GRAÇA FONTIS POETISA ESCRITORA PINTORA E ESCULTORA ENSAIA O AFORISMO 605 /**A VIDA SABE O QUE FAZ**/ PROJETO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL# (Data de Publicação: 28 de fevereiro de 2018) ***
Magnificamente
um abrigo de idéias, desejos e valores que precariamente por ter amado a
leitura vou exercer minha capacidade de conciliar ou me aproximar um pouco que
seja deste estimulante aforismo de caráter social e polêmico; ao início dessa
dança nos recônditos das entranhas, descobre - se em concreto os sonhos a
prolongarem - se sem saber como e sem querer à busca do inesperado, quiçá um
repente deslumbramento na apuração dos instantes ao adentrar no desconhecido,
atravessando as mais estranhas e adversas tempestades da vida, de posse do
racional e o irracional, numa viagem essencialmente poética onde nos meios -
tons tudo torna - se possível e até os sentimentos mais primitivos independem
da gravidade dos instantes no limite da razão e já desencadeando forças
elementares para que se cumpra o espetáculo da elevação e transcendência da
alma como noite assaltando dia e chuva a diluir o sol... a vida e a consciência
retornam ao corpo pois ela sabe o que faz e como fazer, mesmo que o todo jaza
em estilhaços tendo o intelécto terrivelmente obstinado em saciar - se pela
inexplicável luz de verão em visita à irreversível mobilidade linguística e
estilo sem dúvida emergidos das contingências da própria solidão existencial
sentindo os aromas perfumados do botão oculto no jardim da vida e revelando a
sábia alma sem poder para mudar o mundo que deixa - se adejar livre sobre
flores e florestas concretadas! Essa foi a dimensão de meu olhar querido
Escritor... PARABÉNS e aplaudindo sempre bjs......
Graça
Fontis
****
RESPOSTA
AO COMENTÁRIO SUPRA
Mesmo que
após escrita a obra não pertença mais ao escritor, ao poeta, aos artistas em
geral, a responsabilidade dos mesmos com as interpretações, análises,
comentários dos leitores é imensa, pois que não deve permitir e consentir
adulteramentos na estrutura das idéias e do pensamento, no que a obra traz de
reflexão.
***
Num texto
neste nível, os riscos e perigos de interpretação e análise errôneas são
imensos, mesmo críticos de grandes insígnias são capazes de desconhecer certas
dimensões, devido às suas concepções e definições da Literatura, da Filosofia,
da Poesia, e nisto a obra em seu eidos é prejudicada, aí anos e anos de estudos
são necessários para desmanchar os erros cometidos.
***
Graça
Fontis merece de mim todos os louvores, reconhecimentos, aplausos por seu
ensaio deste aforismo, por ter mergulhado profundo, des-velando, desnudando o
cerne filosófico: "...limite da razão e já desencadeando forças
elementares para que se cumpra o espetáculo da elevação e transcendência da
alma como noite assaltando dia e chuva a diluir o sol... a vida e a consciência
retornam ao corpo pois ela sabe o que faz e como fazer...". Críticos
renomados não teriam esta intuição da consciência e da vida, retornando ao
corpo para transcender as contingências à busca da verdade do eterno. A
intuição, a percepção da obra em seu eidos, a vivência e convivência comigo
aguçou-lhe o senso crítico, os linces do olhar penetram dimensões invisíveis,
tornando-se transparentes.
***
Todas as
críticas e comentários realizados por ela imergem nas profundidades das obras,
mas este ensaio que realizou sobre este aforismo é divino, esplendoroso.
***
Meus
sinceros cumprimentos, caríssima companheira das artes, estimando que a cada
comentário seu você se supere. Continue esta trajetória de crítica literária,
com efeito colherá frutos saborosos. Beijos
Manoel
Ferreira Neto
***
#AFORISMO
605/A VIDA SABE O QUE FAZ#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: AFORISMO
***
A alma
circuns-pecta pers-cruta as ad-jacências de suas vivências, as almas de todos
os homens são imortais, porém as almas dos homens livres são imortais e divinas
- sentimentos des-vairados que resultaram em re-colhimento para re-criar verbos
de possibilidade de encontros, de liberdade em projetar quimeras e sorrelfas ao
além, sonhos e esperanças ao vir-a-ser de vida outra envelada nas contingências
do presente e do quotidiano.
***
A alma
intros-pectiva sonda as bordas de suas experiências - lembranças e re-cordações
de instantes de prazer, ideais e utopias olvidados por outras necessidades e
urgências prioritárias, sonhos e esperanças frustrados, fracassados, fora
esquecida a disponibilidade do tempo, num átimo de segundo impensado tudo
perdido, aleatório tudo sucumbido, tudo deposto, as bases da vida não foram
cuidadas com percuciência, a continuidade dos passos faz-se por inter-médio de
dificuldades; faltas, dores e sofrimentos são consequências in-evitáveis...
***
Até onde
vai o caráter perspectivo da existência, ou noutras palavras, tem ela mesmo
outro caráter? Uma existência sem interpretação, sem "razão", não se
torna precisamente um absurdo? De algum modo há-de se encontrar o "arco de
Epírus" não para dominar a raça humana, mas para lançar a flecha imortal
alhures, e para sempre seguindo a sua trajetória, o verbo e os ventos seu
destino. Teseu mata Hiperion, e ganha um lugar no Olimpo dos Deuses.
