PENSAMENTO PENSANDO O QUE PENSA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Seria - por que, hein, o futuro do pretérito, envolvendo questão de excelência tanta? o que isto importância tem no mérito dos pensamentos em estado de erupção, pensamentos trombando em pensamentos, querendo alguns terem mais força, mais vitalidade, serem imprescindíveis, outros deixando-se rolarem e à revelia, o que suceder, sucedeu por si mesmo, ou por alguma outra coisa que não me é dado sabê-lo, terei de agir como manda o meu figurino, e não conforme as etiquetas e princípios, devo construir-me com evidências, a existência coincidida com os passos dados, com a história vivida, experienciada, exaustei-me, se me permitem os doutos da Última Flor do Lácio, por não existir o verbo "exaustar", assim senti do que me fora anunciado, estava exausto de tanto subir e descer, ir e retornar-me, tive de construir dedo a dedo o equilíbrio, sendo a mim nas vias por onde trilhadas e a trilhar, fi-lo com amor e por intermédio dele, aquele tesouro que etiqueta qualquer pessoa não no sentido convencional, mas que conscientiza o que é isto mesmo o homem pensar o que pensa o pensamento, mas sendo sincero e fidedigno com ele cria outros passos a ser pisados, não este de onde existe a hipocrisia no seu mais alto nível, creio que por isto o futuro do pretérito para me auxiliar a tratar disto - pudessem as portas do mais elevado inferno, onde tudo está escondido, numa muvuca(desculpem-me esta "gíria", não as aprecio nem um pouco, nem formalmente, num papo com íntimos, e algumas não suporto, tolero) de linguagens, símbolos, signos, estilos, se estas portas fossem abertas, escancaradas, deixar os demônios saírem, modo melhor de fazê-lo é voando, deixando os demônios voarem, não seria haver aberto as portas de todas as promiscuidades de raça humana, isto em termos psíquicos, sendo permitido tudo, libertinagem a esmo, mas e se o que fora escondido houver sido educado com categoria e finesse, através de outras visões e contemplações, de coisas vividas e experienciados, usando de um novo figurino, isto para poder dizer às claras o que em mim perpassa, perpassa-me a alma, o que é o que, digamos assim, o figurino de estilo mais se etiqueta, olho-me de soslaio, vejo-me "etiquetado", não possível e de minha responsabilidade com a existência, mas a minha etiqueta própria, individual, particular, e tudo o que mais disser da intimidade em síntese, efetivamente tiro-me o chapéu com todos os direitos exclusivos, se seria recebido pelas pessoas, pelos homens como um sujeito se não louco, absolutamente perdido no mundo, na terra, isto é risível, obviamente, e justamente por esta razão não me embrenhei por estas vias escusas, mas reservo a mim o direito à solidão, embora em verdade isto é um idílio dos mais saborosos, gostinho espetacular, mas no silêncio de mim vou-me construindo e preparando-me para enfim o nada último, mas a vida coincidindo com a história de passos trilhados, livre, mas delineando as idéias, pensamentos, coisas de outrora, em termos de tempo isto muito pouco significa para mim, sei que o tempo suficiente para o equilíbrio, mantendo as sombras, deixei-as livres, sem interferência isto é impossivel, de qualquer modo algo interfere nas coisas da existência, e isto com efeito não sou tolo de afirmar, mas concordar as questões psíquicos, estão elas sarapalhadas por todos os lados, contornos, beiras, deixo-as livres, eis porque os indivíduos olham-me de soslaio, sou um sujeito des-pirocado, não sei conversar, fazem tão pouco, embora para mim o que haveria-ser para a continuidade da existência, mas sincera e dignamente... Quem sabe até algum dia eu não esteja naquele instante de pensar o pensamento que pensa a aparência, homem há quem a aparência é-lhes o digno e súpero valor.


