#AFORISMO 70/CARNES DO VERBO-OSSO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
"Côdeas do pão eterno que alimentam as carências e manque-d´êtres
da felicidade." (Manoel Ferreira Neto)
Epígrafe:
"A verbalização do intelecto inconsequente reflete-se na alma
prepotente" (Graça Fontis)
Juízo. Ode aos princípios de nada que ao longo das quimeras, sorrelfas
do tempo e circunstâncias, sob os raios de sol que numinam o espírito,
desperta, acorda, extasia a sensibilidade para re-fazer o que fora escrito nas
tábuas de mármore do absoluto, nada sendo senão fantasias e ilusões, nada
realizando senão náuseas e angústias, a alma desesperada, descabelada,
pervagando em círculos, queimando-se, ardendo-se nas chamas das a-gonias.
O dia translúcido, cristalino
Os coriscos de sol possantes
Amanhecer de invernia
Avessos de vocábulos
Em cujas missivas descansam
Sensibilidades distintas, alvoroços
A autonomia gravada na campa
De indiferente, a paridade degradada
Sinagogas, oratórios
De concepções
Opostas fantasias de anteriormente
Opostos motivos de existência e regalias
Regulados em itens, alínea e artigos
Permeiam melancolias clareiras, cerúleas
(transparentes no futuro as aparências)
Escol de poesia e estâncias na consciência a comunicação de diferentes
existências
Em cujas literaturas as prímulas alteiam o entendimento
Declaração de fantasmas e imaginações
(escol de ociosidades e ocupações
Pétalas de labutação e ânsia)
Desérticas efígies de pretéritas perspectivas das levezas do ser fluindo
das profundidades inauditas do que transcende o espírito aos auspícios desejos,
vontades do verbo perpetuado de contingências das cor-respond-ências,
sincronia, sin-tonia, harmonia, da tese e antítese do vazio que re-colhe e
a-colhe o múltiplo, a síntese do absurdo e mágico, que origina as deidades das
nonadas e travessias, que trans-eleva as ipseidades do pastoreio de ovelhas nos
campos neoclássicos da sublime verdade da natureza, tornando-se eidos das
esperanças virgens de expectativas, livres das intenções de purificar os
pecados dos gerúndios e particípios da carne extasiando os instintos da
peren-itude, subjuntivo e indicativo dos ossos que clamam e rogam do genesis
não se tornarem cinzas ao longo do tempo que extermina plenamente o nada em que
se tornaram as concepções, definições da verdade à luz da vida, serem tão
simplesmente, como Maria Simplesmente, côdeas do pão eterno que alimenta as
carências e manque-d´êtres da felicidade.
Pretérito ser incógnito das cintilâncias da lua e das estrelas
re-fazendo de cores vivas e fosforescentes do arco-íris, o resplendor,
esplendor, das estesias vivenciárias e vivenciais dos rituais, folk-lores,
magias daquilo que antecede o vir-a-ser, precede o há-de ser, e que fecunda,
febunda o carisma da cáritas à luz e cavalitas da sempre-etern-itude das
líricas da oração da eter-itude rogando aos limites instantes da plena verdade
absoluta, inda que con-templada no entardecer do crepúsculo da noite por vir da
madrugada por custar a passar.
Letras ipsis. Palavras litteris. Estive a pensar, andando por alamedas e
ruas, que o ipsis fecunda o litteris, que as ipseidades febundam as carnes do
verbo-osso do ócio-tempo das magnitudes da Nad-eter-itude que endossa a vida
nas linhas pro-féticas do ser-existência.
Profecias. Magias. Debulhar nas contas do terço de rogos ao além as
nonaditudes metafísicas do puro que embeleza os dogmas incólumes da redenção e
ressurreição, a vida trans-corre cristalina de ócios nas alamedas forclusivas
dos ideais da morte, alfim o corpo é o obstáculo supremo para se viver as
dimensões lúdicas do prazer e felicidade, sonhos e esperanças de viver,
vivenciar os conhecimentos todos das ciências, alcançando a sabedoria do
ser-no-mundo.
A comunicação com as coisas é impossível porque não têm subjetividade e
a comunicação com as querências da contingência, prazer e alegre, porque o
efêmero que habita os liames do inconsciente e consciência performa de
nostalgias a perfeição, ornamenta de melancolias o absoluto sublime,
perspectiva de saudades os pretéritos do além com os subjuntivos do nada que
precede o ser e posterga os infinitivos aos confins eidéticos da vacuidade.
Prato com restos de comida. Quarta-feira, hora do jantar. Além da
janela, alguns pássaros dormem, alimentam-se dos mistérios da noite, afinam os
trinos no ritmo e melodia com que o orvalho cai, no silêncio e solidão oníricos
da natureza, para amanhã na aurora trinar a perfeição do poema do divino.
Suspensa na parede moldura com pintura de um retrato de tempos longínquos em
que a primazia eram as letras góticas figurando os idílios do sonho-verbo de
ser, puras quimeras, que a artista-plástica no pretérito da imagem atrás das
perspectivas do espelho, fez a travessia dos idílios sonhos da busca da
verdade. Ao lince da sensibilidade que visualiza no longínquo a luz, do
espírito que sensibiliza os a-núncios do amar-verbo do sonho, os raios da luz
que sintetizam o revérbero do pretérito e o vir-a-ser do verbo-ético do divino,
assim o que eram idílios são metáforas versáteis das esperanças vivenciais da
fenomenologia do espírito, sem absolutizar as silfvestres sendas do percurso da
vida à morte.
(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE JULHO DE 2017
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