperança da Eternidade.


O efêmero se torna eterno no instante da inspiração do sentimento de sentir a nonada da travessia do tao-ser para as veredas do krishna, templo do ser-sol; o eterno se torna efêmero no momento da iluminação trans-cendente de com-templar os ocasos do crepúsculo sob a miríade das luzes que templ-oram o tabernáculo da espiritualidade pouco a pouco, passo a passo a vida se evangeliza de semente em semente, a oliveira diviniza o céu de nuvens cristalinas, espiritualiza-se de grãos em grãos, as flores do ipê amarelo resplandece de beleza a calçada.


(**RIO DE JANEIRO**, 20 DE FEVEREIRO DE 2018)


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