PRINCÍPIOS DA IMAGEM E DOS VALORES SAGRADOS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ****


PRINCÍPIOS DA IMAGEM E DOS VALORES SAGRADOS
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA
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Se os porcos de todos os chiqueiros da periferia da comunidade fossem dar as atenções suínas mais secretas de seus instintos pela sujeira por cada lavagem que comem, dariam por extinto aquele surrado adágio “isto é comida de porco”, que dizem à hora do almoço ou do jantar os maridos para ofender as esposas por estarem insatisfeitos com a tramóia que está existindo no mundo, não dizem de modo algum lavagem por este termo ser vulgar, e isto é contra os princípios da imagem e dos valores sagrados, mesmo que no íntimo pratiquem continuamente a profanação e heresias, as imagens tem de prevalecer, são elas as sacrossantas e sacrílegas representantes do respeito, comiseração, consideração que recebem a cada santo dia de suas vidas pelos amigos, íntimos, conhecidos, até os inimigos sendo cúmplices e capachos de tanta idoneidade de carácter e personalidade, merecedores de troféus os mais importantes e finos que só grandes recebem, quem sabe até o Prêmio Nobel da Paz, uma bufunfa em dólares da Academia Sueca, aplaudidos com euforia, não, isto não pode ser concebido mesmo que o diabo faça um milagre divino, isto é, comem a lavagem por fome, ainda querendo dizer algo que sustente além de todos os tempos, gerações e eras, por não quererem ficar apenas como ossos, caveiras andantes no chiqueiro, não havendo quem não se assuste, pensando ver fantasma de porco no chiqueiro, alguns caindo duro e fedendo, o instinto de seus ossos de roçagarem na sujeira, não mais sentindo aquele prazer suíno no corpo, por esta razão específica comem as lavagens que lhes são oferecidas, e quando estão bem fofos de tanta gordura são sacrificados em nome dos sabores humanos ao comerem um churrasco no ponto de pernil, tomando whisky importado da Escócia, que está pelo máximo, e pelos supermercados, mercadinhos, vendinhas encontram-se a deus-dará, falsos ou originais?, eis uma questão a ser considerada com acuidade, quanto mais nestes restaurantes cariocas de “cinco estrelas”, de estrela algum, botequins “copo sujo”; o que deve ser acrescentado nisto de a lavagem que comem, dar a suína atenção, a porcada do chiqueiro não aceitaria é por cada lavagem ser tão insuportável ao estômago, não, não aceitam, só rações especiais por cada três horas, acompanhadas de medicamentos especiais, e chiqueiros de fina estrutura, é chamar-lhes porcos, não, são porcadas e com todo orgulho instintivo que possam ter, ainda mais os que a dádiva divina lhes dera, não dariam atenção, rasgariam grunhidos de imediato, grunhidos que os humanos não suportariam nem a idéia de suínos em suas vidas, correriam léguas de distância sem olhar para trás, e só interromperiam a corrida no fim do mundo, onde todos dizem que só existem vermes, como é que se diz?, diz-se perjúrio ou é blasfêmia, em Roma e para Deméter na Grécia o porco era um animal sagrado, blasfêmia encaixa melhor que perjúrio, imagine só a porcada sendo animal sagrado, por todos os cantos a sujeira e a catinga, os humanos se ajoelhando e fazendo suas orações de costas para o pôr do sol, persignando, pedindo proteção e amparo nas suas caminhadas pelo mundo, por todos os momentos pelas ruas, avenidas, becos, alamedas, rodovias e caminhos da roça, não, isto é inconcebível, nem por cada centavo do mundo para aumentar a qualidade da comida, aceitaria ser chamada de porcos/porcas, somente consentida, permitida, autorizada tal idéia no caso de ser decretado por lei que não tem esta divisão no mundo suíno, só na cachola desmedida dos defensores da dialética da iluminação, porco e porcada, são todos porcos, só nesta instância porque participar de um decreto-lei é o cume das importâncias importantes que importam aos importadores de porcos, sendo verdade que a diferença entre lavagem e rações de fina qualidade comercial nos supermercados de todas as Nações, Culturas do mundo se encontram com facilidade, os valores é que são diferentes, dependendo apenas dos bolsos de nossos criadores, já que dizer “criadores de nós” seja condenado, censurado, o que tem haver “nós” com porcos?, a não ser numa referência ao nosso rabinho enrolado como se fossem nós em círculo, quer dizer mui pouco, a questão fundamental é a água com que lavam o chiqueiro, não sabem até hoje que se lava porco ou porcada é com água suja, preferencialmente a de esgoto, ninguém dos humanos ainda sabe o prazer que sentimos com a água suja no nosso corpo, são prazeres inestimáveis, até balançamos as orelhas quando ela nos toca, indizível o que sentimos, e não, acham a água limpinha, límpida a mais adequada para nos tornar de granja, branquinhos, água de beber com que nos banham, intragáveis os sabões em pó importados com que nos ensabuam, é insuportável, e não adianta grunhir, grunhir que não vão entender o que o grunhido quer dizer, talvez uma onomatopéia da insatisfação suína, ou quem sabe um cacófato da indignação por quina premiada, isto sim, isto nos importa muito, tomar um banho de sujeira, olha, o prazer é maior do que nos roçagarmos em nossos próprios dejectos...
Rio de Janeiro(RJ), 22 de maio de 2021, 11:13 a.m.

 

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