TEMPLO DE PERCUCIÊNCIA E VIVACIDADE** - Manoel Ferreira
Se há algo que me não entra no cérebro, a menos que seja acéfalo e não
sabia, mesmo que me abra a cabeça a machadada, é a retórica. Sinto mui
abismático a presença do "espírito malígno" nela. Não adianta
qualquer meio de consegui-lo, tudo será em vão, mesmo sendo um gênio a
ensinar-me as lições, desde o b+a=ba, com toda a paciência e finesse. Sei lá se
se trata de minha natureza ou se alguma resistência latente que tenho, medo de
as dimensões sensíveis escafederem-se, tornar-me um poste de cimento armado, um
endeusado "em-si", um racionalóide de paletó e gravata.
Diante de tudo o que é perfeito, frente de todas as perfeições dos
homens, estamos acostumados - juro por Deus que eu mais que todos os homens de
todos os tempos - a omitir a questão do vir a ser e desfrutar sua presença como
se aquilo houvesse desabrochado, tivesse brotado magicamente do chão,
divinamente das nuvens claras e escuras, nos temporais e chuvinhas finas.
Acredito estejamos os homens sob o efeito de um sentimento mitológico arcaico,
sob o encantamento de uma sensação lendária erudita. Por um triz sentimos que
certa manhã um deus,por brincadeira ingênua ou por sarcasmo deliberado, Zeus
era mestre nesta brincadeira, construir morada em blocos imensos, ou que
subitamente uma alma se encontrou por encanto numa pedra, e agora deseja falar
por seu inter-médio.
Como na perfeição as dimensões sensíveis dos valores e virtudes estão
bem organizadas, em comunhão plena, geralmente o homem perfeito é aquele que
jamais pecou, nunca pecou, jamais cometeu qualquer deslize de caráter e
personalidade, só praticou o bem, seguiu à risca mesmo os Dez Mandamentos,
louvou os dogmas do cristianismo,não há modo de me não sentir encantado com a
humanidade.
Escrevendo sobre os autores da atualidade, buscando re-conhecer-lhes os
valores com sinceridade, dignidade e honra, posso dizer que são difíceis os
caminhos das letras, sente-se com facilidade as angústias, tensões, medos que
todos sentem bem profundo, aquela dor profunda que é isto o desejo da
imortalidade e as situações não serem nada fáceis. Sinto isto todas as vezes
que tomo da pena para escrever crítica sobre obras e autores.
Dentre todas as experiências que já vivi retratando-lhes e ás suas
obras, pude sentir mais de perto, presente e forte o que é isto divulgar o
homem e a obra, o que isto significa para ele. Deve-se ser o mais digno, o mais
honrado, o mais virtuoso, para não cair no lago das piranhas, ser boi(vaca) de
piranhas, servir aos ideais do outro, a felicidade é que ele mesmo se sirva de
seus ideais, faça deles o Pórtico para o Impossível.
Diante de tudo o que é perfeito, frente de todas as perfeições dos
homens, estamos acostumados - juro por Deus que eu mais que todos os homens de
todos os tempos a omitir a questão do vir a ser e desfrutar sua presença como
se aquilo houvesse desabrochado, tivesse brotado magicamente do chão. Acredito
estejamos os homens sob o efeito de um sentimento mitológico arcaico, sob o
encantamento de uma sensação lendária erudita. Por um triz sentimos que certa
manhã um deus,por brincadeira ingênua ou por sarcasmo deliberado, Zeus era
mestre nesta brincadeira, construir morada em blocos imensos, ou que
subitamente uma alma se encontrou por en-canto numa pedra, e agora deseja falar
por seu inter-médio.
Outra senda no silvestre da floresta...o sol incide os raios no uno
verso do infinito, no ser e não-ser das estrofes do poema de con-templar as
nuanças do horizonte as perspectivas do universo nas pers dos desejos e sonhos
da plen-itude da vida, nas pectivas da sensibilidade, do espírito de viver em
comunhão com o arco-íris que se estende ao longo das soleiras e confins da
verdade das Verdades e Verbos do que há-de vir, do que há-de perecer no tempo
das buscas, desejos do Amor e da Paz entre os homens, humanidade.
Fácil é pensar que o mundo se abre aos meus olhos, quando trato das
coisas graves, quando me entrego por inteiro ao mergulho nelas em busca da
felicidade, riqueza, a inconcebível grandeza da vida; é quando me sinto
perdido, tudo se me afigura criação, tudo se me afigura representação, são elas
coisas efêmeras, criei-as unicamente para justificar ou explicar alguma dor ou
sofrimento que pululam em mim dentro, que me corroem, deixam-me confuso, sem
saber como é que se dará um encontro sério e digno com elas, talvez nunca. Em
verdade, a felicidade, riqueza, a inconcebível grandeza da vida, sinto-as
presentes e fortes em mim, quando me entrego às ironias e deboches. Acredito,
desacreditando, desacredito, acreditando que são de minhas origens de neto de
palhaço, correm em minhas veias até mais que o próprio sangue. Vivo neles um
momento, aprendo neles o que me parece digno de ser aprendido, assimilado,
ajudam-me a olhar as coisas do mundo com maior amplitude, com maior vivacidade,
é quando entendo e compreendo mais a vida, sinto-lhe o verbo e o espírito, mas
antes de tudo é amor que sinto pelo deboche, pela ironia, amor sem cancela e
fronteiras. Este amor ser-me-á retribuído milhares de vezes, se me disponho a
ler as suas linhas e entrelinhas, pois que a finura e delicadeza do humor me
tocam bem fundo, deixam-me em estado de êxtase e as volúpias todas me tomam, e,
como quer que se torne a minha vida, eles passaram a fazer parte, estou não
apenas convencido ou persuadido disto, estou em verdade certo, do tecido de meu
ser, como uma das fibras mais importantes, no meio das experiências, vivências,
no meio das desilusões e alegrias, das incertezas e contentamentos, das dúvidas
e felicidades.
Em pensando nestas questões de primordial importância, ainda que de modo
sarcástico e irônico, o modo melhor encontrado, não me é dado saber se para não
haver-de espremer os miolos, não é tão simples explicar ou res-ponder, não
tornar complexo a quem deseja compartilhar o questionamento, decido trilhar com
esmerada finesse outra senda no silvestre dessa floresta íngreme, cuidando de
con-templar as nuanças do horizonte, as perspectivas do universo em comunhão
com o sol que incide os seus raios em todas as coisas, deixando sombras em
todos os lugares,desde o amanhecer até ao entardecer, o uno do verso do
in-finito em contraste e harmonia com as estrofes do poema do ser e não-ser.
Manoel Ferreira Neto.
(27 de fevereiro de 2016)
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