POETISA ESCRITORA ANA JÚLIA MACHADO COMENTA O AFORISMO /#TESTEMUNHO DE UMA VIDA/INÍCIO DA TERCEIRA IDADE#/
Manoel Ferreira Neto, filósofo, escritor e um grande erudito. Neste
escrito verbaliza ‘’O tempo da memória’.’ Foi escrito quando fez exatamente 61
anos de vida. Descreve suas considerações sobre o sentido da existência e
depoimentos do que escreveu e viveu, até ao momento. Faz um balanço e
apreciação de sua vida e sobre diversos assuntos que ele próprio tentou
entender e assimilar, até ao momento, que coloca a mochila nas costas, e decide
ir à procura do seu grande amor e cúmplice nas artes, no Rio de Janeiro onde
encontrou a sua verdadeira felicidade e deleite da vida.
A Independência é a Eloquência do Ser que transporta às veredas do
"Nós", querida e adoradora, autor e ledor- afeiçoado, ser e mundo.
Ana Júlia Machado
#TESTEMUNHO DE UMA VIDA/INÍCIO DA TERCEIRA IDADE#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: TESTEMUNHO
Epígrafe:
Confianças dos "verbos-para" o suceder de diferentes saberes
da querença que somente habita de demandas incorpóreas e oferta quando a
existência é "janela de deleites..." (Ana Júlia Machado)
Ao longo da História da Filosofia e da Literatura, filósofos e
escritores buscaram definir, conceituar a Liberdade. Diante das circunstâncias
do tempo nas suas tangências sociais, políticas, religiosas, individuais,
conceituaram-lhe com excelência e veemência, são conceitos que nos levam a
outros questionamentos, indagações, perguntas, que nos proporcionam buscas mais
profundas e abismáticas, serão sempre sementes e húmus para a jornada da Vida e
da Existência.
No meu ponto de vista, a Liberdade do Ser é a raiz da castanheira da
Vida nas suas situações, circunstâncias, no decurso e percurso da História, na
continuidade do Tempo e suas dialéticas. A Liberdade do Ser é a identidade do
indivíduo, a sua consciência dos problemas contingenciais, dores e sofrimentos,
dúvidas e incertezas, inseguranças e medos, e a busca, esperança de
suprassumir-lhes, superar-lhes com a entrega absoluta aos verbos dos desejos,
vontades, sonhos da Vida. Caminho árduo e contundente, pois exige sobremaneira
e sobremodo o mergulho na nossa inconsciência, assumirmos as nossas condições
de limite, de gratuidades, arbitrariedades, má-fé, fugas, faltas, falhas,
forclusions, nossa natureza humana plena de negatividades. Não um mergulho de
passeio e deleite pela profundidade da alma, seus mistérios e enigmas, mas um
mergulho com a verdade dos ideais de compl-etude, a determinação insolente e
meiga de outros horizontes e uni-versos, nova prosa e nova poesia. Angustia
deprime, desola quando nos deparamos com as facticidades, dói profundamente as
des-cobertas que fazemos, mas é necessário transcender, sonhar com o que
trans-eleva as contingências, ter esperanças no que há-de vir, ad-vir, sempre
re-criando, criando, inventando outras sendas, outras veredas, outros caminhos
do campo. Sermos quem somos, embora as poeiras das estradas, apesar dos
limites, fronteiras, obstáculos, assumindo a nossa fragilidade, nossas
fraquezas, viver de quem somos.
O olhar dos olhos sempre voltados para a consciência de que não nos
tornamos quem somos para o nosso deleite, prazer, gozo, climax, não nos
tornamos livres para satisfazer o ego, mas para servir ao mundo, aos homens, à
humanidade, despertar-lhes para a existência de outro mundo diferente do que se
está vivendo. A liberdade é o nós: indivíduo e humanidade.
Vivo buscando a Liberdade, o Amor, a Consciência de quem sou, do que
represento no mundo. Experiências e vivências adquiri-as ao longo destas seis
décadas de existência, cinco décadas e meia de pena na mão, buscando traçar
outros horizontes, fazer-me, só o Fazer responde pela vida, Fazer na
continuidade do Tempo, das facticidades e das esperanças. Sinto que estou
iniciando a minha escrita, agora sei o que fiz de mim, o que faço de mim, o que
posso ainda viver e fazer com as letras, com a vida.
Exatamente aos 60 anos, 02 de julho de 2016, participei a minha mudança
para o Rio de Janeiro, para viver junto com Graça Fontis o amor que nutria por
ela, que nutrimos por nós, e a cada dia nestes trezentos e oitenta dias crescendo
e crescendo e crescendo, e ao longo deste ano conheci o que é isto a alegria,
satisfação, felicidade, prazer, o amor Verso-Uno, tornando-se ela também a
minha Companheira das Artes, Pintura e Literatura/Filosofia. Amor que perdurará
por todos os anos de vida, pela eternidade a fora.
A Liberdade é o Verbo do Ser que con-duz aos caminhos do
"Nós", amada e amante, escritor e leitores-amigos, indivíduo e
humanidade.
(**RIO DE JANEIRO**, 17 DE JULHO DE 2017)
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