#ÀS PRESSAS NA LERDEZA DO TEMPO😱# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA


#ÀS PRESSAS NA LERDEZA DO TEMPO😱#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: PROSA

 

Epígrafe:

 

“...“cantico o que **despojacei** nas travessias de equívocos.”(M.F.S)

****

Covil de gênios abriga metafísica do ab-surdo, relatividades do vazio, visionismos da solidão e à beça dos ócios iluminismos das dialécticas das vaidades. Antro de néscios que desenvolvem teoremas da preguiça, geometria de alfas e betos, trigonometrias de nonsenses e delírios. Absurdas simetrias e sacras facticidades encontram-se nas linhas perdidas das constelações espaciais, nas folhas secas caídas no canteiro a tornarem-se húmus de novas folhas, despetalando-se, perfume seduzindo o olfato. Sentimentos obtusos não escondem segredos, antes articulam expectativas do abstrato caráter degenerativo. Pensamentos da morte envelam gratuidades pretéritas. Canto o que sinto espocar sem cessar, “cantico o que **despojacei** nas travessias de equívocos.” Por que não tenho raiz, copa frondosa das origens?

***

Das esperanças frustradas, dos ofendidos e matados ninguém expressa única palavra. O progresso do homem emancipado moderno, especialmente do primeiro mundo, posto como ideal para os outros, estrutura a marginalização de continentes e explicita o fenômeno do subdesenvolvimento.

***

Perdido. Desmiolado. Esta presença inominável das nonadas e sombras cinerícias seria que discernissem a lucidez de quem se abstraiu do eco de murmúrios que povoa incógnitas da perquirição solitária, quem se “despojaçou” de sussurros que habitam o íntimo, no silêncio eivados de falas de homens e nações que se engastanham na querência de falas, linguagens, estilos, eis a Identidade! Tudo é alheio ao acaso que deita quimeras calientes, que afaga no sono as utopias. Céleres diademas circunspectivando vertentes, falácias, verborréias. À superfície de campinas verdes e viçosas a consumação dos tempos patenteia-se. Primevos preâmbulos das fantasias, tornando-se semens de sonhos, salpicam as paredes da caverna, onde inconteste o silêncio reside.

***

Ando às pressas na lerdeza do tempo. Marcho a esmo no sibilar dos ventos entre as árvores do bosque. Saltito angustiado e deprimido nos becos e alamedas inóspitos. Perambulo pela periferia, pensante introspectivo, circunspecto, um andar nas vias das utopias que fluem livres.

Anônimo aos olhos de transeuntes, andarilho. À passagem da areia na ampulheta, con-templo o buraco negro. Sinto vertigens inomináveis e indescritíveis nas margens das hipocrisias e dos despautérios da veras.

***

Apesar de a alma ir pairando no vácuo noctívago, o mundo é quiçá, se não for apesar de, acasos a reverterem lembranças, recordações à deriva, utopias, sonhos, esperanças ao léu do tempo que os tece com primor, se arrancados do fundo da alma, como se arranca um aipim.

Rio de Janeiro(RJ), 17 de maio de 2021, 17:14 p.m.

 

 

Comentários