**CÍTARA DE IPSEIDADES DO VERBO E DO TEMPO** - Manoel Ferreira
Amar... Amar é verso re-verso de estrofes. Amar é estrofe in-versa de
metáforas. Amar é soneto ad-verso de linguísticas. Amar é trova trans-versa de
semânticas. Amar é chave de ouro além-versa das dialéticas dos desejos e
in-desejos. Amar é tocar na poesia e sentir a poiética do verbo enamorar-se da
poemática do ser. Amar não é nos versos da poesia o romantismo das utopias da
eternidade, prazer e gozos sentir.
A-e-i-o-u... Feto, féretro...
Neblina de sorrelfas con-templadas à diáfana luz de subjuntivos
pretéritos, à pálida sombra de particípios crepúsculos, à densa neblina de
declinações dos lácios verbos do alvorecer, nadificado o tempo de rarefeitas
quimeras, solipsismado o verbo-silêncio de eventuais volúveis volúpias,
ipseidados os gerúndios do eterno no catavento do afluir-a-ser, solidão criada
para re-fazer sendas e veredas do in-audito sentimento do efêmero, silêncio
re-fletido para sin-estesiar confins e arribas do im-perceptível.
Re-crio o nada de miríades do desejo de vislumbrar o cerne da esperança
de neblina pairar na superfície do abismo, em cujo espaço o nada per-forma sua
dança à mercê do vento gélido ad-vindo das profundidades abismáticas, das
ipseidades abissais do in-inteligível, e sonho na madrugada de silêncio o
orvalho respingando as folhas, o vento suave tocando as nostalgias e
melancolias do tempo, as rosas que, ao amanhecer, des-abrocharão, exalarão o
perfume que inebriará o espaço.
Quiçá não possa voar, dando asas à imaginação, mas nas asas das
metáforas com que a linguagem e o estilo crio possa pairar nas con-ting-ências,
dialécticas, flanar no útero que gera o ad-vir de outros instantes-limites a
conceberem novos nadas e in-finitos. Quiça possa alumbrar os sentidos que
re-crio e com eles inspirar-me as esperanças a-nunciadas e não re-veladas,
des-lumbrar os contra-ditos que mergulhei no in-terdito e com eles
re-sin-estesiar o abismo das metáforas versais e trans-versais, a caverna das
inversões da estética do pleno e do belo.
Na fonte originária das travessias, águas sublimes de pureza iniciam a
longa jornada nos caminhos sem margens, sob os raios numinosos do sol, sob o
brilho da lua minguante, sob a cintilância das estrelas. Tempo de re-fazendas,
versos e re-versos, estrofes e in-versos do poema de águas, per-fazendo sem
métricas e rimas os in-terditos da alma sedenta de verbos que iluminem os
caminhos de trevas, a selva de mistérios e enigmas, a floresta de forclusions e
manque-d´êtres. Esperanças do verbo... Esperanças do ser... Esperanças do amor.
Místicos sentimentos do eterno sublime pro-jetando nos leves pingos da
chuva fininha a felicidade que perpassa no movimento do tempo, do vento o
silêncio subjuntivo de pretéritos imperfeitos, alcançando o espírito da
perpetuidade concebida à luz das cores vivas do arco-íris, atingindo a alma do
absurdo gerado ao leu medieval das trevas multifaceladas de cores.
Metáforas métricas de linguísticas ad-versas do tempo e do ser, ao lince
do vazio de volos protelados aos universos longínquos do vir-a-ser, do nada de
olhares tergiversados de dúvidas de o verbo não ser o infinitivo da verdade, do
absoluto, o infinitivo da verdade não ser o absoluto do verbo. Crio, re-crio,
invento, in-vestigando os interstícios da alma carente de silvestres alamedas
do amor, palavras neológicas a sensibilizarem a carne da liberdade de revelar o
inaudito do eidos do ser...
Na colina de oliveiras, a linguística do silêncio, resto da solidão que
solsticiou o primevo do tempo seduzido do genesis do ser nas bordas do não-ser,
ampliando as areias do deserto aos auspícios do horizonte sem confins e
arribas. A alma dos cem anos vagueia no gerúndio dos pretéritos indizíveis,
perambula no particípio de subjuntivos ininteligíveis à luz das nonadas do
manque-d´être, deambula no indicativo das linguísticas do tempo imperfeito de
versos e estrofes de memória que trans-literaliza o caos da contingência em
cosmos da trans-cendência, e no Everest da colina os ventos dançam a Ópera do
Verbo Efêmero, as estrelas atrizes da esperança do belo, a lua coadjuvante do
sonho da beleza versificam em gestos os campos de lírios, a harpa e a cítara
executam o ritmo e a melodia da morte na alma, violino e saxofone executam a
musicalidade do Amar, Verbo Intransitivo, e Diadorim desbrava o ser-tao das
veredas.
Manoel Ferreira Neto.
(22 de fevereiro de 2016)
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