COMENTÁRIO DA AMIGA MARIA FERNANDES AO TEXTO //**CORRIDA DE SANTO "O"**/
A vida é uma correria
o que corre mais é estafeta
leva a tocha ou a bandeira.
Os que chegam ao cimo
carregam no atrasado
é o arrastão, o bobalhão
não sabe dar à perna
não tem siso ou é perneta.
Corre corre corre
para ganhares teu quinhão
nesta vida de usurpadores
é preciso ser bom de treta
os jegues serão doutores.
Passamos a vida a correr
não temos tempo para nada
quando acordamos para viver
já se avista o cangalheiro
o padre e o sineiro
todos aparamentados
a correr a correr a correr
vamos depressa que se faz tarde...
MIFC
Tem razão, meu Amigo, nesta vida, o imperador é o dinheiro que todos
adoram e atropelam-se para o conseguir. Correm como danados, até dá vontade de
rir, se não fosse o nó no estômago, bem que seria sentar na bancada e rir à
gargalhada... Um abraço, escritor Manoel Ferreira Neto.
//*CORRIDA DE SANTO "0"**//
Correr, correr, correr...
Quanto mais pernas a deus-dará, a "0"-dará tanto melhores, o
inferno não será o limite. Correr tanto para repousar no
"sempre-jamais" é muito triste, a tristeza do Jeca Tatu é tiquinho
perto dessa, desgraça pouca é tiquinho. A vida, com efeito, é corrida sem fim.
Correr dos portugueses é inteligência suprema, na época da colonização
trouxeram os bobos para o Brasil, lá se encontravam muitos deles, na época de
Dom Pedro a bobice se encontrava às pencas, hoje está generalizada; correr para
não contrair a bobice portuguesa, ela é transmissível, a D.I.T. não tem cura;
Correr atrás dos prejuízos é condição, é natureza, pois que as lesões
acontecem a todo instante, quando não é o Estado que arranca a alma e a carne
da sobrevivência, são os clientes que não valorizam a honra da vida, o trabalho
sincero. Não dá para ficar com o estômago nas costas, graõs de feijão e arroz,
pedacito de músculo de boi enganam os ácidos estomacais, protelam a miséria da
míngua
Correr dos tablóides "petistas", antes que corrompam nossa inteligência
e sensibilidade, passemos a entender as atitudes de não como o egrégio das
virtudes e valores, passemos a enfiar a mão nos bolsos alheios.
Correr a léguas distintas e idôneas das hipocrisias fáceis e
reconfortantes, tais como as importâncias sociais, medalhas de honra recebidas
e todas as viperinidades no lar, na família, além do bolso de vinténs
nadificado de vazios, sem condições de nada nele colocar, passará pelo buraco
imenso, ficando nalgum lugar da rua, aquém, óbvia e absolutamente, dos valores
morais que vivem dando voltas arábicas no ego, isto para não chafurdar a pena
nas hipocrisias complicadas, tais como a glória escrachada das idéias e
projetos com a vida humana nos seus sonhos e esperanças da ressurreição, roubar
a cena da simplicidade em nome da eternidade maculada, já que o regaço da alma
está entupigaitado de flores que não são aconselháveis sentir o odor ou cujos
odores não se aconselham cheirar
Correr a hectares de a-gonias da alma penada que resolveu fugir da
catacumba por sentir nos interstícios das cinzas a presença absoluta da vida,
essa que são sonhos e esperanças, fé, melhor o abraço terno e eterno que
cachapra com o riste do tempo a nonada da travessia vazia ou a ponta partida do
vazio-nada, melhor o imprevisto das dores e sofrimentos no caldeirão de chamas
e ardências.
Corridas, corridas, corridas...
Na verdade, na verdade, a vida é correr sem margens nos pampas,
chapadões à busca do a que o coração se entrega em absoluto, o amor, não porque
nos lega a ressurreição, redenção, mas nos dá o brilho do olhar, a fisionomia
alegre e feliz das bobices da corte portuguesa, o semblante sereno e suave,
põe-nos em mãos feitas concha o prazer de conjugar o verbo "ser" em
todos os seus tempos.
Dinheiro, dinheiro, dinheiro... Antes de quais antes, haveria alguma luz
que me inspirasse a compreender, entender o porquê do objeto que garante a
sobrevivência do estômago, dos valores éticos e morais chama-se
"dinheiro", cédula responsável pelas indignidades da vida desde a
eternidade à eternidade, no futuro Deus será o Dinheiro da Eternidade, sua foto
está impressa nele.
