FAÍSCA DE FOGO À LIBERDADE🌬 GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ***


Da FAÍSCA de fogo

que rasga o uni-verso da con-tingência,

que desfia o infinito sudário da liberdade,

que descostura as linhas contínuas,

que des-nodoa a película de sombra da conquista,

po-eiras milenares trasladando

os restos do verbo que se tornou carne,

à beira das conjugações do tempo

 que se fizeram pele,

das regências do desejo e vontade que revelaram pelos,

sujeitos aos calafrios, delírios

das figuras de linguagem e estilo das idéias que mostram

com engenho a utopia do sublime e da consciência, gerenciando delíquios,

das noites outonais de pre-núncio de inverno,

os vestígios do tempo metamorfoseados em utopias

para as linguísticas do in-audito,

para as estilísticas de mistérios e enigmas,

para as semânticas do verbo-amar

e ser-verbo-de-amar,

para as son-estesias dos ventos do eterno

perpassando o uivo do lobo,

desgarrado da alcatéia, solitária "mezza notte",

silencioso céu hibernal que até sob

o seu sol por vezes conserva silêncio,

as suas estrelas libertam brilhos circunspectos,

a lua romântica de simbologias introspectas da esperança,

imagem divina da alma e da diabrura do

inconsciente

e suas trevas defectivas, escuridões anônimas,

re-versando in-verso uni-verso trans-verso,

auras vernais vergastam vectoriais vitrais,

ouvindo sons ancestrais dentro de mim

enxergando imagens hereditárias

a fora odorantes, perfumantes re-criações:

parece que não sei mais quem sou,

perdi-me no "mim" que exalou perfumes

e não quis cheirar,

difícil não me entregar por inteiro,

conheço o segredo das manhãs sublimes,

descanso na melancolia antanhos prazeres de sentires,

refestelo na nostalgia pretéritas dúvidas,

e nas utopias lanço ósculos à sublimidade do Ser...

***

Signos bem-aventurados

dos caminhos longos do infinito,

desde o início da jornada ao verbo do tempo

que alumia de todo o falso pensamento do ser,

a farsa dos ideais entrelaçados à indiferença dos projectos,

entre a linguagem que se registra

de tinta verde e o estilo que se tinge de azul,

verde e azul que despertam sonhos postergados e presentes,

sujeitos e susceptíveis a protelações dos inter-ditos

e as fagulhas de idílios cingem,

quando as folhas trincam-se na grama verde

do estiloso engenho das cores,

onde inda se não sabe

que outra imagem criar

do limite ardente do mundo...

***

Sob a serenidade espiritual à sombra, luzes, contra-luzes, onde a auréola das árvores divinas espadela a névoa que se a-nuncia à distância, ornamento do crepúsculo, engenhosidade dos segundos a revelarem o anoitecer à moda artística da continuidade dos tempos verbais

- tempo que ficou nas retinas molhadas da saudade,

das melancolias e nostalgias

do esquecimento -,

ofuscando as luzes longínquas da esperança do ser, serra transparecendo na névoa como um corpo sob a mortalha, frondes dançando ao vento e o chão re-camando-se de pétalas emurchecidas,

firmamento plúmbeo debruçando-se sobre a cidade úmida, gélida, requerendo lareiras de chamas acolhedoras e aconchegadas,

à soleira da etern-idade ventos perpassando no cata-vento, apelo-essência,

expressão do in-efável, embora palpável, sensível,

à espreita do ser e tempo, sorrisos à mercê das coisas hilárias, sarcásticas, esgares de melancolia e vazio, caras feias de medo, prazer

à revelia das dialéticas da vida e morte,

a lenha que re-colho para colocar na lareira

in-versando de trans-versos o in-verso...

***

Do porto, ventando manso e frio,

não me apanhasse

a água da enseada que a costa faz,

para onde o mar brada e geme,

indo o coração que espera e teme alegria

mui grande para onde

se estendem os sentimentos alvissareiros,

viçosas sensações de quereres, sentires, pensares,

cortam e fendem os bons sinais.

Rio de Janeiro(RJ), 09 de maio de 2021, 09:45 a.m.

 

 


Comentários