#AFORISMO 27/AREIAS DO TEMPO EM CHAMAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O
único louco sou eu. Sou o único eu louco. Homens comuns não podem compreender
atitudes em relevo. Podem exilar-me.
“Santa
Maria
Mãe de
todas as ervas
Rogai
por nós os seus admiradores.
Assim
no real como nos sonhos, delírios,
Devaneios,
desvarios.
Agora
e sempre
Amém...”“.
Tanto
tempo. Compreendi a consciência determina a liberdade. E antes a realidade
determina a consciência. O modo de desvencilhar-me do impasse.
Solidão
ao amanhecer
Ao
meio dia
À
noite.
Na
mesa de refeições.
Na
rua.
Na
cama.
Sozinho.
Na
casinha de sapê.
A
dois.
Na
multidão.
No
exílio.
Na
expulsão...
Nas
heresias...
Nas
proscrições.
O ser
pedindo, gritando. Amor. Alguém. O outro preenchendo o vazio. Agora cheio de
tudo. Tudo não existente. Porque alguém não chegou. O ouvido, impassível. Os
olhos, vendados. O grito. Lusco-fusco. Fusco-lusco.
Inscrita,
Honra
arrasta
De
ignomínia. Deuses mortais. Pungente coragem, escuta, trespassa os sofrimentos
dos imortais. Vazio, o opróbrio reúne tributos com feroz cavalo, sustando o
caminhar contrário.
“Gargese”.
A terra está escura. Os mais sutis insetos bebem intelecções des-encontradas.
Dedos ascendem-se num gesto de indagação. Sou homem. Penso poeiras acumuladas
nas orlas do nada. Areias do tempo em chamas.
O raio
almíscar, gelatinoso de nada, esvoaçante nas dobras de cortina adocicada: alçar
vôo no tudo, nada, imensidão de brisa serena. Bailarina passando no fundo
dilacerante de asas e sussurros, de leve brisa de silêncio. Gemido na noite
plena.
Os
sentidos desempenham papel essencial na produção do conhecimento.
Ruído
monótono.
Perco-me
e reencontro-me em cada aresta de silêncios que se anunciam. Águas. De por
baixo das pedras, passados e passos grunhados em únicos segundos. Vácuo. Nadas
descendo em enxurrada. Despojamento nas calçadas. Nada.
(**RIO
DE JANEIRO**, 10 DE JULHO DE 2017)
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