Na vida de dificuldades extremas, diante de todos os obstáculo, Muradas
da China, correndo atrás do dinheiro, a fim de um frango a molho-pardo, para
finalizar a semana de apenas coçar o lugar do estômago, que me satisfizesse o
desejo e vontade do nada-vazio.
E acontece de o dinheiro correr atrás de mim, atrás de meu
reconhecimento, consideração, dar-lhe os verdadeiros méritos, ser ele a
eidética do nada no íngreme sertão das náuseas das nações. E como isto
acontece? O sol raia nesta manhã, os sonhos renascem para todos os homens,
portugueses e angolanos, russos e suíços, brasileiros e alemães. E para todo o
apocalipse da vida o genesis será exaltado: a vida precede todos os valores,
sejam viperinos ou dignos, o correr será beatificado: a corrida precede todas
as lerdezas, seja a lerdeza das pernas com varizes, seja a lerdeza do
"devagar e sempre" dos mineiros.
II PARTE
Des-enfreadas as corridas, não tem tempinho para recuperar o fôlego,
tomar uma água, antes de prossegui-las, o castelo de "0" para trás
das curvas, melhor que ser esperado na tocaia, melhor que as emboscadas
primevas;
Correr dos "bodes expiatórios" que morrem na forca, multidão
presente, olhos estatalados, sorrisos furtivos no semblante, assistindo ao
grande espetáculo, por uma liberdade que não defendiam, não sabiam de suas
estruturas sociais e ideológicas, preto no branco, branco no preto não é para
qualquer conjuntura, especialmente a nossa que não mais distingue o preto do
branco, libertas quae sera tamem, ou daqueles bodes expiatórios que vão parar
na mídia com direito a fotos em todas as perspectivas acusados de deixar o país
na míngua da plena miséria, havendo sempre as madalenas que com toques de luva
conseguem para os acusados um emprego para a sobrevivência, quatorze mil reais
por mês;
Correr das "desculpas esfarrapadas" de não ser aconselhável a
consciência do povo da História, da conjuntura política, porque tanque cheio de
rebeldia e revolta espera a última gota para a sandice, enfim o Estado tem que
cuidar da saúde mental das pessoas;
Correr das conversas de alto nível, no que concernem ao conhecimento e à
sabedoria, enfim, sempre depois delas, os pés ficam presos nos mata-burros do
tempo, só podendo olhar o panorama dos pampas, chapadões com olhar de "não
deveria ter querido o resto da tinta que pintou o urubu de vermelho";
Correr do pão que o diabo amassou com o rabo, o rabo dele estava bem
azedo com a fé dos humanos no Evangelho do Nada, e portanto o pão absorveu o
azedume do rabo, e ele ao invés de ser extinto pelos ácidos estomacais, comeu
os ácidos e o estômago, ficou à mercê das intempéries dos venenos;
Correr daquelas construções suntuosas, inéditas para a época, olhares
surpresos com a beleza e também a fatalidade dela, e acabar morrendo nela. Quê
é isto? Construímos uma coisa e vamos morrer nela. Podemos ser burros, mas não
bobos da corte.
Correr dos negócios da Petrolina Brasiliana, que arrancam os olhos da
cara, e os clientes ficam absolutamente lesados, tendo de sentar na escadaria
da igreja com um pratinho e esperar a caridade alheia, com aquela esperança de
um estrangeiro assistir à missa, pois que são mui caridosos, sempre um notícula
de 100 dólares cai no pratinho;
Correr de subir em prédios muito altos, não devido ao medo das alturas,
mas porque não se sabe se algum avião desgovernado lhes vai atingir, corpos
estarão de por baixo dos escombros; mesmo trabalhar nalguma empresa, por
quantia salarial exorbitante, a vida é curta para essas aventuras;
Corrida... Corrida... Corrida...
Quanto mais se corre, mais se encontra estrada a fora para esticar na
carreira, olhando para trás ou não, porque o que houve atrás é motivo da
corrida desenfreada, o que haverá a cada hectare corrido é o desconhecido, o
inaudito, deles não se corre, nada causaram. Quanto mais se corre mais há do
que se correr e, correndo, não se vai chegar a lugar algum, o mundo é infinito.
