ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA A PROSA TEOLÓGICA #DUPLA CONGRUÊNCIA DO ESPARSO#
Não sei
conseguirei analisar este texto do escritor Manoel Ferreira Neto- DUPLA
CONGRUÊNCIA DO ESPARSO…um texto extenso e de difícil compreensão, visto que nos
pode levar por vários caminhos…como o próprio título refere há coerências do
disperso…sofrimento pelo desejo de querer… deseja em grau da hipocrisia
carne/desejo, da obscuridade corpo/vontade, e ninharia mais obstaculizando os
impulsos de um auge imortal e breve.
Mas quiçá
isto leve ao pensamento do proibido pelas crendices que nos incutiram e sendo
motivo de sofrimento…
Poderemos
falar na justificação da asserção do Divo unionista, onipotente e íntegro autor
do universo, razão da verdade e donatário do sentido da história do humano,
desde a sua invenção à reverência nauseabunda da sua meta, o erro foi sendo
artificialmente introduzido à energia da justiça de deus. A reflexão aduladora,
que facultava inestimável pacificação da constrição em face do paradoxal, não
poderia vivificar imaculado: o padecimento logo se representou o seu obstáculo
elementar. A teoria da recompensa pareceu um desenlace patente, porquanto
aliava o padecimento à punição, resguardando assim a equidade suprema de
Divindade e o entendimento da geração, por cuja seriação os prevaricadores são
castigados e os íntegros compensados. Entretanto, desde cedo, a ideia de
equidade equitativa originou o conhecimento de que deveria ser estimulada por
uma independente diligência do desejo. Se as adversidades não fossem originadas
pelos piáculos espontaneamente executados pelo indivíduo, seria imprescindível
endereçar ao todo-o-poderoso, desejo espontâneo e nascimento ecuménico, tanto a
proveniência do delito quanto das calamidades deles descendentes. A exclusiva
resolução descoberta para uma enrascada tão profunda foi inserir, entre o Autor
e o mundo, o exclusivo subterfúgio apto de evitar que a origem do erro
carecesse ser frontalmente imputada a Ele: – um vivente que lhe fosse parecido,
alguém abarrotado de uma querença absolutamente independente, e que, assim,
limitasse a imputação divinal ao que não encontrasse-se sob a imputação do
homem, isto é, ao que não sucedesse da liberdade da intenção humana, óbice a
qual Deus mesmo se converteu incapaz. O homem é, pois, enaltecido a uma
decência sensivelmente divinal, graças à qual se converte apto de ajuizar a sua
intenção, para o benefício ou para o erro, ou melhor, de concordância ou em
desarmonia com a dádiva da Lei que o Autor lhe consentiu. E assim se enceta a
história ocidental do dever, da falsidade e do delito. Divo, entretanto,
desperdiça o domínio de instigar a privacidade dos humanos, sendo desacreditado
ao papel de somente condenar-lhes galardões e punições, depois sentenciá-los
conforme a sua regra. – Ainda indaga-lhes os espíritos, mas já não é competente
de tateá-los. Conforme se deduz de todo o visível, a ideia de Divo íntegro é
restringida da ideia de Deus todo-poderoso. Equidade e todo-poderoso são
claramente inconciliáveis: o todo-poderoso subentende a independência íntegra
do desejo, enquanto a equidade inclui a área da mesma deliberação aos rigorosos
términos da Lei. – Não se pode ambicionar que um Divo todo-poderoso seja
obrigatoriamente reto, quanto menos o inverso. Porém, ao longo da história das
teodiceias (ou seja, Doutrina, tratado sobre a justiça de Deus: teodicéia de Leibniz).
Esse facto não alvitrou axiomático aos tutores da ideia paradoxal de Divo
segundo a erudição rigorosa do monoteísmo. Em benefício do sentido de vivido, o
idealismo monoteísta subsistiu, e as teodiceias se ampliaram, ligadas aos
juízos de evolução e de livre-arbítrio da intenção. Considera enfatizar que o
gravíssimo enigma filosófico da independência humana encontra-se intimamente
enraizado ao enigma da imperfeição, pois, se a maleficência for um desígnio, o
homem não pode ser independente. Por conseguinte, sendo Divo a fonte e o termo
do universo, todos os erros, mesmo os originários do desejo humano, lhe
incumbirão ser endereçados.
