#ESPECTROS SUBJETIVADOS NO VIVENCIÁRIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: PROSA



Re-acende-me a preguiça da estirpe, confortavelmente escrachado na poltrona do quarto, expelindo bolinhas de fumaça do cigarro, pensamentos e idéias flanando na mente, disperso, olhinhos de pulga amestrada, nas tintas para o aqui-e-agora, instante-já, sem nada a consubstanciar, corroborar, isto para refutar com veemência o que me surgiu de modo inesperado: o mal ser álibi, cúmplice, capacho dos gestos de bem a povoarem os labirintos da alma, codimento do tesão por edificar coisas perfeitas, as imperfeitas esvaíram-se, devido ao egrégio fato de significar despautério inconcebível, conversa para boi dormitar, a preguiça concede-me espécie de anestesia, analgésico, veneno para as estultices da mente, a mentira evangeliza a verdade dos dogmas e preceitos dos sonhos a visarem na tábua das ausências a inscrição dos mandamentos da esquerda gauche cristalizada de valores incólumes, e com isto outro conceito não me é dado estabelecer senão o despropósito de os contrários, adversos lado a lado são húmus para reflexões as mais abismáticas... ah, que preguiça indecente!...


Re-ascende-me as glórias e perjúrios das utopias imensuráveis do sujeito que, no ziguezague dos nonsenses da vaidade, no vai-e-vem das empáfias do poder, acalenta as euforias e sofreguidões que galgam verborréias anti-metafísicas dando gritos escalafobéticos de pânico e desespero, são-me testemunhos e representantes do enganoso chão das bem-aventuranças, e neste estado de luxúria e volúpia nada me resta senão medíocres infernos de volos e hora e vez de salpicar as vertigens obtusas de vazio à-toa de dúvidas e visões, contudo que gafe esta de re-ascender as glórias e perjúrios, com a preguiça na alma não me concedendo pensar poucochito seja, dei-me ao luxo da mente vazia, saciada de serpentes cócitas das perdidas ilusões, correm-me nas veias as etiquetas inesquecíveis, em verdade macunaímas do incognoscível, inaudível das ações e atitudes.


Há tempo o que vi em forma de algo obtuso e irrelevante ao passar pela restinga inóspita abandonada pelos viventes ansiosos, eufóricos às novas contemporâneas, rumo ao indestinado, ladeira a-cima e ladeira a-baixo, e a visão da alma entorpecida pelos enigmáticos fantasmas, categóricos e líberos na apresentação de mudos gestos e palavras, todavia, cônscios do ali estar e do assombro ao outro causar no já limiar do desfiladeiro onde tudo vacila na profundidade dormitante da imortalidade, alertos e em riste as querenças materializadas na maneira de cada um, no contingencial de rogos e desejos tantos de lá como de cá, além fronteiras interditas ou ininteligíveis do inconsciente rebelde e pasmado que reluta/refuta a liberalidade dos sinais audíveis ao coração ardente e solícito às edificações reluzentes de outras emoções, idéias e outros caminhos a serem trilhados com o ardor que as veias concebem aos bem-aventurados e obstinados às perceptibilidades aos espectros circunvolutivos e subjetivados às néscias inteligências, mas que para alguns na plangência do olhar cordado é dado às vislumbrações dos incógnitos símbolos entre as vivenciais.


Re-acende-me a esperança de sair de minha própria solidão e da minha própria falta e de instituir uma relação finalmente positiva e “completante” com o ser. Protagonistas de uma série de “relações dialéticas”, o Eu e o Outro relacionam-se, de fato, num tempo e num espaço absolutos que se subtraem a qualquer fixação ou a qualquer condicionamento de natureza histórico-social e material.


Re-ascendem as quiméricas utopias para me lembrarem daquela metafísica do chocolate, come chocolate, olha que não há mais metafísica no mundo senão comer chocolate, eis o santíssimo zero à esquerda que represento neste picadeiro de mentiras e in-verdades da esperança, dos sonhos, das utopias, devo instituir uma trafulha com os meus oponentes sobre o digníssimo assunto do que é isto de levar as coisas na flauta, re-ensino-lhes a metafísica de ponta-cabeça, estarão livres e isentos de quaisquer sintomas da perfeição, e rirão a bandeiras hasteadas por todos os tempos...


É bem verdade que eu diga neste espaço: desde que com-preendi a mim mesmo, passei a compreender também a vida tal qual ela é. Quero reparar sempre tudo, e nada me é indiferente. O mais singular é que sei, agora, dar valor às pessoas e às coisas, pois somente com o amor podemos alcançar e compreender o sentido do próprio Amor, do AMOR-EM-SI-MESMO.


A noite não proíbe de nossos olhos enxergarem o mundo enlutado pela escuridão, de vermos a lua e as estrelas no céu, seja de qualquer lugar onde nos encontramos. Certamente, isso nos acontece quando, precavidos, verificamos que a lua crescente, noite após noite, vai se tornando cheia; é exatamente a fase em que a terra se acha entre o sol e a lua.


Quando totalmente cheia no firmamento, ela se torna excessivamente maravilhosa diante de nossos olhos. Lá também, no mesmo firmamento, encontram-se as estrelas circundando a lua, e, defronte a esse cenário, podemos estabelecer, na realidade, um visual surpreendente, justamente hoje, quando, apesar de já ser noite, o céu está com uma tonalidade de um azul celeste, sobrenatural, possibilitando destacá-la com o belo satélite natural da terra.


No silêncio da noite em que me encontro, com a beleza do céu enluarado, aguçando os sentimentos, constato com admiração o quanto é bom viver preguiçosamente para que possa tirar proveito da beleza de uma noite de lua cheia, lá onde as montanhas emergem das águas e o céu afaga o mar, você não viu?


#riodejaneiro#, 28 de junho de 2019#

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