#AFORISMO 58/QUANDO EU TIVER 80 ANOS** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
"O
intelecto usufrui domínio infindo, saboreia o vôo do infinito em direção ao
in-finitivo do eterno." (Manoel Ferreira Neto)
Epígrafe:
"Na
completude do "Eu", há a translação do intelecto ao Infinito,
planando-se em êxtase aquisições reverboristicamente, infinitivando o próprio
Ser" (Graça Fontis)
O
intelecto… Sonhos do afluir-de-ser trans-literalizados em vernáculos do
espírito, em litteras da alma na querência do belo, da verdade. O intelecto
usufrui domínio infindo, saboreia o vôo do infinito em direção ao in-finitivo
do eterno. Ele revira a sina, escolta a sua eleição, ele re-versa a saga, ele
in-versa o destino, segue a sua decisão.
Palavras
entrecortadas, perguntas e respostas que se cruzam, suspiros, lágrimas, gritos,
murmúrios, sussurros, o silêncio que esplende sua voz a todos os horizontes.
Quem sabe devesse aspergi-las com águas espirituosas?! Águas cristalinas na
sagrada taça da plen-itude do verbo divino de intenções do ser.
Um
questionamento simples de início com o desejo de um movimento, um ato de
incentivo para que as idéias e os pensamentos sobrevenham límpidos e nítidos,
sobrevenham plenos de estesias e sin-estesias da verdade e do absoluto.
Significa que a atitude de aspergi-las com águas espirituosas, alguns pingos
finos e suaves de galhofa e escárnio irão de algum modo elucidar e esclarecer a
voz fraca e trêmula, lamúrias de insegurança e medos.
Ao
acatar o elevado, gera-se uma expectativa superior que detona o sistema de
triunfo, de glória, de júbilo, o mundo carece de ser criado, a vida de ser re-criada, re-inventada.
A
chuva caindo sobre as folhas ou o orvalho se derrama e dispersa sobre a grama
verde para torná-la prateada, para torná-la trans-espiritual. Encho a
existência de tranqüilidade, prazer, até a borda, como quem enche o seu copo de
Underberg até a borda, bebe-o num só fôlego, sentindo o amargozinho delicioso
do verbo de ser o responsável único por estar-no-mundo. Encaro a vida sob um
prisma inteiramente novo e muitas vezes torna-se dificílimo para mim até mesmo
imaginar o que fui, quem fui, se penso, logo existo. Se puder produzir uma só
bela obra de arte, terei sido capaz de retirar da malícia o seu veneno, da
angústia a alegria da certeza de viver e arrancar pela raiz a linguagem da dor,
espécie de uma fama eterna para uma infâmia perene.
Ser
exuberante é ser pertinaz, é haver uma crença inconcutível, uma fé con-tingente
inaudita, ininteligível. E uma asseveração sem limites de que tudo passa a
delegar verídico, tudo passa a postular-se real, a vida passa breve.
Quem
sabe esteja com bastante vontade, um desejo insano de a vida ser longa, assim
teria muito tempo para viver o dia presente com demasiadas volúpias, ambições,
ex-tases de orgulhos e vaidades, largar mão de recatos, ter sentimentos dum simples mortal, as taças
mergulharem a mim no sono, a vida tranqüila e a sabedoria conservadas ao abrigo
dos desgastes, garantindo esta longanimidade.
Ao
despontar a sensação de júbilo, o cosmo exalta tal expedita e conspira à sua
mercê, hospedando-a a incumbência da humanidade. Cada um é quem redige a
biografia de sua existência, manuscreve o pórtico de seu estar-no-mundo entre
as coisas, objetos, homens - ao eleger pelas posturas prolíferas –, o ser
progride, assertório cativo assertório, regozijo invoca regozijo.
(**RIO
DE JANEIRO**, 23 DE JULHO DE 2017)
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