Se as pessoas pensam que crio isto, se estivesse em diálogo com elas, veem com evidência, misturo alhos com bagulhados, ninguém sabe de que falo, como seria possível a vivência de mãos dadas com as pessoas, se não sei a etiqueta do bem pensar, ser etiquetado, não, de modo algum, embora isto neste instante seja verdadeiro, inda não me exaustei disto, está-me de bom tamanho, pude enlouquecer-me, converso com alguns rapazes num boteco, mas nem na minha cabeça passa tudo isto, vou-me pensando, vou conversando, seria que isto pudesse intitular de "etiqueta", não o sei, sei apenas que vou seguindo os passos neste mundo ininteligível, digo tudo isto a mim durante uma conversa com amigos, sinto efetivamente podem entender-me, compreender-me, sabem o que intenciono dizer e tenho tanta dificuldade de comunicação, uso o pensamento para pensar todas estas questões, por vezes chamo de picuinhas, por vezes sinto que me realizam, de há instantes que isto não me diz respeito, estou noutra circunstância, situação de mim e da vivência com outro, eis o que alfim sinto que me real-izo - a separação com hífen para indicar que torno real algo a partir de atitudes, ações, penso-as, elaboro-as, delineio-os, coloco-as em xeque, vivi isto, aquilo eu ouvira um indivíduo dizer num botequim a alguém de sua intimidade "Sou nada; portanto, existo", livre para construir, por que não posso sentir esta liberdade, inclusive de abrir as portas e janelas todas da psiqué, as que me são conscientes e as que não o são, então sou livre para viver isto de ser nada e existir por mim, mas isto tem um pormenor com que poucos, muito poucos concordam, disseram-me que trocam amenidades, mas no que concerne às minhas etiquetas, pensando e mantendo relações com algumas pessoas, felizmente que ninguém reza, muito menos reza na cartela do outro, de alguns, de todos, cada um reza na sua própria cartilha, cada um sabe de si e age conforme o que sabe, professa por vezes para não fugirem do habito, um pouco parecido com aquele adágio, há quem chame de ditado popular, outros de estilo de linguagem, isto quem inda nem imaginou outras cositas a serem acrescentadas nos manuais da Ùltima Flor do Lácio, mas isto não compete a mim, da famosíssima Lingua Portuguesa sei apenas para o gasto, está na etiqueta dos meus pensamentos, contribui muito o que sei dela, o que importa mesmo são os pensamentos pensando o que pensam, enquanto o indivíduo continua conversando com os amigos numa mesa de botequim, aquele torresmo bem delicioso, a cerveja, jogando palavras fora, e eu nisto de pensar o pensamentol. Creio que desse jeito, se de repente deixasse os demônios todos saírem o que não estaria dizendo...


Aliás, desde que me sentei aqui havia pensado, e isto no que houvesse de pensar, seria interessante os verbos no futuro do pretérito do subjetivo. Usei, mas sinto que está inda restando um toque de luva, mas como fazê-lo numa conversa com amigos, é sábado de inverno, o clima está uma delicia, mas deixemos de lado os pormenores, direto à questão, agora que tudo isto fora pensado, os pensamentos pensaram o que estavam pensando do que pensavam, se houver algum quiproquo com a dignissima língua, ela própria, não através dos dogmas das etiquetas gramaticais, o futuro do pretérito mostra e revela inúmeras dimensões, mas em haver, se houvesse pensado em pensar noutro tempo do subjuntivo de que me esquece o nome, usado "Seria que houvesse...", e neste momento haver realizado outra dimensão de meu pensamento . Jamais poderia deixar estes demônIos saírem numa conversa com amigos, deixo-lhes divertirem-se noutra ocasião, na minha residência. Se houvesse usado este tempo do verbo, diria que estava conforme a minha etiqueta, não haveria dito nada, houvesse me utilizado de "Seria que houvesse dito alguma coisa", não haveria conseguido visualizar uma outra etiqueta, não esta da linguagem, converso com a minha Língua, como poderia ser igual à do outro, jamais, per siempre aceitaria tal coisa, mesmo no quotidiano cometo o que chamo de gafe, não sabendo eles o valor que isto mostra e revela, mas de modo inteligível, sincero e verdadeiro... Este modo inteligível coloco efetivamente nas mãos da conversa com os amigos, o resto é no silêncio de minha residência...


#riodejane*, 22 de junho de 2019#

Comentários