**HOSPÍCIO ESQUISITO** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
A noite,
inércia ruidosa, cerra as pálpebras com um olhar morto. A interminável
madrugada instaura-se - reconheço a sedução do pecado. Por dentro, o cancro da
indiferença a comer-me. Sentar-me à beira da vida é o suicídio mais covarde por
manter a aparência de desejar existir, ser sensível.
Vírgulas
esfacelam anéis entre o vento pulando cavalos e o hospício esquisito. Flanco do
cinismo. Declarado elmo. Cornos arrastam ligeiras pratas embutidas. Unicórnios
pastam juntos às ovelhas mansas. Batem loucos os medos mortais ao sido. O
relógio, extirpado de soerguer vertigens, cerra murmúrios, encerra silêncios.
Agulhas rodopiam escárnios de repulsa. Furtiva lisura do impulso. Fareja o voo
nos quatro cantos da loucura... nos recônditos da inconsciência trespassada de
sinas e sagas.
Devoro a
transparência. Cega carnação de corrente inércia. Repuxa-me a intensa rapidez
do miserável destino. A perna surda beira os limites do mistério. Braços
inertes cruzam no peito inépcias. Deserto assaz exaltado. A vontade des-locada.
A admiração recomeça rios abandonados.
Aléias do
peito interrompem cordas encarceradas. Concordâncias de sentidos. Ouvidos
perpassam sombras. Assombros engendram ecos. Deuses indignados percorrem
aparências. Abandonado ao repouso da foice, adormeço serpentes. Trago do abismo
correntes atulhadas de mortos.
#RIODEJANEIRO#,
17 DE MAIO DE 2019#
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