DO UNIVERSO EM PLENA DESOVA DAS TREVAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ****
Talvez de mim mesmo...
Talvez de mui profundo n´alma
Talvez do espírito desejando
Sua síntese com as dimensões da contingência,
Do efêmero e eterno que nela habita,
Longe, em demasia longe,
De distâncias os olhos não alcançam,
_ tenho-os fechados, deitado na poltrona,
pés cruzados sobre o braço -
A percepção não adentra,
Ouço o repique de sinos,
- o que deseja dizer-me? –
Vindo de algum sítio desértico,
Enquanto a chuva tempesta a cidade inteira.
***
Ser de avessos, sin-estesia
Sim de desejos puros, inocentes, ingênuos
Sim de idéias simples, humildes, verdadeiras
Sim de ideais humanos, solidários,
Estesia do sim, numinando espaços,
Estesia do sim, abrindo horizontes,
A lua olha de soslaio a distância da estrela próxima
O espaço sideral vislumbra de esguelha os relâmpagos
As constelações riem surpresas com os raios
Que caem na terra, ceifando árvores, seres humanos,
Que anunciam, primevas pers-pectivas da imagem,
Dilúvio niilista do apocalipse de divin-idades absolutas,
As estrelas olham a proximidade da lua a versejar
Seus brilhos, desejando a luz uni-versal da verdade
A escuridão do uni-verso em plena desova das trevas,
Aspirando a dialética da iluminação trans-versa às ideologias do Bem e do Mal, Esperança e do Antitético
Versando a escravidão de homens bêbados de boêmias
À luz das ruas áridas e íngremes de solstícios do alvorecer,
À semi-luz das cavernas solitárias e silenciosas de estalactites,
Cambaleando, tropeçando, catando cavacos, arrastando nas sarjetas, dormindo nos canteiros de praças públicas,
À busca da canção executada na harpa da suprema querência
Do sentimento da vida, enleado e entrelaçado à espiritualidade
Do ser tempo no agreste dos verbos do estar-aí, do tal-aqui-agora,
Boêmios lúcidos à sombra das calçadas pectivando
As pers de suas solidões, silêncios, abandonos, tristezas.
Rio de Janeiro(RJ), 10 de maio de 2021, 00:24 a.m.
Comentários
Postar um comentário