Eis o
fundamento manifesto pelo qual, se os criadores de teodiceias não conquistassem
comprovar a liberdade humana, seriam obrigados a aprovar, a exemplo de tantos
mitismos heréticos, a fatalidade de uma presença radicalmente avassalada ao
juízo do desejo de um Divo todo-poderoso, contudo imerecido. Mas, é justamente
essa a extensão funesta que o monoteísmo contrapõe. Se as execuções do
Fecundante forem paradoxais, a existência desperdiça o sentido. Tão-pouco podem
ser alheios à dita dos homens, ou isentar arbitrariamente uns em prejuízo de
outros, segundo os tenebrosos preceitos dos seus encarniçamentos: – Deus deve
ser tão isento quanto o pai que os homens desejam que ele seja! O laço das
teodiceias do livre-arbítrio e da gratificação, logo, nada possui de
intricados: se lhe carecesse independência, o homem seria inconsciente, tão
claro assim. Eis a provável causa pela qual as primitivas teodicéias já
aprontavam nitidamente que o homem fora criado à afiguração e analogia do
Criador, e, portanto, provido de predicados afins aos seus: de intelecto para
diferençar o benefício da imperfeição, e de desejo livre, competente de escolher
pelo execução ou pela inadimplência da equidade. Entretanto, um método
alegadamente filosófico, com o propósito expresso de cimentar a reflexão de
liberdade humana, e, assim, isentar Divindade da transgressão pela proveniência
do erro, só veio à luz com o aparecimento da cristandade. Missão tamanha, e de
prematuramente destinada ao insucesso, foram iniciadas por Agostinho, o
insistente autor do primeiro processo filosófico em teodiceia, que, vãmente
intentou conceder algum sentido às incoerências da doutrina paulina que o
insinuou. O bispo de Hipona na sua árdua investigação de uma resolução para o
enigma da imperfeição, examinando sem pressa a sua plausivelmente débil (aos
nossos olhos pós-modernos), mas ideologicamente potente erudição sobre o livre-arbítrio,
mediante a qual aspirou solucioná-lo.
Agostinho
exclui novamente o foco do enigma da proveniência do infortúnio no mundo, que
já fora, no semitismo, afastado de Divo para o homem, para o benefício mais
intrincado da proveniência da imperfeição no homem. Futuramente o mal amargado
anui espaço ao mal praticado, o revés à crueldade, como o cerne do tema.
Imputar ao homem o motivo de todos os danos, como os judeus o fizeram, não
resolveu a dificuldade, pois que a pergunta persistiu: “e o mal do homem, como
não o assacar ao benigno Deus que o concebeu?”. Eis a principal fonte de
padecimento de Agostinho, cuja alma, pertinaz em aceitar a faculdade de Deus
ser a proveniência do erro, desejava descobrir algum sentido no mundo. Com
efeito, após sustentar passionalmente a tese segundo a qual o homem tem
livre-arbítrio, Agostinho foi forçado a aceitar (face aos inabaláveis fatos da
espécie humana tal como então se lhe ostentava), que aquela tão excelsa dádiva
fora adulterada pelo feroz uso que dele causaram os primeiros homens, de modo
que a essência humana, desde então, está conspurcada por um “piáculo inédito,
por cujas deduções, difundidas geneticamente, todos somos, paradoxalmente, ao
mesmo tempo, padecentes e transgressores, inabilitados como nos convertemos de
alvitrar o nosso desejo segundo a vontade de Deus. A humanidade, portanto, sem
o auxílio da graça divina, já não pode realizar o propósito a que foi
destinada, qual seja o de oferecer ao Criador, pela prática da justiça, o
louvor que lhe é devido. Os homens vêm ao mundo condenados a uma desventura
merecida: os sofrimentos a que estão passíveis não são injustos, mas indícios
da harmonia da criação de Deus, que não pode deixar impunes os seus pecados.
Desde que Agostinho enfatizou a íntima relação entre os problemas do mal e da
liberdade, quem se tenha ocupado filosoficamente do tema da responsabilidade,
se não for ingênuo, já não aborda problemas morais sem também considerar
seriamente a efetividade da autonomia humana. Entretanto, não obstante o brilhantismo
das questões que suscitara, o próprio Agostinho as encobriu com uma profusão de
respostas dogmáticas, que perduraram quase incólumes durante o período
medieval, e marcaram o pensamento do Ocidente até a Modernidade, quando outro
gênio filosófico, impelido pelo mesmo espírito que movera Agostinho a buscar
sentido no mundo (malgrado as objeções das evidências), e a defender a
existência de um fundamento metafísico racional, uma ordem absoluta (em relação
à qual toda desordem seria relativa), retoma as perguntas de Agostinho, e tenta
formular novas respostas, a partir de uma postura pretensamente crítica, porém
motivada pela mesma indigência de contestar a desordem, a descrença e o
fatalismo, e, especialmente, de determinar a ética em uma base resistente.
