ESPELHO INTERDICTO DE CHAMAS ARDENTES GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***


"Sob o sol a roer instantes no tudo mais de nada novo, em unção ao princípio da própria linguagem versionada de simpleza modificadora das regências verbáticas e substratos de felicidades, lutas, direitos e flagelos "Apocalípticos" que rondam a humanidade."

***

Instruo que para adejar não carece ter pegadeiras, basta instruir a imaginar e requestar. É preciso que tudo des-apareça para que tudo possa re-construir-se - re-construir-se através de um "deus único", um "deus final". Necessário perder-se para que o encontro se faça presente - nasce inexplicavelmente úmida intimidade.

***

Ouço o murmúrio do sono em marcha. O sentimento é o primeiro a partir, o orvalho da noite se faz presente. As pegadeiras são concebidas de luminosidade, da convicção e do bem-querer.

***

As cromatizações da luminosidade, do bem-querer não cessam, ascendem aos paraísos sob o amparo da convicção, refulgem no cosmos as luminosidades do pleno.

***

Inter-dicto de chamas ardentes.

***

Adopto as direcções, itinerários da existência, vias do tempo e do ser, domestico a melancolia, amanso as náuseas da saudade, educo os solipsismos do "eu", concebo o mergulho nas chamas ardentes das sensações, na matéria da palavra, enquanto rolam as percepções, intuições, enquanto rola a inspiração na roda-viva do "EU LIVRE"

***

Sinto circular nas artérias a força da essência, a irreverência e indolência dos instintos. Jamais de nunca olvidado de éritos do transacto a-nunciado de primevos crepúsculos no limiar da etern-idade consagrada da veras in totum re-flectida no espelho in-terdicto de congruente semblante, fisionomia trans-lúdica num baile de imagens performadas de perspectivas trans-versais re-versando as luzes, in-versando as sombras onduladas de cores cinéreas ultra cintilantes de brilho.

***

Minh´alma arde e sonha, já, sequiosa, sacia a sede em todas as profundas e borbulhantes fontes do consolo, repousa a tristeza na beatitude de cantos futuros, de cânticos eternos. Há um bosque cheio de sono - palavras úmidas a dizê-lo, revelá-lo? - e pretéritas confissões.

***

Percebo que qualquer estorvo consigo exceder, qualquer prejuízo à consciência posso superar e suprassumir, sou capaz de verbalizar sentimentos e desejos através de peculiar estilo de expressar, necessito de introspecção, circunspecção, experimentar os ecos de mim pois que não me é dado captar o mim propriamente dito, mergulhar profundamente num estado originário no qual quase não penso em conceitos, no qual sou eu próprio ainda poesia, imagem e sentimento. Reúno em mim o que me houve, é-me, o que haverá de mim. Pois quem possui audácia e convicção residirá fixo aonde quer que seja, sejam quais forem os ideais, idéias, utopias. Quem sobe ao pico da colina, esse ri-se de todas as tragédias, de todas as fidúcias, falsas ou verdadeiras. Vivo o meu instante e é como se vivesse anos a fio antes e depois de hoje, uma vida irreprimível.

***

Falem, tagarelem, algazarrem os feixes de palavra ascendendo, as criaturas da vida, embora, de imediato, quedando-se em suas tocas, covis, essas aranhas caranguejeiras e dando as costas à vida: decorre de que desejam ferir. Não quero ser misturado e confundido com quem declama, recita o amor, ícone da igualdade, todos os homens serão felizes amando. Porque, a mim, assim fala a justiça: "Os homens não são iguais", nem no Campo Santo: ao lado de uma sepultura sem cruz, sem nada, um mausoléu luxuoso.

***

Sons, re-fletidos no silêncio, ritmando, melodiando a ascese da psicanálise do inferno metafísico, numinado de chamas ardentes, à exegese do inferno psicanalítico re-vestido de sombrias desejâncias e querências alumbradas às quiças de tempos e ventos adjacentes à lírica sonética de linguísticas e semânticas da estesia além das inspirações, instintiva volúpia daquilo que está envelado no mais inter-dicto de mim e que adivinho(adivinhar é apenas uma força de expressão, em verdade capto além das visões, sensibilidade, além do in-fin-itivo in-finito, do fin-itivo finito.)

Rio de Janeiro(RJ), 15 de maio de 2021, 08:05 a.m.

 

 


Comentários