COMENTÁRIO DA AMIGA MARIA FERNANDES AO TEXTO /**E A NEBLINA FLANA NO NADA**/
Ah! A sátira levada ao seu expoente máximo: quantos trabalhos e
sacrifícios para levar a alma ao infinito...O autor usou a sátira e humor numa
simbiose perfeita: " o nada flana livre e solto na neve" . Quanta
riqueza de linguagem numa sátira interessantíssima aos conceitos ainda vigentes
sobre inferno e infinito e o ...nada. Já sentia saudades de ler as suas obras,
estimado amigo Manoel Ferreira Neto. Um dia pleno.
Maria Fernandes
Nada... Infinito... Inferno... Todos os conceitos vigentes são do Tempo
do Zagaia. Concordo plenamente.
Manoel Ferreira Neto.
**E A NEBLINA FLANA NO NADA**
Intros de pecções sublimes vislumbrando o nada que flana livre e solto
na neve, nada mais esplendoroso e mágico por todo o inverno não será trapézio,
trampolim, ponte para o In-finito, a neve cobre toda a trajetória, itinerário
até lá. Quem sonha, cria e re-cria todas as utopias da liberdade em atingir
este pampa santo do uni-verso, onde degustar as divin-idades do verbo e do ser,
terá de esperar a primavera, à mercê das chamas da lareira, às voltas com a
memória eivada de lembranças, saudações.
Encolheram-se até os instintos mais primevos. A chuva cai forte neste
instante, de repente um raio seguido de trovão, um bêbado dá de fuça com o
chão. Encolhi-me, o que nunca fiz na vida diante de raios, trovões, relâmpagos.
E eu escrevendo sobre o nada que flana livre e solto na neve, tempo de
refestelar-se, está exausto de tanto con-duzir as almas ao In-finito.
Estou tão estupidificado com o raio seguido de trovão, as palavras
tremelicando escafederam-se, só a pena desliza no papel, a mão segue-lhe
solícita e compassiva.
Não mais qualquer trovão, relâmpago, a chuva apenas caindo, aliás
diminuiu bastante. Por que o raio seguido de trovão justamente quando escrevia
sobre o nada flanando na neve, livre e solto? Sei a resposta: as con-tingências
da vida ainda mais pujantes e eu com a minha poesia. Deus me castigando pela
falta de solidariedade. Não foi somente eu quem se assustou com o fenômeno, o
b~ebado deu com as fuças na calçada.
Perdi o rumo das coisas. A pena segue delineando caracteres nas linhas
da página, nada sei do que é registrado.
Raio seguido de trovão: que estardalhaço! Se Mefistófeles ouviu, com certeza
enchafurdou-se nalgum cubículo do inferno. Os meus instintos se encolheram.
Sentia-me em estado de êxtase com o nada flanando livre e solto na neve,
escreveria algo além de todas as inspirações, e vem o raio seguido de trovão,
tirando-me a iluminação. Por mais talentos e dons habitem-me, por mais a
inspiração transcenda todos os limites, inda assim não serei capaz de
recuperar, resgatar a idéia do nada flanando na neve. Tudo o que a pena
registrou desde o fenômeno sentido algum tem, nonsense deslavado.
Longe de mim ser profeta de minha vida. Início de Quaresma e um fenômeno
natural deste acontece, desvirtuando minhas idéias, encolhendo os meus
instintos! "Deus, oh Deus, perdoai-me as sátiras, ironias, cinismos,
sarcasmos. Prometo que de agora em diante serei adepto e fiel a todos os dogmas
e preceitos da Igreja."
Só com um fenômeno assim no início de Quaresma para me fazer prometer
fidelidade aos dogmas e preceitos da Igreja. Melhor isto que dividido ao meio
por um raio, ainda sob as pornéias dos presentes: "Vivia dividindo as
palavras na contramão das regras gramaticais. Está ai dividido ao meio por um
raio, a alma fazendo companhia aos insurrectos e hereges da linguística no
abismo do inferno". O que é a criatividade das pessoas: "abismo do
inferno", e tais criatividades só no momento de trágicos acontecimentos.
A chuva passou. A tarde está agradável. Resta-me ir embora para casa,
deitar-me, dormir. Quem sabe amanhã a iluminação seja inda mais divina: a
neblina flane no nada e este se sinta mais regozijado, o friozinho
perpassando-lhe as pers dos "stícios-inter", quê sensações
deliciosas, Só Deus sabe o calor e suor que provocam levar as alma ao
In-finito.
Manoel Ferreira Neto.
(13 de fevereiro de 2016)
Comentários
Postar um comentário