MARIA ISABEL CUNHA POETISA ESCRITORA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 572 /**O INDECIFRÁVEL**/


Indecifrável é o poeta quando mergulha nos interstícios da alma, do seu eu. Passeia-se livre no poema como livre é na vida. E a comprová-lo, o último verso sintetiza o poema” Talvez seja eu real neles”. Como sempre a pintura a colmatar em excelência o poeta/ poema; poeta e seu reflexo naquele. Parabéns.


Maria Isabel Cunha


#AFORISMO 572/O INDECIFRÁVEL#
GRAÇA FONTIS: TITULO E PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Espécie de mergulho
nos recônditos dos desejos
e que me aguça
os sentidos inteiros
e que me extasia
os dons e vontades
- a urgência
de
metamorfoses
as
sis
te,
orgulhosa
e inquieta,
à presença do caminho
a suceder
no
coração.


A bruma de prata
flutuando,
pela manhã,
sobre os prados inda
sonolentos...
É o vestido
da intimidade.
A intimidade,
nua,
sente as sensações singulares
- interação do gozo e prazer.


Coloco ordens frente a mim
com a intenção
de vivê-las inteiramente
- sei serem uma obra
que vislumbro e estudo,
a fim de aperceber-lhe o fundo.


Sei ser verdade
este desejo - possuo engenho e arte,
possuo habilidade e agilidade
de transferir a dor
íntima
para a dor da superfície
e, nesse instante,
necessito de anestesias,
morfina.


Lúcido e consciente, vivo
as afetividades e amor mais puros.


Penetro no tempo de meus sentimentos,
retirando as arestas das lembranças,
pondo em evidência as emoções.


sensualidade
e
afetividade
nos
poemas...


Talvez os poemas sejam o real
na sua forma, no seu estilo,
na sua linguagem, na sua estética
e o indivíduo se realize em plenitude.


Às vezes, sinto serem superficiais
e não lhes conheço o sentido por baixo.
Não sei o significado a mostrar-se.


Talvez seja eu real neles.


(**RIO DE JANEIRO**, 05 DE FEVEREIRO DE 2018)


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