#LINHAS CACTUSEANAS DO IN-GLÓRIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ***


#LINHAS CACTUSEANAS DO IN-GLÓRIO#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: POEMA

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As riquezas ocultas são fragmentos vazios dentro de sonos abismáticos...

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Inferno

Chamas perpétuas crepitando livres pretéritos e inconsciências,

Falácias reverberando pecados retrospectivos,

Sopro de mitos incorporado à alma perdida nas florestas

Indevassáveis de arbítrios que emitem gritos desprovidos

De sons, antigos,

Sonos não ecoam, esvaecem-se no espaço inominável do vácuo, oco

Sentimentos complicados não descansam,

Mergulham numa espécie de trevas,

A influência capitosa do vinho faz sentir com intensidade

As penúrias da solidão...

E, no silêncio, murmuram as tragédias do vazio,

Murmúrio de agonia,

Murmúrio de ansiedade,

Murmúrio de medo...

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Onde o esquecimento a esquecer o desenrolar

Dos instantes-já de absurdos?

Onde olvidar o tempo de coisas que nos erros

Submergem nos porôes obscuros, nas sarjetas obtusas?

Onde a voz a reclamar os pretéritos fúteis,

Pensamentos e idéias truncados a ensombrearem

Ideais perdidos, angústias, desolações,

Driblando a inconsciência de carências profundas,

Ressentimentos, mágoas guardados com esmero,

Obscurecendo as intenções de artificiar as trilhas do destino?

Quantas fogueiras seriam mister para afugentar o frio,

Gelando o corpo,

Faíscas suspensas no tempo?

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Mãos vazias,

Frustrados os princípios a esboçarem

As metas que traçariam modos de tecer

A colcha de quimeras, sonhos que cobre o leito dos fracassos,

O edredon de fantasias, ilusões aquece

A frigidez das moléstias da psique

Espírito do subterrâneo habitado de ilusões fortuitas,

Mister tirar do peito inseguranças, medos,

Na boca urgente canto rápido

Feito da impureza dos momentos,

Da má-fé das atitudes e gestos, fugas do sofrimento,

Sombras que atrás de si deixaram,

Risos sem lábios flexíveis,

Pupila e retina secas do mundo aí,

Gargalhadas sem boca,

Olvidando os códigos da língua sem movimento,

Inerte qualquer jeito de alevantar-se e engrolar sagas,

Cruel existir em condição filauciosa,

Exótica, histórica, catártica, patética,

O tempo se retraindo...

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Como existir os limites,

Se é livre a imaginação,

Mas proibidas as invenções, recriações?

As águas do mar são o nada liquido, vazio liquefeito,

Porque abrangem a imensidão da vida,

É livre a navegação, remos à força dos movimentos dos braços,

Interdito construir barco...

Ondas dançam a canoa livre

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Inferno

A vida não cansa de ensinar

A psicanálise das fronteiras entre

Rogos desérticos e arrepios cavernosos

Na solidão das trevas, no silêncio das brumas,

Invadindo e violando as leis criadas, inscritas, subscritas

De cláusulas e remendos na ética regulamentada,

Vestígios e lapsos da condenação eterna,

Cantando altissonante as lamúrias,

Penúrias ritmando as dores pujantes habitam;

A morte não se cala

De abdicar sob o penar de ser

As ambiguidades limítrofes convertidas

Aos nonsenses do riste da sabença

Que percorre as linhas cactuseanas do inglório...

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Círculo de fogo, ardência ampliando-se por todos os sítios,

Refletindo as penúrias,

Nem a tristeza nem o medo e culpa,

Em hiatos de lacunas,

Nem a contingência

Dos instantes existidos de falsas visões,

Ilusões de óticas quanto tortura a idéia de situação infamante...

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Oh, parte subjetiva de mim,

Emaranhada ao tempo sem bordas,

Teto empoeirado nas mãos,

Ampulheta nos linces do olhar

As sombras pousadas no vidro,

A areia passando, passando, passando,

Brisa da noite na sola dos pés descalços,

Inda vestígios de poeiras...

No peito tristezas pulsam

Dores inestimáveis mexem-se, remexem-se sem piedade,

Se nada na opulência, posso crer-me mais que outro sofrido

Pela sorte, sinas, sagas,

Não posso dizer-me desgraçado,

Onde as condições de libertação,

Outros rumos diferentes,

Largando para trás as penúrias?

Rio de Janeiro(RJ), 17 de maio de 2021, 16:13 p.m.

 

 

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