**ASSIM VOCIFERAVA O GURU CHAMONE GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO ****

Há quem diga os ramos movem com o vento, outros que os ramos não movem, o vento é que o faz, e há inda outros que dizem não serem o vento e as folhas que movem, sim o coração, ele que move os ramos e o vento.

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Há escritores sem saber e escritores sem querer - as letras autênticas são cada vez mais agulhas no palheiro, especialmente os escritores autênticos.

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Há nas entre-linhas enigmas do não dito, não expresso, e, não havendo o dito nas entrelinhas, o interdito são anúncios de que não há enigmas nas entrelinhas, ilusões de ótica que devem ser delineadas, infernissadas de investigações, avaliações para serem inteligíveis aos olhares das intenções fundamentais de compreensão.

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Há quem re-vire a ampulheta sempre que a areia termina, há quem não a re-vire, tornando-a apenas um ornamento, arrebique sobre o móvel da sala de visita, sobre a escrivaninha no escritório. Qual deles acredita solenemente que a areia é símbolo da vida passando no gargalo do tempo? Talvez nenhum deles o saiba, sabê-lo altera muitas coisas, melhor o desconhecimento.

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Há toques e gestos que alimentam o amor, fá-lo florescer, fá-lo crescer, e crescer, e crescer, transbordar-se de felicidade e alegrias. Há palavras que a cada sílaba pronunciada fazem o amor tornar-se mais grande, mais grande, mais grande, semelhante aos eucaliptos no coração do sertão, sentindo ele que ultrapassará o eito celestial, que se refestelará na sombra da eternidade na hora bem-aventurada do entardecer, e na aurora criará novas conquistas a serem real-izadas, novos amores a serem aliciados e seduzidos.

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Há momentos que se efemerizam de imediato, não deixando quaisquer vestígios de sua presença. Há outros que são assimilados pela memória, e nada há que os en-vele ou dissipe-os, são estes que alimentam a alma no prosseguimento de sua jornada na vida.

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Há virtudes que tornam o homem modesto e manso como uma ovelha; com isto transformam a água em vinho delicioso. Há valores que transformam o homem no melhor animal doméstico do homem, por isso adora as correntes.

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Há princípios que dignificam, elevam, engrandecem a liberdade e a consciência de o destino ser criação e re-criação; há princípios que alienam, destroem, a liberdade torna-se escravidão e a consciência torna-se in-consciência.

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Há veredas, apesar de todas as suas sinuosidades, que levam à colina de onde se pode con-templar o panorama do vale, comer com os olhos a sua beleza e esplendor. Há veredas, apesar de não haver qualquer sinuosidade, que levam ao abismo e a sua profundidade é o destino irreversível.

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Há a aurora que inicializa o dia a ser vivido com as suas con-tingências e sonhos; há o meio-dia e a tarde que deslizam projetos, objetivos no tempo, segundos, minutos, horas, e precisam ser verbalizados, para no crepúsculo iniciar a delineá-los com primor, tornar-lhes luzes para clarearem a escuridão da noite, da madrugada, há o anoitecer que desperta a vontade de outro alvorecer. Há o tempo que acorda para a responsabilidade com a vida, a liberdade com os desejos e vontades do "Ser"

Rio de Janeiro(RJ), 12 de maio de 2021, 17:43 p.m.