#AFORISMO 35/FILOSOFIA NA LAREIRA DA PURA CONTINGÊNCIA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Epígrafe:
"Assim baila o consciente para os pensamentos mais profundos"
(Graça Fontis)
Sou coruja e canto em noites solitárias, madrugadas silenciosas,
desérticas;
Sou lobo e uivo no pico da colina de costas para a lua minguante;
Sou águia rasgando os céus, ora pairando no ar, asas abertas, inertes,
ora movendo as asas, rumo ao longínquo distante, contra o vento, no seu canto
ouço "Ainda voo contra o vento";
Sou o além, em cuja imensidão condores sobrevoam a liberdade de asas
leves;
Sou o horizonte de travessias, por intermédio das nonadas
transcendo os verbos do tempo, mergulho no ser, in-fin-itudes re-fazendo
desejos de versos metafóricos do sublime, parágrafos metafísicos da beleza do
belo, da pureza do puro;
Sou a poeira de estradas íngremes por onde trilho passos
con-templando a long-itude e distância entre o efêmero e eterno, entre o
bem e o mal, volúpia de esperanças de cânticos anti-bíblicos do caos em cujas
cordas de liras, harpas, violinos a melodia for-ever de perenes ritmos revela o
amor absoluto;
Sou o olhar brilhante, perscrutando as estrelas longínquas por cujas
cintilâncias o ser perpassa versos de verbos da alma carente, pervagando a lua
de boêmios brilhos, em cujo útero da poiésis a concepção do belo se projeta;
Sou apelo a algo que não é parte da natureza, isto é, aos valores,
incluindo valores éticos, necessários para racionalizar seu objeto;
Sou o pensar que pensa o pensamento das angústias, tristezas, náuseas da
alma no itinerário da busca do Ser que se re-faz na continuidade in-interrupta
do tempo;
Sou a sede de águas lúdicas-transparentes, cujas gotículas, uma a uma,
são manifestações de outras sedes, de outros desejos da verb-itude da
essência-amar, essência-entregar-me, essência-ser-outro-do-outro, cujas
moléculas, química a química, são perspectivas de primevas ilusões à luz de
pretéritos piscando o presente de "Forever Young" na guitarra
espiritual de "Blowin´ in the Wind", nas cordas do violão violino de
"Gracias a la Vida", violetando a "parra" do eterno à busca
da contingência-nada, por cujos interstícios a verdade se emoldura no espelho
simples dos versos de Guerra Junqueira, no fingimento pessoano do re-presentar
amor o que é a verdade do amor;
Sou este momento de inspiração, através de cujas imagens, perspectivas e
ângulos con-templo, a-lumbro, vis-lumbro, luz-lumbro o amor-sol-de-viver a
plen-itude, frio de carência a sentir as lenhas do sensível a queimarem-se,
crepitarem-se na lareira da pura contingência...
(**RIO DE JANEIRO**, 13 DE JULHO DE 2017)
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