ALÉM-MUNDO DO TEMPO ULTRA CASUALIDADES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Fria é a
lua, o vento silencia. Ardente é o sol. Profundo é o mundo, mais profundo do
que pensa o alvorecer. Alvorecer de panoramas, paisagens outras pós chuvinha na
madrugada. Alvorecer de visões introspectivas da alma. Abissal é a terra, mais
abissal do que pensa o crepúsculo. Incognoscível é o bosque, mais incognoscível
do que a colina banhada de raios cintilantes das estrelas.
Equívocos
pintando em filamentos de trama no reflexo de ocos e insignificâncias do tempo,
na imago adornada detrás dos horizontes, de por trás das constelações, delírios
de Capitólio. Sensibilidades que expiram o genesis do espírito, apocalipse da
alma, confiança e quimera do ente, o constante da consciência afundar-se
penetrante no transacto de isolamentos, melancolias, saudades, nos pretéritos
de desolações, vazios, preâmbulos de fatuosidades. O imperecível de existência
encarcerada na autoridade leviana de veras, ufanal, re-nome de ninharia.
Capitólio in-verso na sinuada quina rude, genuíno pressentimento de solimão da
ofídia, re-presentando o fenecimento absoluto, a morte divina.
Fantasmas do
rigor, intelecção, conspecção, abismos, aterradores da in-existência de
afectividade que declara o acontecer, re-folhamentos, entremezes, arremedos,
logros, admirares videntes de altivezes, argúcias, manhas, subterfúgios,
trambiques, tramóias, quimeras e inquirições, enodoando alentas e crença.
Ninharia
estúpida, futilidade ridícula, terriço do óbito total, adulterando o primórdio,
primevo, prólogo, cata do entendimento, afeição do espírito, ânsia do ser, a
perpetuidade, além-mundo do tempo ultra casualidades.
Devoro a
transparência. Cega carnação de corrente inércia. Repuxa-me a intensa rapidez
do miserável destino, paupérrima saga. A perna surda beira os limites do
mistério. Deserto assaz exaltado. A vontade des-locada. A admiração recomeça
rios abandonados.
Aléias do
peito interrompem cordas encarceradas. Concordâncias de sentidos. Regências de
significados, significantes. Ouvidos perpassam sombras. Assombros engendram
ecos. Deuses indignados percorrem aparências. Abandonado ao repouso da foice,
adormeço serpentes, durmo sacis-pererês. Trago do abismo correntes atulhadas de
mortos.
Carme de
delírios, poesia de voltar a dimensionar, arte de retornar a re-dimensionar as
aspirações do ser, a casualidade nas estâncias evidentes de habitar o
imperecível registado nas cruzadas do ser à alma da consciência de adorar o
sublime, venerar a pureza, reverenciar o belo, criar a felicidade com medo e
náuseas.
#RIODEJANEIRO#,
13 DE MAIO DE 2019#🐍
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