AS PALAVRAS... SONS DO VAZIO!# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Epígrafe:


"As palavras delineiam as miríades dos sons..." (Graça Fontis)


En-clave o silêncio no som do vazio, idílios sonoros são promessas da dialéctica eivada de nada, as inspirações do sublime deslizam-se invisíveis nas dimensões recônditas do espírito, são sêmens de desejos entusiásticos auscultar e ouvir os sibilos do vento na passagem vazia das sendas do silêncio... Vazios do silêncio... Sons do vazio esplendem-se uni-versais nas partituras do tempo, o retrato emoldurado das contingências in-audíveis era superfície oblíqua...


En-clave a solidão no sol de pretéritos e entrelace-o ao dó das angústias e tristezas pretéritas do eterno, no vazio de silêncios o som altíssonante dos silvos humanos e silvestres, instante de plen-itude, às avessas dos silêncios o vazio de sons, ausculta-se as notas na partitura do efêmero, há vazios que nascem póstumos e há sons que fenecem contingentes, perdidos os elãs, plumas caem, nenhum fragor denuncia, o momento entre tudo e nada, o vazio do silêncio de Deus, indivinalíssimo!... Vazios seguem entrelaçados nos sons, vozes entoam cânticos, e onde um ouvido a ouvir o eco das notas perpassando as nuvens?, ouvir os curiós no sino da igreja?...


En-clave as náuseas no mi de regências verbais e entrelace-o ao si da ausência de alguém na rua, a cidade dormia as conclusões de todas as idéias e pensamentos, de todos os dramas e conflitos, o sono segue sereno e tranquilo, há mistérios melhor não sabê-los, há dores melhor não ser consciente delas, o sonho diverte-se disperso na neblina suave à beira de precipício, injusto padecer exílio, pequenos sobressaltos quotidianos, oferecer alta mercância estelar e sofrer irrisão... No caos, na peste, no espasmo...


Memórias, retratos, pinturas fluem nas notas #re#-splendescentes, vozes vibram no ar um momento, os sons não nascem comungados, koinonizados, as palavras não nascem amarradas, são puros, largos, fluem no vento entre lírios, no orvalho entre dedos, na grama efusões líricas ermas de melodia e conceito, refugia-se na noite, sons do vazio, que ritmo e acorde tristes, o ventinho gélido do inverno, ainda úmidas e impregnadas de sono, as palavras rolam e rolam e rolam nas ondas marítimas e se esparramam na areia, o tempo é ainda de alucinações e utopias, estou trabalhando num sonho, obscenos gestos avulsos, obtusas atitudes a atacado, sopro que cresta a face e dissipa na praia, as palavras, sons do vazio por trás da brisa do sul, grotesca língua torcida, aves anunciam a glória, dentro em mim, no fundo de mim, a ópera dos sons do vazio em instante culminante, entre vozes entrelaçadas, esplende em miríades de sol, ek-sistir escorre da boca, ser navega na língua, é noite na maresia do mar, é noite nas águas, é noite na pedra da montanha, uma voz, um eco, o mundo se re-compõe de cânticos #mi#, estesia, fugindo da verdade, a brisa na boca como poucos devaneios jamais lograram...


Raiz e mistério!...


(#RIO DE JANEIRO#, 08 DE JUNHO DE 2018)

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