Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade dos uivos do lobo no topo da montanha, focinho à mercê das
longitudes, olhar disperso nas distâncias do horizonte, e o nada seduzindo o
orvalho da madrugada por mera pulcridade, por ab-surda xucridade de o destino
lhe serem as cinzas, as cinzas lhe serem os pós a cobrirem o abismo da
posteridade, os ventos a soprarem as poeiras da postumidade. Oh, cinzas a
revelarem os pecados, os demônios à solta ansiosos por uma alma perdida no
descampado da solidão;
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade da matraca das tristezas e desgraças sonorizando no ouvido o
inaudito do vazio da posteridade que pulsa solene à soleira da morte, quando a
vida pica a mula de todos os indícios do ser, não-ser, e no abismo sem
insterstícios as estultícias revelam a face nítida e nula da alma sem muletas,
sem bengalas, cajados;
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade da sombra líquida e fria ao redor da lápide de mármore branco,
no livro de só duas páginas abertas, inscritos nelas os termos da morte à mercê
do tempo, os raios numinosos do sol incidindo nas palavras que não mais
refletem as metáforas das in-verdades fingindo serem as águas, que na fonte, jorram
o genesis do campo de lírios, salpicados do orvalho do tempo.
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade da in-diferença assediando as esquisitices das ferraduras atrás
das portas do efêmero como símbolo, signo das cavalices de cavalgar, marcheando
os limites e obstáculos, nos pedregulhos e cascalhos, a pomposidade e vaidade
do apocalipse ser o caos do genesis, morrer ser o diáfano princípio do
des-eterno que re-colhe e a-colhe as dialéticas sublimes e divinas do
sempre-jamais:
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade do sem-vazio enamorado pelo instante-limite que se trans-borda
de desérticos oásis à luz do horizonte versificado de universos ao léu do
espaço sideral, sem estrelas e lua, sem o picadeiro do infinito, para
des-embocar lívido e leve no inaudito da floresta sem flores silvestres, sem
veredas que indiciam o orvalho do tempo a cobrir as folhas do ser;
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade do solstício do cão vira-lata que fuça os lixos das esquinas à
busca dos gozos dos ossos que originam a carne que sera matigada a rigor e
critério pelos caninos e os a-nuncios dos instintos serão seivas do ofício
ocasos dos causos do crepúsculo;
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade... Vontade... Vontade... No volo da Tarde, crepúsculo da sombra,
alvorecer da penumbra, ocaso do sol, as miríades do verbo, as efígies dos
gerúndios e particípios, a verdade da Luz do Amor, sem distâncias, sem
longitudes, sem o toque corpóreo, sem o aliciamento da carne, mas a verdade do
espírito da alma, alma do espírito;
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor.
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Vontade... Vontade... Vontade... No êxtase da morte, pedir com aquela
vozinha terna, meiga, serena que me abram a janela da alcova, quero sentir o
toque do ventinho fresco e suave, quero sentir o raio de sol numinando os
lugares, especialmente o leito onde deixo a vida para jamais retornar.
Noubliez jamais de um lusíada alvorecer do amor
Paz na terra aos homens de boa vontade!...
Manoel Ferreira Neto.
(18 de fevereiro de 2016)
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