Conforme a declaração kantiana da doutrina do livre-arbítrio demandar
afastar-se da anomalia incluída na sujeição a uma lei concedida aos homens
desde fora, para alicerçar a independência em uma presumível Auto legislação da
razão, e assim eliminar a indispensabilidade de um domínio metafísico,
inacessível para Kant, como alicerce da moral. Contudo, certificando a inépcia
da nossa humanidade balizada em aprazer totalmente a equidade, que envolveria
na exemplar prática da faculdade, e, por consequente, na justa retribuição da
dita, Kant se antevê forçado a requerer a perenidade da alma e a presença de
Deus para arriscar acautelar o esbarrondamento da moral, que se exibira
sustentado sobre – nada. Foi assim que, não obstante a sua censura arrojada da
teologia racional, Kant acaba por engendrar a sua própria teodiceia. Os
vestígios da teodiceia na mente destes autores que, sem dúvida, simbolizam
entre os mais prestigiosos filósofos do Ocidente.
Seja como
for, os cristãos são intitulados a acatar, ainda que sob o ônus do sacrifício.
Enquanto habitámos na “cidade dos homens”, atendamos àqueles que Divindade
investiu de poder. Quando acercarmos à “cidade de Deus”, atenderemos então ao
inerente Senhor, sem mediadores, sobeja somente finalizar que ceder aos carrascos
não é razoável, é preciso ainda amá-los.
Esta a
represália cristã. – Não façais justiça por vossa conta, caríssimos, mas
facultai lugar à cólera, pois encontra-se escrito: A mim pertence a represália,
eu é que indemnizarei, diz o Senhor. Antes, se o teu hostil possuir míngua,
dá-lhe de manjar, se tiver secura, dá-lhe de ingerir. Agindo desta forma
residirás armazenando ardências sobre a cabeça dele. Não te licencies avassalar
pela imperfeição, mas avassala o mal com o benefício. O que fizeram os cristãos
do monoteísmo?! É visível que o bem-querer aos hostis não avassala a contenda
contra o mal! O amor aos hostis, decididamente, não é legítimo, mas o apogeu da
aprovação à iniquidade. O amor aos hostis não é benéfico, tão-pouco é humano.
Só pode, portanto, ser imperfeição, e, logo, divino, o bem-querer aos hostis.
Mas provavelmente seja apenas doentio, como se pode irrefletidamente apurar dos
estudos acerca de síndromes como a de Estocolmo, quando as vítimas desenvolvem
com seus carrascos uma relação contraditória, convertendo-os por seus
bem-fazentes. – Quiçá seja a cristandade nada para lá de uma modalidade grupal
de algum similar desarranjo. Talvez, no entanto, seja uma doutrina tão excelsa,
e uma precisão tão distinta, que o entendimento circunscrito seja, meramente,
inapto de alcançá-lo. Mas, como o sabermos…
Mas como diz
o escritor Manoel Ferreira Neto… Alienações ociosas encobrem as lágrimas
cristalinas, os sorrisos inócuos, e edificam a sisudez no semblante do tempo
inocente e injusto.
Uma análise
em teorias de alguns autores acerca de teorias Cristãs ou não..penso que seja o
porquê do texto do escritor…ou não..talvez não seja a melhor altura minha para
tal análise de um texto bastante complexo…
Ana Júlia
Machado
Me não
lembra bem a história deste texto escrito em 1988. Acredito tenha sido
inspirado numa conversa tida com o meu professor de Teoria da Literatura II,
Jaime França, num botequim no Bairro Savassi, Belo Horizonte. Jaime e eu
estávamos sempre envolvidos em diálogos sobre Religião, Fé. As bases de Jaime
França em termos de Teologia eram Santo Agostinho e Kant. Neste encontro nosso,
a conversa delongou-se até de madrugada. Disse-lhe, quando nos despedimos à
porta da República de Estudantes onde eu morava "Jaime, vou viajar a Curvelo,
mas quando retornar a Belo Horizonte, terei um texto literário sobre nossa
conversa." Realmente aconteceu, escrevi o texto em dois dias. Jaime
aplaudiu a obra: "Seus conhecimentos de Kant estão em fase de
amadurecimento. Está de parabéns. Quero uma cópia dele para mim." Foi o
único comentário dele. Nesta época, solidificava-se o meu ateísmo. E escrevi
imbuído dos conhecimentos teológicos que já possuía através da Filosofia, havia
terminado o mestrado em Sartre. Houve um outro motivo para a escrita desta
obra, mas me não lembra. Sei que andava muitíssimo angustiado, e procurei
revelar isto no texto, a angústia e os questionamentos da Religião, o ateísmo.
