#OLMOS QUE O DESESPERO PÁLIDO DEVORA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
De ermos
longínquos re-tornam esperanças (de querências múltiplas, de desejâncias
inúmeras), de versos e estrofes cujos raios de sabedorias, brilhos de
conhecimentos incidem nos gestos de composição dos caracteres; perdizes
deambulando pelos campos, ovelhas descansam à sombra de árvores distantes, na
serenidade à beira dos córregos de águas sujas, profundidade trans-parente,
carneirinhos pastam no campo sob as derradeiras luzes do crepúsculo.
De
longínquos campos as frangas se nutrem de alimento no que lhes é dado fazer,
ciscar no chão, que lhes fortalece o corpo, que lhes adornam as penas, que lhes
purificam as gemas e claras de ovos que ad-virão frescos e puros.
Vou
ascendendo, as sêmitas contundindo, vou içando suso no cerúleo do firmamento,
no ocaso da tarde que cessa, as diocesanas apascentam e descaiam, a mirar se
acho melodiosas, acervo entre agarrar perda na rua Machado de Assis e as
tristezas de fedelhas que cuidam às manias transcendentes do contacto simples e
carinhoso a afoitar as aurículas a oscilarem os devaneios e sonidos de
metrificação, cadência, qualidade musical nas movimentações incessantes.
Rima de
Amor, ou rima de ventura, rima de verbos ou rima de quimeras. Perdiz que rima
Assis. Penas que rimam as odes de Atenas, as fortunas gregas. É mais nobre o sono
apenas da labuta constante. É mais cerviz curvar aos golpes da ultrajosa
fortuna, que a perdiz conceder a entrega com as carícias plenas da mão. Sono
apenas. Morrer, dormir? Dormir? Sonhar, quem sabe o desejo de rimar perdiz com
as penas do ócio no coçar de orelhas, buscando-lhes movimentos métricos e
rítmicos em que porei termo as longas penas, as orelhas pequenas, olhos acesos
levantam ao alto, rogam estrofes e versos.
Os lábios
meus tocam a carne fresca da perdiz na tenra idade. Hei visto de minha pena
apenas o desejo desusado, travo de desgosto. Que mel não deixa um travo de
desesperança? Que fel não deixa um a-núncio de fé?
Morte, vós
podeis esperar. Afastai-vos de mim, distanciai de mim ou fazei-me olvidar os
primeiros
olmos
que
o
desespero
pálido
devora,
sem que
estejam num beco sem saída, apenas perderam as folhas no inverno dos dons da
paixão. Pales inda me guarda um verde abrigo, sinto que habita minh´alma um
vácuo, imenso e fundo. Me não lega o casto, o brando, o delicado andar nas asas
da brisa, o findar o crepúsculo a iniciar a noite nua e crua de “quimeras” e
“fantasias”, a ornamentarem os arrebiques e molduras sobre o gracioso colo dos
idílios vãos.
Da mocidade
experienciada nas vivenciárias delícias do Sonho e do Verbo imortais e eternos.
Ao vendaval, rompe a luz do silêncio, rompem as vozes, a prece profunda que é
meditação sobre o nada. Começam as líricas de infortúnio e tédio. Revelam a
composição de versos e universos. O engenho portentoso sabe iludir as penas que
despertam movimentos, utensílios de que os homens de letras se servem para
registrar nas páginas brancas as verborréias metafóricas, as perdizes que
acordam os versos verdadeiros das re-versas ilusões, in-versas querências,
ad-versos sonhos de verbos eternos e imortais. Silabas de doce mistério. Chaves
conciliadas às emoções.
À soleira de
ventos e silêncios, ermas planícies de esperanças. Vozes e filosofias da
con-tingência serem linguagem e estilo do verbo in-completo.
#RIODEJANEIRO#,
17 DE MAIO DE 2019#
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