/**ETERNO DAS SOLIDÕES**/ - Manoel Ferreira


Solitário, isolado, vejo-me cercado de montanhas gigantescas.
Diante de mim abrem-se abismos onde se precipitam as torrentes formadas pelas chuvas das tempestades. Desde as montanhas inacessíveis, para além do deserto que nenhum pé humano calcou, até a extremidade do oceano desconhecido, dobra o espírito daquele que cria, re-cria, in-venta, re-faz o eterno das solidões, o absoluto dos verbos de sonhos, incessantemente, e rejubila-se a cada átomo de pó vivificado graças à sua palavra, graças aos vestígios silábicos de desejos de êxtases e glórias.
Há quem diga pensar eu que somente sozinho no quarto, no meio dos livros, encontro as palavras para saciar a sede de conhecimento, a fome de realização como homem e indivíduo, des-velo as semânticas e linguísticas, janela de meu ser. Não sei mesmo se estas palavras são verdadeiras, se elas realmente dizem de algo sério e sincero, de algo sensível e trans-cendental ad-jacente ao inter-dito inaudito das nostalgias, melancolias e saudades do tempo.Contudo, sei que, enchafurdado no meu canto, sou livre para atingir os liames do espírito e da alma, tecendo sentidos e símbolos para o retorno à paz, à felicidade, antes disso até, à minha vida quotidiana. Do alto de minha solidão, de minha lucidez, abrangendo com o olhar, para além do riacho, desde os vales férteis até as colinas, ao longe, vejo em torno de mim tudo.



Manoel Ferreira Neto.

(12 de fevereiro de 2016)

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