Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA RESPONDE À ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO POEMA O Provavelmente ****



Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA RESPONDE À ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO POEMA O Provavelmente
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Perfeito Manoel Ferreira Neto seu rabiscar analítico, uma oratória com um tico crítico para o meu bem. Realmente as rimas me fascinam, mas você rimar rima com lima fica bem cansativo, então há de haver inspiração com um toque sutil de criação, e isso tudo está mesmo engendrado no fundo da alma, no lado onde habita o nosso vão poético, aquele que as palavras feias caem e submergem e tornam a nossa superfície trabalhadas, com poesias, com encanto, com algo que fascine quem as tiver lendo e ao mesmo tempo, exista um texto, uma história ou estória, sendo narrada, metaforicamente ou não, eu capto esse tipo de leitura nos teus escritos sempre.Só gratidão mestre!!!Obrigada pelo belo comentário...Bjos Manú, também para a Graça Fontis sempre ❤
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Lera inúmeros poemas de sua autoria, Soninha Son, Sonia Gonçalves, e todos apresentam uma querência irrefragável: saber a origem de sua criação poética - de onde ela vem, surge? - conhecer o seu fazer poético, linguagem e estilo a artificiarem a sonoridade dos versos. Neste poema, capto até uma certa agonia, ansiedade por sabê-lo. Creio eu que a origem está na inspiração e na intuição: a poesia nasce de entre a inspiração e os ideais da alma por realizar o intimo dos sonhos engendrados nas dimensões reais no quotidiano das coisas e do mundo; nasce entre a intuição das dimensões íntimas do ser e dos ideais comungada à percepção do vai-e-vem das idéias, a plenitude da alma nascendo nos sons da espiritualidade que delineia a nobreza da poiésis.
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O poeta/poetisa quem toma a pena com a intenção de versejar palmilha inúmeras sendas, sendas complexas, imensos são os sonhos, questionamentos, perquirições, psíquicos, emocionais, culturais, racionais, sobretudo o desejo do "EU": sou quem compus este poema, alma e espírito comungados, caráter e personalidade, engastanhados à realidade do mundo contingente. É a continuidade do tempo, do fazer poético que anunciará as vias de investigações. É a pior fase do poeta/escritor, quando lhe surge a perquirição: de onde vem, qual é a origem de meu fazer poético? Tempos complicados, complexos, angústia, agonia, ansiedade são os sintomas que se apresentam em primeira instância, corrói por dentro, "briga-de-foices-nas-sombras", o assumir o eu-poético, tornar-me quem sou. Esta briga é eterna. Já passei por isto há uns 37 anos, só eu posso dizer como fora, mas aprendi a grande lição: é na continuidade do tempo e do fazer poético o eu-poético.
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E você, Sonia Gonçalves, está neste tal-agora-aqui da perquirição solene de um poeta/poetisa: a origem de seu versejar, de onde vem. Não é nada fácil: cada um vive o seu pedaço de chão. O que você apresenta neste poema: a agonia, a angústia por saber a origem de seus versos, de seu versejar. Deixe as agonias, angústias rolarem livremente. Não interfira nisto. É preciso ter coragem para este mergulho, este poema apresenta.
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Este desejo de saber e conhecer a sua arte poética advirá com efeito, aquando você se dispuser a compor um poema que seja ensaio de seu fazer poético. Mergulhe na sua espiritualidade poética, mergulho fundo, e re-colha de lá o de que tanto carece saber. Mas deixe a espiritualidade compor o poema, não interfira, só preste atenção no deslizar da pena nas linhas da página Se estiver deslizando mais que a práxis do quotidiano do fazer poético, então, creia, a sua espiritualidade poética está se anunciando. Você encontrará o seu desejo viçoso e vigoroso. Este poema é indicação de que você está nesta trilha, de o quê dos poemas rimados, rimas interiores e exteriores, estabeleceu aqui uma categoria poética de como rimar, como a rima adentra os versos e expõe os sentimentos que floram na sua alma. O início do questionamento são as rimas: "Espere um pouco: por que rimo? Onde está a origem desta rima?" Nestes versos você apresenta com lucidez: os dramas íntimos da arte poética. Mãos à obra!
Beijos nossos, querida!
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O PROVAVELMENTE
Têm rimas que antirromânticas
Lá pelas tantas desanima o banal
O tempo tende à repetir o sempre
Executar no sempre o mesmo ritual
Algumas alegres são consonantes
Pura expressão são acordeões
Tipo um fole quando vaivém
Espanta a pródiga prole
Não se sabe de quem
Existe gente que é rima alquímica
Ri rima nobre por característica
Tem outras que não...
Toda hora mudam de amor
Trocam de pele igual camaleão
Mudam conforme o ambiente a cor
Mas é só gente que provavelmente
“Avoa” em sua ilha e brilha a estampa
No entanto têm almas plenas
Têm rimas que são antenas
Parabólicas e estáticas
Rio de Janeiro(RJ), 17 de maio de 2021, 15:10 p.m.

 

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