#INDA QUE...# GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: DESENHO Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: PROSA POÉTICA
Inda que as
palavras não alcancem as verdades
Inda que as
verdades são instantâneas, efêmeras,
Servem por
átimos de segundos, resta o vazio
Inda que o
vazio seja apenas dimensão da metafísica
Onde ando no
tempo que passa sem pressa
Construo meu
próprio cânone, autodefesa
Às ameaças
imaginárias a brotarem da paixão pelo
Domínio do
que foge às percepções,
Assim
alavanco garras de aves sedentas, famintas
A deglutirem
odores marítimos, cores da vida
A saciarem
no impacto de grandes investigações,
Conceituando
andanças, danças que a existência
Propõe na
visibilidade dos arranhões predecessores
A
fundamentarem sentidos vazios da completude da solidão,
Mas a
facultarem-me inventividade, criatividade
E
flexibilidade no mundo que gira como roda
Na rota de
colisão,
Inda que as
grandes verdades também giram
Ricas e
complexas, instaladas no complexo de meu tempo
Mesmo assim
desaguarei todos os orgasmos aquáticos,
Percucionando
as amplas vias deste destino
De muitas
manhãs
Despetalando
o futuro,
Invadindo
minhas mais secretas vontades...
Multiplicam-se
sonhos, utopias de sentir os ideais,
Elencam-se
ideias dos sentimentos que perpassam
O íntimo com
pujança, renascendo as carências, ausências
Do há-de
ser...
Inda que as
luzes esplandeçam,
Anunciando
novo tempo, outras sabedorias da existência,
Outros
conhecimentos do nada e do ser,
Inda que o
alvorecer revele as expectativas do sublime,
A travessia
ao crepúsculo há-de ser instituída,
Artificiada
por intermédio do nada de ontem,
Do vazio do
instante, nada em que se apoiar
Inda que
tais palavras arranhem o som dos desejos
Nasçam e
esplendam livres, que sentido fundam,
Que
conhecimento trazem para a continuidade de existir?
Nada seria,
nada saberia do não-ser às nonadas
Porque o
olhar vagaria perdido pela imensidão
Nada
arquitetaria do eterno, as frases se patenteariam
Superficiais,
puros nonsenses que valem
Apenas como
fugas e irresponsabilidades...
Nada
silenciaria da rua que me conduz
Que me leva
circunspecto ao rio que a vida passa
Outro tempo
começou para mim agora...
Nada
compreenderia do vento que sopra nas colinas
As águas que
querem me levar tão longe,
Tão longe
que me façam esquecer das estesias do sublime
Que,
efetivamente, são sêmens do que há-de perpetuar
A canção da
liberdade e da consciência,
Não venho
aqui para explicar as incongruências
Só quero
saber que avenida vou andar as coisas.
#RIODEJANEIRO#,
31 DE DEZEMBRO DE 2018#
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