NÓS-NOS-ENCALÇOS-DA-VIDA-INDO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ***


Nós-nos-encalços-da-vida-indo

Tu-nos-pés-do-tempo-passando

Ele-nos-calcanhares-do-desejo-a-nunciando-se

Ela-na-cola-da-liberdade-projectando-se

Vós-na-sombra-da-imaginação-fértil-revelando-se

Eu-de-mansinho-debulhando-as-contas-do-terço

Você-nas-trevas-do-inconsciente-re-colhendo-medos

Eles-de-mochila-nas-costas-pervagando-no-deserto.

Elas-nas-pegadas-do-tempo-sonhando-amanhãs.

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As palavras volando idéias

Do apogeu da compl-etude

Em cujas asas do verbo os desejos

In-fin-itivam a línguística da verdade

Em cujas ondas serenas do mar

Gerundiam filosofias do espalhar-se na areia,

Do embrenhar-se no bosque, do perambular na orla

Desfiando simbólicas letras no signo lúdico de sin- cronias e sin-estesias dos instantes que seguem a

linha do tempo, enovelando sonhos, a-lumbrando o vir-

a-ser em cujas eurítides uni-versais do sublime moram

a magia mística do eterno, "... é na simplicidade o

despertar dos melhores sentimentos...", mistério mítico

do espírito. Miríades de luz perpassando os ventos.

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Começar do in-verso para atingir o verso verdadeiro ou inicializar da in-verdade para alcançar as re-versas utopias que florescem à soleira das idéias da liberdade.

Palavras de ad-versos sentidos,

Tremendo pela impetuosidade de significantes

ao vento, re-versas metáforas correm na

terceira margem no rio de góticas sabedorias,

nas nascentes do espírito, na ampulheta do

tempo, os avessos das intenções.

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Querer o verso verdadeiro é criar, querer as re-versas utopias é re-criar a arte da criação. Somente a criar devo aprender.

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E onde a águia, o gênio de pupila ovante,

Tem vertigens, auras, desfalece e cai,

A ceguinha débil, vagabunda, errante,

D´Olhos às escuras, Infinito adiante,

Num enlevo aéreo perpassando,

Num enlevo aéreo perpassando vai!...

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Branca e pequenina, ligeirinha e leve,

Corta por abismos, plagas sem faróis,

Várzeas sem limites, mangues a perderem de vista

´Stepes infindáveis que ninguém des-creve,

Que ninguém ins-creve livre,

Que ninguém narra solene,

Lúgubres desertos de mudez e neve,

Bátegas de brasas, turbilhões de sóis...

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Lembras-te da noite de poesia neoclássica

Em que a lua e as estrelas brilhavam pelos céus

E nós, unindo nossas almas,

Erguemos a ampulheta às águas da fonte,

Ao verso verdadeiro do ser e do tempo.

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Lembras-te da manhã do poema simbólico

Em que a neblina cobria as montanhas, o mar, a natureza

E nós, observando o que nos habitava o inconsciente,

Levantamos uma taça de vinho aos mistérios e enigmas,

Às metáforas do verbo e das metafísicas do desconhecido.

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Vem um anjo abri-las; a ceguinha mansa

Põe-se de joelhos, em adoração...

Diz-lhe o anjo: - Toma, guarda esta lembrança:

Uma palma d´astros, a luzir Esp´rança,

Que à velhinha humilde levarás na mão!

Rio de Janeiro(RJ), 07 de maio de 2021, 08:12 a.m.

 

 


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