#DE RESSACAS E PARADOXOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA




Luz, sentido e palavras...
Viver febril. Pensar inaugura tormentos. Desespero, volúpia, medo, ansiedade. O coração bate forte, descompassado. Taquicardia? Pensamentos rolam aos borbotões na mente? Sentimentos à revelia. Tudo, nada. Vazio, caos, abismo. Luz, sentido e palavra. Sons, inter-dictos e letras. Silêncio, desejos e utopias. Nada, liberdade e projetos.


"Acabemos com isto e
Tudo mais,
Ah, que ânsia de ser rio
Ou cais..."


In-ventemos com isto o que mais for, sabor da água salgada, sensações distantes do longínquo, além mar, sintamos o esplendor das ondas marítimas e as corcovas da montanha ao longe; apenas olhemos as coisas do mundo, fiquemos aqui dispersos... o que mais? Re-colher as velas seria o mais aconselhável? Ah, que fissura de ser fonte ou genesis...


Palavra, sentido e luz. Nada, vazio. Espreguiçam-se em ressacas. Vácuo. Subterrâneo frouxo. Eternidade. Fosso chilro.


"Quem é sensível sabe,
Ou ao menos já soube,
Onde coube o paradoxo".
Paradoxo dos sonhos. Paradoxo dos ideais. Paradoxo dos desejos. Paradoxo e as coisas efêmeras. O paradoxo pode ser fuga do efêmero. Roda-viva.
Pequeno passageiro que fala, gesticula, monologa, goza. Forças para amar. Além do medo. Disposição para ouvir. Liberdade para olhar o bosque e a natureza. Além das resistências, dúvidas. Sensação de sonho. Natureza diferente. Cor-agem para viver. Além das inseguranças, carências. Êxtase. Razão e raciocínio.


Segurança para pensar. Além de pensamentos e idéias. O campus cria segunda realidade para habitar. Olhar desviado. Faço de tudo para estimular a antecipação de um problema e um dom para este instante, capturar em pleno voo... A luz rodopia sobre a cabeça. Tudo suspenso. Loucura e insanidade. Sangue no corpo, da cabeça aos pés sempre correndo nas veias. Conheço o som de esquife, oco. Morte... Morte... E tudo termina em morte... Estou inda a pensar o que poderá substituí-la. Quem criar o substituto da morte, hein, o que será dele, mito, deus? Preciso apenas entregar-me à visão de uma angústia real, de uma náusea real, para também estar perdido.


Sentido e palavra, luz.
Palavra aqui, outra ali. Para que me serve? Para nada. O livro de um erudito reflete sempre uma alma torta, todo ofício deixa torto; sendo ofício, e não vaidade da raça. Reflexos. Contingência. Especulo, medito e reflito.


#riodejaneiro#, 25 de junho de 2019#

Comentários