A sua
análise e interpretação, Aninha Júlia, focalizaram de excelência o eidos de meu
texto, o Ateísmo. Você realmente é expert na leitura de meu pensamento.
Compreende-lhe e entende-lhe profundamente. Meus parabéns e minha eterna
gratidão por sua entrega a desvelar a minha obra.
Beijos
nossos a você e à nossa netinha Aninha Ricardo.
Manoel
Ferreira Neto
DUPLA
CONGRUÊNCIA DO ESPARSO
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA
Encontro-me
a um passo de exceder os absurdos acumulados da carne, quiçá até dos ossos -
uma sensação mista de culpa e profusão - e nada é capaz de dominar os ímpetos
de entrega. Quero-me em nível da duplicidade carne/desejo, da ambigüidade
corpo/vontade, e nada mais obstacularizando os ímpetos de um clímax eterno e
efêmero.
Sensações
unívocas e equívocas de uma angústia, tomando as rédeas da claridade,
evidência, emergem lúcidas do fosso dos desejos constantes de prazer e astúcia.
Sou uma miríade de sentimentos a transbordar-me, exceder-me, ultrapassar-me, e
caminho consciente pelas veredas da vontade de interação. Devo crescer e
vicejar a partir de mim próprio, livre e sem medo, numa independência inocente.
Todo aquele que intenciona ser livre só deverá sê-lo por intermédio de si
mesmo, pois a liberdade não cai no colo de ninguém, como se fosse um presente
divino.
Desejo-me
cúmplice de uma consciência embasada nos desejos da carne - a razão cumpriu sua
elaboração na fantasia, o logos cumpriu sua organização na imaginação, o
intelecto cumpriu seus deveres na inspiração... O edifício imaginário reviu
suas bases, desmoronando desejos seculares de uma vida sem raízes. Qualquer
coisa distendeu-se nas sensações carnais, e agora sinto uma dispersão enorme de
sentimentos e emoções a tomarem-me por inteiro, e sou sentido em medos e
euforias, sou-me inspirado em devaneios e certezas.
Inclino-me
ao rés-do-chão, iniciando os passos por alamedas íngremes e viçosas das
percepções de um seio viril. Os pênis duplos do desejo e da razão, desfacelados
e insatisfeitos de realização, aglutinam-se e dispersam-se num diapasão
sensível, e o corpo afigurar-se a dissolver-se, deixando as sensações
abrirem-se. O erotismo próprio do que é vivo, do que vive, está espalhado na maresia
do mar, espalhado na veemência de minha voz.
Emoções
espelhadas numa congruência fácil e espontânea de carícias e ternuras
colocam-me livre e escravo de vontades nunca dantes nem mesmo imaginadas. O
medo excêntrico dos absurdos da carne, vividos na cabeça do tempo, faz
sobreviver um refúgio, faz viver uma fuga, e o homem mergulha na insatisfação.
Surgida da insaciabilidade, a impetuosidade de uma lembrança de sangue a jorrar
nas veias da razão, um confronto da esperança e a angústia do inominável.
Mergulho-me
fresco e volútil nas ondas do ímpeto de uma metamorfose viva, a engolfar-me,
retirando-me fundo das obscuridades dos sentimentos ambíguos. Sou impetuoso, de
modo a rasgar-me as vísceras dos sentimentos de ternura e carinho pelo viver o
mundo. Minha própria força liberta-me, libera-me, essa vida plena que se me
trans-borda.
