GANACHE DE ARREBIQUES MITOLÓGICOS* GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA $$$



Post-Scriptum:


Sonhei esta noite que estava chegando a uma fazenda e numa Tabuleta de Madeira, no alto da Porteira, estava escrito
FAZENDA DOS ARREBIQUES 64. Estava acontecendo um Grande Banquete, Baladas e Dançarinos. Chegava eu de Charrete conduzida por quatro cavalos de manchas brancas num corpo negro. Fui recebido pelos proporcionadores da Festança com uma dança em que tudo acontecia ao contrário, representação precedia cenário e cena.Então, criei este poema.
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Forclusions uni-versais
Horizontes de pontes suspensas,
Dividindo de antemãos as contramãos,
A mitologia pagã antiga criou e concebeu
Numa fantasia dos deuses,
Na união do mistério profundo com a natureza
Que deu a luz aos milagres da fé,
Sem mito, sem fantasia,
Sem lendas, sem quimeras.
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Perdidas ilusões mergulham em nonadas de veredas
Espalhadas ao longo do in-finito,
Cintilância das estrelas incidindo,
Brilhos da lua re-fletindo no etéreo as imagens Ensimesmadas de não-ser,
Ofuscados sonhos perenizando perspectivas de travessias,
Efemerizando as sombras por onde Isis vagueia na tarde,
Cantando as suas baladas de sarcasmo e ironia,
Pensando em diamantes e no maior colar do mundo,
Pulseira mais cristalina de brilho,
Ao estilo do Senhorzinho Malta, balançando-a no pulso,
"Estou certo ou estou errado?",
Conforme andava nos desfiladeiros, pelo frio diabólico,
Contra o sol que ilumina a entrada de grutas e cavernas,
A leste da Serra dos Inssurrectos, de costa para
O mar de Inês de Castro,
Às sendas do universo perpassado,
Em seus ilimites efêmeros,
De cúpulas do sempiterno olvidamento
De primevas luzes fosforescentes
Que iluminavam os arrebiques de cafuas
Com os raios de arribas,
De domos, en-velando os vazios crepusculares,
Os nadas de zagaias orlas marítimas
Libidinando os sentimentos de entre quatro paredes
Tudo é permitido, segredo de quem nele experimenta
Todas as melhores sensações,
Tão queridas ao Espírito do Sabor da Carne,
Indizível mistério num estranho Himeneu com a Natureza
Que desafia a inteligência humana,
Seduz, bolina, canta a libido,
Convidando-lhe para uma Oração de Gozo
Que umedece a carne, o sangue corre rápido nas veias,
O coração simplesmente simplesmente pulsa radiante,
O vento uivando, a neve sendo ultrajante,
Atravessando a noite e atravessando a madrugada,
Aclives e declives cheios de seres rastejantes,
Como um corpo de serpente
Que caminha e coleia
Abaixa-se e se alteia na extensão do tempo...
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Ornamento da natureza
Razão de ser da razão,
Razão inversa de ser razão,
Estrela que ilumina a noite, noite de primevas trevas,
Cuja magia encanta o salto além da linha imaginária
Que o homem pode perscrutar iluminar a verdade ,
Crer num infinito multicor
Enamorar-se na emoção ardente
Feita para grandes travessias...
Para coragem e insolência de banhar-se no Templo de Isis,
Tomando uma Aguardente conservada por tempos no barril,
Em taças de fino cristal,
Ninfas divertindo-se no banquete de prazeres pagãos,
Musas no arrasta-pés da Balada 64 em Sol Maior,
E na vigília do sonho, aqueles que o assistiam,
Aquela ansiedade de que uma "suruba" sáfica aconteceria,
Cujo tema e temática são a perquirição
De por que o homem arrasta-se nos Palácios de Gold Stuff
Para no anoitecer da vida caminhar erecto nas Rodovias
Da Consciência e do Saber
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A alma tem a força da semente
Que rompe a terra e surge vigorosa,
Lançando ao céu seu interstício resistente
Num excelso sussurro em voz silenciosa,
Cerne da ec-sistência
É poente de luz solar muito mais luminoso,
Re-velando de sonhos vividos ou semi-esquecidos
O sabor curtido da essência delirante e caprichosa...
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Irrompendo, no horizonte, a fraca luz da aurora,
O sol volta a brilhar,
Surge um novo dia!
Rompe a luz o denso véu da noite:
A treva se desfaz,
A vida se agita...
A terra, em torno do sol, se movimenta,
sem parar,
Em rotação,
Em translação!
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Pensar o impensável
Inda permitir à fala
Dizê-lo.
Sentir o ininteligível
Inda permitir à alma
Senti-lo.


#RIO DE JANEIRO(RJ), 15 DE JULHO DE 2020, 13:24 P.m.

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