**À LUZ DE QUEM SOU - ALÉM-LINHAS DO ORGASMO, MAGIA** - Manoel Ferreira
Ilusões de antanhas esperanças e
sonhos, ondas de verbos deslizam suaves e serenas, versos de pensamentos,
estrofes questionamentos singelos do vir-a-ser de horizontes que respinga de
dimensões de verdades os volos da inspiração, intuo na imagem das idéias a
sensibilidade do ser, e sinto que a poesia é eidos da filosofia, percebo o
verbo dos sonhos de amar na dimensão da verdade de ser a semente do prazer que
se encontra na emoção de refletir, meditar, pensar, in-vestigando os vestígios
das fantasias, fertilidade da imaginação, carência abismal da arte e das
perspicácias do estar no mundo.
Poesia da filosofia - e a coruja canta no silêncio da noite a linguística das
querenças do belo sublime, a semântica das desejâncias do In-finito da pureza
do divino, da suave beleza da sabedoria que sacia a sede do pleno plenificado
de outros uni-versos do verbo que à lareira verseja as chamas dos idílios do
silvestre porvir da floresta de místicos mistérios do eterno, gorjeia no seu
ser-de pássaro para a gnose da Vida, para a sabedoria da con-ting-ência de
existir no mundo, versifica o olhar do lenhador no tronco da árvore com os
toques com a lâmina do machado nele, objetivo aquele tronco seja o objeto das
chamas do fogão, a lenha para fazer o alimento da vida. Filosofia da poesia -
no alvorecer o canto dos pássaros saudando os raios numinosos do sol, a natureza
que diviniza o panorama de estesia simples e inocente, a estética do sublime.
Ser e verbos... Na amplidão de longínquos pretéritos presentes na memória, o
prazer de re-versos desejos, o clímax de in-versas vontades, a extasia de
ad-versas visões-do-espírito, "Ah, look at all the lonely people...",
a idiossincrasia do eterno esquecida no tempo, a flor de cactus presenciada nos
alvores de outro ser do verbo, que me alimente de outros subjuntivos e
gerúndios do saber-verbo-uno, das buscas e querências, a miríade de luz de
minh´alma resplende de nonadas a luz das travessias, assim vou perfilando ou
performando as poeiras das estradas à luz do picadeiro de gargalhadas, do palco
de desejâncias da leveza do ser.
Nos pretéritos tempos de estudante de Filosofia, aquele desejo da glória, ser
filósofo, fazer a humanidade pensar, refletir e meditar, e num botequim de
bairro simples, na companhia de meu mestre Jaime França, professor da Escola de
Letras, Teoria da Literatura II, disse-lhe após um gole de pinga e um fisgar de
traíra frita: "O verbo da prosa é o reverso do absoluto das idéias e
pensamentos e o verbo da poesia é o inverso dos sentimentos da
eternidade". e ele de prontidão segurando o copo francês de pinguinha:
"O Hegel da Atualidade.". Mas, antes, no carro, dirigindo-nos ao
botequim, conversávamos sobre as frases de efeito, são a-núncios profundos do
espírito da vida, a questão era que a linguagem e o estilo com que são escritos
são muitas vezes vulgares, há-de se encontrar a estética destas a-nunciações. E
no tempo das letras Hegel tornou-se apenas críticas do Absoluto, segui as
sendas e veredas dos Caminhos do Campo, de Heidegger. Pensamento e ideais de
cá, vivenciário e vivencial da caminhada na floresta de mistérios e enigmas do
"Ser", o sentimento, a sensibilidade de lá, projetos do ser no
ser-sendo das contingências dos desejos do eidos da verdade. Não é uma mochila
delicada esta nas costas, "in ela" desejos da verdade, quando se sabe
a única verdade no mundo é a transcendência do Eu, a trans-cendência das
contingências das labutas pela vida ao além, à busca do Verbo da Verdade, com
ele seguir as linhas do uni-verso.
Segui estes passos, mas sempre buscando estarem à luz de quem sou, quem
represento nas estradas de poeiras metafísicas, e no além das trilhas a
roda-viva das dialéticas e contradições do não-ser e ser, tentando
equilibrar-me nas linhas do condenado ao rés-do-chão e na liberdade de
perambular pelo reino dos vôos, deixo-me voar não importando as
intelectualoidices de o filósofo não pode poetizar, isto são sorrelfas do
manque-d´etre.
Ritmo de músicas trans-cende a vida e a morte, trans-eleva o sonho e as
esperanças, trans-passa travessias e pontes partidas, regendo linguagens do
dito, inter-dito estilo da saudade e melancolia, além-ditas formas e estruturas
da alegria e tristeza, querência e ilusões do ter sido no ambíguo ato de jogar
sobre a mesa as leis naturais do sentido e significado, metáforas, símbolos,
signos, re-presentações de linhas em góticas letras, magnífico retrato dos
sentimentos comungados à poiésis da metafísica, às idéias re-colhidas e
a-colhidas nos horizontes pretéritos das experiências, nos uni-versos
mais-que-perfeitos das desilusões, aos sonhos e utopias do belo con-tingente,
da beleza trans-cendente, no silêncio eloqüente da floresta silvestre,
con-templar as águas brancas do Infinito, no seio des-encarnado de senso,
contra-senso, comungar linhas e entre-linhas nas além-linhas do orgasmo, da
magia.
Manoel
Ferreira Neto.
(27 de fevereiro de 2016)
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