Sou uma
dispersidade nos sentimentos de viver um ímpeto da carne e dos desejos, uma
univocidade nos interstícios dos sentimentos volúteis de uma vida de sangue
profusivo e disparatado da consciência. Até o instante presente, perambulando
pelas alamedas do sensível, buscando a elucidação e entendimento, estive a
envelar uma profusão enorme de tesão e desejo pelo clímax. Afigura-se-me este
sentimento, úmido em seu interior, suave em suas bordas, ser uma ambigüidade
amena e triste de um desejo não realizado e o viver girando assiduamente sem
qualquer ponto de segurança.
Se,
interiorizado e hermético nas associações à busca do entendimento dos enigmas
da carne, segredos do sangue, mistérios do corpo, sinto estar esgarçando e
ampliando as emoções, há um engano incorruptível e irreversível presente na
sombra de uma manifestação. Se, imerso em ondas de calor e volúpia, sou trazido
em nível deste desejo da carne e do corpo, as associações livres empreendem
sentimentos espontâneos e suaves.
Um vento
ameno e suave surge nas antípodas de minhalma, percorrendo os labirintos das
vísceras e veias. Se faz aparecer uma sensação de prazer e júbilo pelo
inusitado desejo?...
Se vivido de
modo lúcido na intimidade um amor dilacerante, logo sou envolvido por um êxtase
latente de dores e prazer, e sinto logo um amofinamento do corpo. Suave e
contínua é a linguagem desta alegria ora surgida nos interstícios de desejos
por desfrutar e estar desfrutando de mim. Há dúvidas de se me encontro em nível
de uma compreensão do minuto presente de sentimentos ou do entendimento carnal
de emoções. Não penso como os cristais não pensam. Tenho dois olhos que estão
abertos. Para o nada. Para o vazio. Para o nada vazio, para o vazio de nada.
Veredas
lúcidas de uma consciência a habitarem-me o íntimo - surjo-me à luz do sol e o
rosto inicia a ejacular um suor quente. A língua do tempo, a ofuscar-me a
visão, traz-me este obnubilamento dos desejos e sou inteiro recolhido no medo.
Tempestuosas carícias e ternuras vêm residir-me o peito em busca de encobrirem
uma angústia de entender o medo do amor, uma agonia de compreender a
resistência de amar.
A solidão
habita-me os recônditos do espírito e só encontro a sua superação no desejo de
liberdade de entregar-me inteiro. Fecho-me sensível às posturas da abstração de
ser indivíduo, conservando um profundo amor pela constituição das ternuras.
Abro-me consciente às colocações da contingência de ser sujeito/verbo, elaborando
os sentimentos ávidos de afetividade/carinho no seio de conteúdo humano.
Impetuosa
paixão pelo sentimento de viver os resultados contingentes do prazer vem
surgindo saltitante pelos interstícios de olhar, buscando as sensações alegres
do peito. Impulsivo amor pelas emoções de agir a alma feliz do desejo inicia-se
aproximando alegre nas veredas da consciência, procurando os desejos reais do
espírito. Profusivo carinho pelas ternuras de sentir o espírito alegre da árdua
tarefa de instituir os caminhos do amor e da liberdade começa aflorando-se
contente nos labirintos da capacidade, manifestando a calma real da linguagem.
Ávidas
carícias desta postura de ir pensando e organizando as ações em conformidade e
harmonia com a esperança. O corpo, ambíguo em suas sensações de desejo,
postula-me a percepção do olhar as situações antes da intuição de decidir as
ações. Tempestuosos sentimentos de doação dalma e intercâmbio de carícias
habitam-me fundo o seio, e sou quase uma alegria absoluta.
Invade-me
enorme volúpia e desejo de ir residir inocente e puro nas alamedas de um amor
efusivo e real. Surge-me angústia a perambular e deslizar no sangue vivo: serei
apto a realizar este amor? Quisera-me lúcido e louco a tergiversar pelos
labirintos nítidos e nulos de desejos. Sou felicidade translúcida a transbordar
a garganta da linguagem, Intencionando inda mais a completude do corpo e sentimentos.
Sou uma iminência de clímax no pênis real de prazeres, intencionando o gozo na
vagina de desejos evidentes. Sou um gozo no pênis simbólico da consciência,
reivindicando a formação do ser homem.
Quisera-me
uma alegria da linguagem de desejos, ejaculando a completude dos prazeres, e
tudo o que é elaborado são repetições de adjetivos e advérbios. Sinto a nitidez
de instituições, aspirando encontrar-me com a lucidez de viver. Pudera-me o
retorno lúcido às perdas, re-elaborando o sujeito, fazendo a completude clara
do verbo de viver a singularidade.