Correr dos tabernáculos de imbecis, onde a ética das maledicências são
frutos deliciosos, mas a imagem a representar-lhes está sempre de costas para
os adoradores, jamais alguém lhe viu a face, nem mesmo o espelho da eternidade
para onde ela está virada;
Correr dos soldados armados ou não, quase todos perdidos de armas na
mão, porque nos quartéis lhes ensinaram que os cidadãos são os corruptos e
bandidos da Nação; dos professores nas escolas que ensinam as velhas histórias
dos heróis, todos são heróis, mas na hora do café, pão e leite na mesa do café
da manhã para a família heróis não vão bancar;
Correr... Correr... Correr...
Não me sento em banco de pracinhas em tempo que é de corrida. Correr
corri e, correndo, vou somando léguas e quilômetros, livre aos sibilos de
vento...
III PARTE
E correndo vamos nós carregando a marmitinha que a caridade alheia nos
deu para matar a fome; tristes nos sentimos, de Jeca a tristeza é pouca, porque
só temos saliva quente na boca.
Correr com o rabo entre as pernas, apesar do incômodo que causa, é o
mais aconselhável porque por todas as estradas que passar irá absorver as
sujeiras dos tempos e das nações, ficará mais que sujo, encardido, nem água
sanitária será capaz de limpá-las;
Correr de "somos todos iguais braços dados ou não", a léguas
de distância do castelo do "0", sem olhar para trás, é de-monstração
de pura sensibilidade porque a Igualdade sempre fora ideologia chinfrim desde a
Revolução Francesa, e hoje conhecemos o que é esta igualdade na metafísica das
poeiras;
Correr de Santo "0", persignando a todo instante,
trans-elevando os braços ao céu, rezando o Credo, muda o itinerário dos medos e
temores da lareira do sempre-jamais, mas faz desembocar nas sinuosidades da
"floresta negra", de onde jamais se liberta, onde para sempre irá
purgar os pecados do não-ser;
Correr dos sapos secos atravessados na garganta não liberta de coaxar no
deserto das agonias e desesperos por se haver entregue ao "quem cala
consente" ou à verdade habita as prefundas do outro. A língua inerte na
boca permanecerá por sempre. Quem não tem caráter nem nunca terá. Quem não tem
identidade nem nunca terá. Quem não é nem nunca será. E o sapo coaxa na lua
cheia, no oásis do ego contrariado;
Correr da "esperança é a última que morre", encapachado nas
pencas dos ideais, no rebanho das ideologias e utopias de quem desfruta o poder
e a glória não precisa de esperança, não precisa sonhar, não precisa ter fé,
porque na verdade a morte é a última esperança, é a seresta do último boêmio, e
isto levará ao abismo dos acéfalos;
Correr dos cachorros que latem a plenas guelras, são os donos das
verdades da terra e dos mares, só leva a ser atacado e mordido à categoria e
estilo, sendo que o melhor a ser feito é interromper a corrida, olhar nos olhos
deles, abaixam o rabo e vão embora, ganindo de vergonha e humilhação, enfim
foram vencidos pela perspicácia humana;
Corrida... Corrida... Corrida...
Correr da consciência de que amigo mostrou a verdadeira face sua, após
longos anos de relações, contribui para não trocar mais gato por lebre,
vice-versa, mas não desfaz a inocência e ingenuidade da confiança nele depositada;
Correr do destino que foi criado, re-criado, in-ventado, dá léguas a
deus-dará, a 0-dará, porque a vida não é canela de cachorro, que alimenta a
potência e a velocidade, gasta-se ao longo das distâncias per-corridas, a
realidade é nua e crua, e assim vamos nós carregando a marmitinha que a
caridade alheia nos deu para matar a fome;
Corre, corre, vagabundo
Corre dos lácios e facios do pre e pos
Corre, corre, vagabundo
Corre das tragédias, tragicomédias
Das dialéticas, contradições das verdades e in-verdades,
Corre,corre, vagabundo
Da história dos heróis e mártires,
Do nada social, do vazio político,
Corre, corre, vagabundo
Do "Epateur les bourgois",
Do "Libertas quae será tamem"
Corre, corre, vagabundo
Da vida e da morte,
Do paraíso celestial, do castelo de "0",
E deixe as poeiras metafísicas
Nas margens das estradas por onde passar.
Manoel Ferreira.
(14-15 de fevereiro de 2015)
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