ENSAIO-SÁTÍRICO DA MESTRA E AMIGA RITA HELENA NEVES À SÁTIRA "À SORRELFA DE VENTOS AMAINADOS"
**À SORRELFA DE VENTOS AMAINADOS - REVISADO**
(Manoel Ferreira Neto)
O autor faz, neste texto, uma “descrição” sobre pessoas ditas
“importantes”, habituadas a “aconselhar” os” menos favorecidos”, à busca da
“Verdade”!
Com sarcasmo e grande dose de cinismo, o autor descreve esses tais
“mestres” como pessoas dissimuladas, mentirosas, manipuladoras, inescrupulosas
que, enquanto desfilam seus discursos “arrumadinhos”, destilam sua
desonestidade, a todo o vapor, corrompendo, inclusive, a decência.
Melhor seria ficarem calados e assumissem suas pequenez e incompetência,
a preferirem se fantasiar de pessoas “idôneas” , de caráter “ilibados”.
Haja vista os políticos: haverá seres mais sórdidos do que esses no
universo?!
Vendem suas almas ao diabo por qualquer coisa... Embora estejam cada vez
mais “exigentes” no que tange aos bens materiais, uma vez que, há muito,
esqueceram de Bens de virtudes...
Foi-se o tempo...
E não há nada mais asqueroso do que um governo tripudiando sobre o povo,
quando o subestima acintosamente, sem o menor pudor ou senso de ridículo!
Ridículos! Exatamente é isso que são as pessoas que trocam sua liberdade
em troca de angariar quirelas materiais, quando poderiam conquistar o mundo com
ideias e ideais grandiosos que favorecessem a humanidade...
Mas, não poderiam! São ridículos demais, tacanhas demais, obtusos
demais, vermes demais para isso!
A vida dessas pessoas se limita às quirelas materiais, não conquistadas
pelo suor de seus rostos, mas, usurpadas de outrem, ignorantes e, porque não
dizer, inocentes, até.
Mas, sorrelfas, na calada da noite ou à luz do dia, bancam- se de
“mocinhos”, “heróis”, “salvadores da pátria” que tornaram pútrida, apresentando
soluções de grande magnitude para todos os nossos problemas e assinam em baixo,
sem dó, nem piedade daqueles aos quais sabem que vão enganar!
Hipócritas sem solução!
Enquanto tudo isso acontece há séculos...
O povo festeja o carnaval...
Rita Helena Neves
**À SORRELFA DE VENTOS AMAINADOS - REVISADO**
Bons dias!
Diz a sabedoria popular – que, aliás, concordo e endosso em todos os
gêneros e espécies da consciência e inconsciência, dos instintos simples e elevados,
laias e gêneros, estirpes e graus – se conselhos fossem bons, dessem os
resultados esperados, surtissem os efeitos desejados, não seriam mesmo dados,
doados, sim negociados e vendidos, que aliás endossa a refinada inteligência e
visão da vida e realidade, e embora a minha concordância e endosso, aplausos e
encômios aos que assim pensam e são capazes de jurar com a mão direita sobre o
Livro Sagrado, ouso dizer algumas palavritas que se me a-nunciam serenas e
leves à mente que podem com perfeição servir de bússola para as direções
inúmeras do caráter e da personalidade. São conselhos à sorrelfa de ventos
amainados, visto que não desejo de modo algum sustentar e ostentar empáfias de
valores e virtudes, desde tempos imemoriais vivo cada instante de minha vida em
busca deles, sinceramente não os encontrei inda, talvez porque amanhã serão
distúrbios da psique, serão doenças da alma e do coração, ou simplesmente
coisas absurdas e obtusas, das que quem as revela é caguincho notório.
Confiai vós, homens de todas as índoles e idoneidades, de todos os
lídimos, em quem nos banquetes 0800 rasga todas as sedas na solidariedade e
compaixão, na amizade e amor dos que educam e ensinam os conhecimentos
inesquecíveis e duradouros, eternos e universais, porque lhe será oferecido de
gorjeta ou brinde uma compota de doce de abacaxi, ser-vos-á levado um pouco
dessa delícia da culinária para comer e sentir os prazeres dos deuses do
Olimpo, e depois, com a pança cheia, logo pela manhã, ao chegarem ao serviço,
descem o sarrafo em todos os que se entregaram de corpo e alma aos sonhos das
ciências e das artes, era um modo de não serem inúteis e imprestáveis às
verdades de seus tempos e templos.