Efemeriza-se
a sombra tênue dos sentimentos efusivos da imensidão de viver, deixando-me
perplexo e contente com as forças resolutas da completude. Evola-se o
ensimesmamento frágil do sentimento de inferioridade frente às conquistas do
mundo, revelando-me um sujeito perspicaz e atento às intenções prioritárias.
Esvanece-se o clima denso de angústias instituídas no seio de um medo
contundente de a vida haver sido perdida nos instantes absolutos da ociosidade.
Esvaiu-se de
mim a similitude das formas de abstração, buscando o instante pleno do
espírito, o momento perene da alma. Habita-me a solidão implícita da esperança
de uma universal formação da consciência, tornando-me os caminhos um simples
modo de ir construindo os desejos de empreendimentos e lutas. A ternura
excêntrica de desejos sensíveis e frágeis reside-me o peito efusivo de uma
linguagem voltada para a realização de carências e a instituição da
intersubjetividade.
A meiguice
diferente de conteúdos inocentes e ingênuos da alegria de ser sujeito, estilos
simples e resistentes do contentamento de revelar o "sou" de mim, vem
morar no íntimo, indicando-me as veredas da forma de constituição de viver.
Institui-se o som nítido dos ventos suaves e frescos da felicidade de o homem
inscrever a si no epitáfio dos desejos realizados.
A frescura
da manhã solene de meu corpo tranquilo nas arestas de suas sensações de gozo,
mas uma inquietude solene no seio da carne. As ondas tênues de carinho e
solitude por todos os estilos de amar e inteirar-me das formas de mergulhar-me
no sangue efusivo da contingência humana.
Simples
ardências carnais nos desejos viris mergulham as satisfações plenas num mar de
fluídas emoções de amar.
Primeiros
ardores da paz submergem-me num oceano frio e úmido de emanações paradoxas da
felicidade. Os amores da fisionomia a resplandecerem suaves os contornos de
características sempre susceptíveis de uma excêntrica metamorfose em busca do
real.
Substituo as
dúvidas latentes da emancipação, trilha emotiva das carícias de vontades
eternas, pelos efusivos processos emancipados da latência do amor. Recupero as
evidências do espírito em transbordar-me frágil e consciente no finito das
emoções sentidas. Mostro a nitidez do olhar, perspicácia indubitável da
formação sensível do real, identificando a profusão de eternas ternuras.
Fósseis
susceptibilidades conceituais do corpo a ejacularem sentidos e significados
dalma - sou uma postulação das sensações. Veias de amores sentidos no real das
reformas, abrindo o sangue quente e imanente dos "sonhos de Verbo
Inteirar". Contingências testamentárias dos sentimentos insólitos surgem
efêmeras da consciência, e sou manifestação ardorosa de insolências fundas.
Tristes horizontes resplandecem imortais nas linhas sensíveis das posturas
conscientes da elaboração emocional. Arregalam-me os olhos o universo nítido do
substantivo amor nas tábuas translúcidas da percepção e intuição. Flácidos
olhares perscrutam os insolentes infernos da angústia, perpassando os liames
loucos das inquietudes, adelgaçando as vertentes insanas das perquirições, em
perene busca do íntimo ingênuo da felicidade. Infernais concepções do belo e
nítido estilo da esperança indagam-me as definições percucientes das
postulações de consciência e ação nos interstícios de viver o "Amar".
Nítido
inferno resvala-me o íntimo, perpassando os recônditos sítios da
intranquilidade, trazendo-me a consciência de uma eterna necessidade de
compreensão e diálogo das emoções vividas em confronto com as reveladas na
fisionomia e olhar. Insolências frágeis e flácidas de uma indagação abstrata e
real do sentido humano nas revelações de júbilo e prazer de enfrentar o mundo.
Profundezas de mim, emergidas nas revelações fisionômicas e oculares, dizem-me
a paradoxalidade perquiridora dos sentimentos.
Superfícies
imersas nas elaborações do espírito, imergindo nos subterrâneos da ternura e
insolência, dialogam lúcidas com as inscrições conscientes de um viver eterno.
Sonos fáceis nas bordas do nada refestelam-se confortáveis, mergulhando nos
interstícios absolutos da vigília.
Loucuras
indolentes escondem as lágrimas puras, os sorrisos inocentes, e instituem a
seriedade no rosto do tempo inócuo e iníquo.
#riodejaneiro#,
27 de maio de 2019#
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