Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O POEMA Nós-Nos-Encalços-da-Vida-indo ****



Nossaaaa que lindezaaa, a poesia sensacional e toda uma magia envolvendo a arte da Graça Fontis! que coisa mais lindaaaaaa, arrasaram meus lindos!!!Bjos Manoel Ferreira Neto
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RESPOSTA AO COMENTÁRIO SUPRA
Me não lembra quem o dissera, se Mário de Andrade ou Clarice Lispector: "Conto é o que eu chamar de Conto" - posso estar equivocado, mas me parece ter sido Mário.
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Assim, o verso verdadeiro para mim, o ponto de vista é meu; contudo, o verso deverá trazer no seu bojo a poesia, a estrutura poética, a linguística, semântica, metafísica, forma, tudo isto em sintonia, harmonia com a alma, suas experiências vivenciais, seus ideais, sonhos e esperanças, sobretudo o desejo do OUTRO que vem atrás do EU, e que, engastanhados, constituem o SER. Leva-se a vida inteira para atingir essa façanha, e mesmo assim haverá lacunas, hiatos... A função, o compromisso, a responsabilidade do poeta/escritor é com efeito essa busca, esse desejo, sobretudo a da Vida verdadeira, a vida que sou eu, a vida que és tu, a vida que é ele, isto é, "eu, tu, ele, nós, vós, eles" vivendo a vida que nos é, quem somos em nosso íntimo, no espírito de nós.
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Em "NÓS-NOS-ENCALÇOS-DA-VIDA-INDO", tentei criar o "verso verdadeiro", numa jornada aos recônditos de minha alma, pudesse eu chamá-lo assim, a verdade de minha Arte, a verdade de minha Vida, Arte e Vida criando o Ser, sendo o Outro a habitar-me. Nos encalços da vida indo: palmilhando os passos da vida na continuidade do tempo e das experiências. Como diz os versos: "Querer o verso verdadeiro é criar..."/Somente a criar devo aprender..."
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E você, Soninha Son, Sonia Gonçalves, com certeza vai perguntar: "Você criou o "verso verdadeiro" neste poema?" Tentei criá-lo, torná-lo verdade. Se o fiz, se não o fiz, são vocês os críticos literários, os leitores quem podem responder a esta perquirição. Mas posso dizer: está bem escrito, conforme a inspiração, intuições, sobretudo as intenções. Há o que define a Arte Poética nele. Ouso dar-lhe uma nota: Merece a nota 7 - o professor é bem ranzinza, intransigente até no último fio de cabelo.
Beijos nossos, querida!
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NÓS-NOS-ENCALÇOS-DA-VIDA-INDO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Nós-nos-encalços-da-vida-indo
Tu-nos-pés-do-tempo-passando
Ele-nos-calcanhares-do-desejo-a-nunciando-se
Ela-na-cola-da-liberdade-projectando-se
Vós-na-sombra-da-imaginação-fértil-revelando-se
Eu-de-mansinho-debulhando-as-contas-do-terço
Você-nas-trevas-do-inconsciente-re-colhendo-medos
Eles-de-mochila-nas-costas-pervagando-no-deserto.
Elas-nas-pegadas-do-tempo-sonhando-amanhãs.
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As palavras volando idéias
Do apogeu da compl-etude
Em cujas asas do verbo os desejos
In-fin-itivam a línguística da verdade
Em cujas ondas serenas do mar
Gerundiam filosofias do espalhar-se na areia,
Do embrenhar-se no bosque, do perambular na orla
Desfiando simbólicas letras no signo lúdico de sin- cronias e sin-estesias dos instantes que seguem a
linha do tempo, enovelando sonhos, a-lumbrando o vir-
a-ser em cujas eurítides uni-versais do sublime moram
a magia mística do eterno, "... é na simplicidade o
despertar dos melhores sentimentos...", mistério mítico
do espírito. Miríades de luz perpassando os ventos.
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Começar do in-verso para atingir o verso verdadeiro ou inicializar da in-verdade para alcançar as re-versas utopias que florescem à soleira das idéias da liberdade.
Palavras de ad-versos sentidos,
Tremendo pela impetuosidade de significantes
ao vento, re-versas metáforas correm na
terceira margem no rio de góticas sabedorias,
nas nascentes do espírito, na ampulheta do
tempo, os avessos das intenções.
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Querer o verso verdadeiro é criar, querer as re-versas utopias é re-criar a arte da criação. Somente a criar devo aprender.
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E onde a águia, o gênio de pupila ovante,
Tem vertigens, auras, desfalece e cai,
A ceguinha débil, vagabunda, errante,
D´Olhos às escuras, Infinito adiante,
Num enlevo aéreo perpassando,
Num enlevo aéreo perpassando vai!...
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Branca e pequenina, ligeirinha e leve,
Corta por abismos, plagas sem faróis,
Várzeas sem limites, mangues a perderem de vista
´Stepes infindáveis que ninguém des-creve,
Que ninguém ins-creve livre,
Que ninguém narra solene,
Lúgubres desertos de mudez e neve,
Bátegas de brasas, turbilhões de sóis...
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Lembras-te da noite de poesia neoclássica
Em que a lua e as estrelas brilhavam pelos céus
E nós, unindo nossas almas,
Erguemos a ampulheta às águas da fonte,
Ao verso verdadeiro do ser e do tempo.
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Lembras-te da manhã do poema simbólico
Em que a neblina cobria as montanhas, o mar, a natureza
E nós, observando o que nos habitava o inconsciente,
Levantamos uma taça de vinho aos mistérios e enigmas,
Às metáforas do verbo e das metafísicas do desconhecido.
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Vem um anjo abri-las; a ceguinha mansa
Põe-se de joelhos, em adoração...
Diz-lhe o anjo: - Toma, guarda esta lembrança:
Uma palma d´astros, a luzir Esp´rança,
Que à velhinha humilde levarás na mão!
Rio de Janeiro(RJ), 07 de maio de 2021, 08:12 a.m.

 

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