Acreditai vós, indivíduos de todas as laias e estirpes, de todos os
pedigrees, em quem elogia todos os vossos princípios, lemas, atitudes e ações,
comportamentos, mazelas e intrujices, em todas as vossas palavras, que foram
acumulados ao longo das experiências verdadeiras e ambíguas, das vivências em
situações complicadas, em sofrimentos dilacerantes, e depois, de preferência
não pelas costas, como está escrito e inscrito no figurino das traições, mas à
luz do que há de mais obtuso, na alcova dos encontros íntimos, dizerem que sois
indivíduos sem qualquer senso de razão ou sensibilidade, sem qualquer percepção
do belo e do absoluto, sois verdadeiros zero à esquerda em tudo, obtudos de
casaca e bengala, desde o ato de nascimento ao ato de “morrimento”, nada sois,
em verdade. E por que deveis acreditar neles impiamente? Porque as verdades deles,
os juízos que fazem, as críticas que expressam, os sarcasmos que emitem, são
frutos e experiências de suas incapacidades de sentir e con-templar os
horizontes do nada, as perspectivas do buraco negro, os ângulos do uni-verso às
voltas com o chinfrim e insosso, com as nuanças do vazio eterno.
Sintai bem profundo em vós, cônjuges de todos os amores e
concupiscências, o que é isto, no inverno, com neblinas sobre as montanhas,
dormir em camas diferentes e quartos outros, durante o inverno, não fazendo jus
“ao cobertor de orelha” que têm à dis-posição em toda a madrugada, seguindo os
ponteiros de segundos e minutos do relógio na parede da sala de visitas ou da
cozinha, onde as guloseimas e fino paladar são preparadas a critério e rigor,
de preferência sem cobertas, cobertores, como vieram ao mundo, e só
permaneceram longe disso devido à tradição de que a intimidade deve ser
ocultada e omitida, porque a nudez do corpo irá mostrar-lhes a verdadeira face
da carência e solidão, e assim em todos os olhares das neblinas sobre as
montanhas e serras, estarão sempre presentes as maledicências.
Percebei nos interstícios de vossas almas, nas pré-fundas de vossos
espíritos, as lágrimas verdadeiras pelos sofrimentos dos íntimos e amigos bem
próximos ao coração, mesmo que vos pareçais serem paradoxos dos instintos,
exageros das idéias e conceitos, porque, assim, vos serão a-nunciadas as
vontades e desejos profundos da verdade e do absoluto, vistos à luz dos
instintos despirocados e ensandecidos.
Vislumbrai as luzes da seriedade e sinceridades, sob as palavras
verdadeiras e absolutas, eternas e uni-versais da Vida, e con-templai todas as
hipocrisias e falsidades, farsas, pois que elas irão em todos os tempos e
templos id-ent-ificar o que trazeis em vós dentro, o que há de mais
esplendoroso e iluminado nos interstícios de vossos instintos; ambas, as palavras
verdadeiras e as hipocrisias, com efeito, serão as sementes fresquinhas e
férteis para os frutos deliciosos das ambigüidades do nonsense e hilário, sendo
assim o itinerário garantido para as belezas da metafísica e do espírito, não
havendo mais com o que vos preocupardes de sandices e des-equilíbrios do
coração e mente.
Tendes o atrativo da beleza, que com a mais divina das razões e mais
absoluta das expressões preferis a todas as outras coisas, a todos os outros
pensamentos e idéias, a todos os valores e virtudes, pois é graças à beleza que
exerceis absoluta tirania mesmo sobre os mais bárbaros tiranos, mesmo sobre
insensíveis carrascos e ditadores, mesmo sob os políticos analfas de pai, mãe e
betos. Podereis saber de que provêm aquele feio aspecto, aquela pele
"híspida", aquela barba cerrada, que muitas vezes fazem parecer velho
um homem que se acha ainda na idade da flor desabrochada e esplendorosa, se
acaso não houver a perda dele nalgum covil de idôneos indivíduos, que professam
com suas piadas de caserna, suas brincadeiras, suas bobagens, o silêncio e a
melancolia.
Dissimulai, enganai, fingi, fechai os olhos aos defeitos dos amigos, ao
ponto de apreciardes e ad-mirardes grandes vícios como grandes virtudes.
Acrescentai, com serenidade, de preferência com os olhos rasos dágua, que a
loucura é a única que cria e conserva a amizade. Não me lembra que o disse,
"As grandes obras deste mundo foram sempre realizadas por doidos.", a
loucura é a pedra angular da vida "si mesma". Quase todos os homens
são varridos de pedra; mas por que quase todos? Seria que me estivesse
esquivando da generalização, que é um dos mais divinos distúrbios da razão e da
sensibilidade? Seria que estivesse simplesmente tentando amainar? Nada disso,
posso garantir-vos. É que não há quem não faça suas loucuras e, a esse
respeito, por conseguinte, todos se assemelham; ora, a semelhança é justamente
o principal fundamento de toda estreita e refinada amizade. Não vos esqueçais,
no entanto, de apreciar e ad-mirar as vossas grandes virtudes e insofismáveis
valores, aí tudo se encaixa, como dizem os mineiros, especialmente os
curvelanos, direitinho.
Roubai a vida a quem desgosta de si mesmo, persuadiu-se de que nada
poderia fazer de belo, gracioso, decente, languescei o orador em sua declamação,
inspirai piedade ao músico com suas notas e seu compasso, vereis o cômico
vaiado em seu papel, provocarão o riso o poeta e as suas musas, o melhor pintor
não conquistará senão críticas e desprezo, morrerá de fome o Zé com todas as
suas receitas, em suma Nereu aparecerá Tersites, Faão como Nestor, Minerva como
uma porca, o eloqüente como um menino, o civilizado como um bronco. Por tanto,
assim vos digo, é necessário que vos elogiais e aduleis a vós mesmo, fazendo a
vós mesmo uma boa coleção de elogios, em lugar de cobiçar os de outrem.
Devo calar-me? E por que devo calar-me, se tudo o que vos estou
aconselhando é mais verdadeiro que a própria verdade? Se não se trata disso,
peço-vos ajudar-me a me dirigir às Musas e pedir-lhes que me auxiliem,
dispondo-se a vir de seu Helicão até a mim, tanto mais quanto os poetas tantas
vezes cometem a indiscrição de fazê-las descer por meras frioleiras. Vinde,
pois, por único instante, ó filhas de Júpiter, pois desejo mostrar com
eficiência que a sabedoria desses conselhos se chama o baluarte da felicidade,
só acessível aos que são orientados pelos paradoxos da ambigüidade e do
sarcasmo.
Esmerai na pintura do rosto, passai a vida diante do espelho, arrancai
fios brancos de barba, ostentai seios flácidos e enrugados, cantai com voz
rouquenha e hesitante para despertar a lânguida concupiscência, bebei à grande,
intrometei-vos nas danças das mocinhas virgens e desoladas, no forró das
divorciadas e encalhadas, escrevei cartas amorosas, de preferência inspiradas
no romantismo de primeira fase – assim as velhas raposas agem para dar coragem
aos seus custosos campeões.
Notai, en passant, o privilégio que têm os bobos de poder falar com toda
a sinceridade e franqueza. Haverá, pergunto-vos com os olhos perdidos nas
montanhas cobertas de neblina, suspensos no vazio, coisa mais louvável que a
verdade? Se bem que o provérbio de Alcebíades diz que a verdade se encontra no
vinho e nas crianças; tudo o que o tolo encerra no coração ele o traz também
impresso na cabeça e o manifesta em palavras.
Estabelecei, artigo por artigo, quantos círios e quantas velas devem
arder nos funerais dos corruptos, hipócritas, falsos, dos políticos mesquinhos
e medíocres, quantas pessoas vestidas de luto, quantos músicos, quantos
carpidores devem acompanhar o féretro, como se, depois de mortos, duros e quase
fedendo, ainda pudessem conservar alguma consciência para gozar o espetáculo, a
homenagem a eles feita pela idoneidade de seus caráter e personalidade, ou
soubessem ao certo que os mortos costumam ficar envergonhados quando os seus
cadáveres não são sepultados com a magnificência exigida por seu próprio
estado, especialmente os políticos ficam aborrecidos porque não deixaram o
Estado se enriquecer com a labuta encarniçada do povo, e não foram reconhecidos
e considerados por atitudes tão nobres.
Manoel Ferreira Neto.
(06 de fevereiro de 2016)
Comentários
Postar um comentário