***
Re-cônditos
inter-stícios do nada re-fletem de con-ting-ências ab-surdos que semeiam grãos
de ipseidades no limiar da razão, jamais o nonsense será pensado à luz do
sensível, será visto como labirinto de vazios, vazio da subjetividade, vazio da
sensibilidade, nunca as nonadas da hipocrisia e falsidade serão julgadas à
mercê dos sensos de virtudes, serão sempre incólumes princípios da mauvaise-foi
que garantem os interesses e ideologias do estar no mundo desfrutando da
deliciosa ração dos rebanhos.
***
Re-fletir
tais con-ting-ências? Abandonar a razão e seguir os presságios, re-colher e
a-colher o intelecto conciliado às dimensões sensíveis, à percepção, intuição,
e seguir os desvarios e devaneios. Pres-ent-ificam-se a todo instante, são
"inte-grantes" dos valores in-sofismáveis que sustentam a
sobrevivência, não sendo mais necessário qualquer inteligência e juízo para
projetar a vida.
***
Nada
disso. Re-fletir o óbvio é brincar com a passagem do tempo, tripudiar com a sua
demora em mostrar o re-verso das ruminâncias do desprazer, o in-verso dos uivos
dos lobos nos auspícios da colina, louvando as profundezas do abismo com os
seus uivos altissonantes ao invés de para a lua cheia, da infelicidade, das
angústias, o sibilo de vento entre as montanhas.
***
Os sinos
da igreja ressoam, convidam os fiéis para a fé, colocarem Jesus no coração,
serem a efígie do bem. Poucos assistirão à missa, noite de chuva, nada mais
delicioso que o sono, mesmo sob as intempéries do pesadelo. Ao entardecer, um
raio estremeceu os transeuntes que passavam na calçada de por baixo da
marquise, bêbado dera com as fuças no chão de concreto, na porta do botequim,
assim que levantara e dera dois passos indo ao banheiro. Risos dos clientes,
depois do acontecido, ouvi o raio, fora ensurdecedor, mas continuei olhando
para a porta da igreja, luzes acesas. Começara a missa.
***
Nada a
refletir, nada a meditar, nada a pensar, ser o nada, nada solitário, nada
silencioso, nada introspectivo, nada sorumbático e macambúzio, nada
circunspecto, pervagar nas trilhas do efêmero. As verdades estão escritas no
In-finito e desenhadas nas estrelas, tudo o mais são falácias e verborréias no
tempo das con-ting-ências, a heresia muleta do não-ser, bengala dos desvalidos,
a fé complemento do vazio, o nada esperança dos peregrinos, sendeiros, sábios e
gênios.
***
Por ser
isento de pecados, Jesus viu os pecados humanos, artificiou os caminhos do bem
e do amor como redenção. A consciência do nada e as suas benesses não seriam a
liberdade, não seriam o reino no mundo? As ovelhas perdidas des-velaram,
des-vendaram o nada, a cada passo novas esperanças, novos desejos. Olhar no
rosto dos homens e ver a nossa semelhança, lembrar do olhar, somos lembrados
mútua e reciprocamente.
***
São dois,
são cem, é o mundo chegando e ninguém. Os mortos não voltam para dizerem da
ressurreição, se houve o Juízo Final, se o paraíso existe, se o inferno existe,
se lá as almas penam nas chamas, para os russos o inferno é gelado, se o
Oráculo Virgem tem o dom de ver o futuro, Acamas é filho de Teseu e o Oráculo
Virgem, que dom é este que sabe o futuro e não pode mudar o mundo?
***
A chuva
continua caindo fininha e lenta. O nada que sou sei que estiará, o sol brilhará
amanhã, brilhará forte. O mundo e ninguém. Todos... Ninguém. Se o Ninguém não
existisse, seria necessário inventá-lo. O interessante é que o Ninguém corre do
Nada como Deus de Mefistófeles. Diga com quem anda, direi quem é. É Nada
Ninguém. Se Ninguém, no regaço da alma habitam as hipocrisias e falsidades de
todos os naipes, imagino as mesmas no Nada Ninguém, divinas e absolutas. Antes
Ninguém do que Nada. Antes Ninguém do que Nada Ninguém. No seio do Nada não há
leito de flores para as hipocrisias.
***
O mundo
voltou a tornar-se infinito, no sentido em que não lhe podemos recusar a possibilidade
de se prestar a uma in-fin-idade de inter-pretações.
***
A
Felicidade é o próprio existir,
a própria
forma de existir é a Felicidade,
a própria
forma do verbo "ser" é a Felicidade.
Felicidade:
o que sou
eu na sua escalada?
***
Paz:
sinto o
amor em seus planos,
a alegria
em seus olhos,
o
contentamento em sua retina,
a carícia
em seu amor,
o carinho
em sua ternura,,
a ternura
em sua consciência.
***
Amor:
sinto o
pleno
na
brancura
da
paixão.
a
plenitude
na
claridade
da
demência.
***
Amor,
a beleza
do olhar
delineia-se
na luz...
***
Os
ponteiros do relógio continuam seguindo a trajetória do tempo, das horas. As
horas passadas não re-tornarão. Núm átimo de segundo um segundo é passado. Não
se chega ao Éden voltando ao genesis, sim seguindo em frente. Procuro, assim
somente auto – afirmação e auto – satisfação. Haver-se-ia de duvidar de que o
corpo precede a consciência? A consciência necessita do corpo para se encarnar.
***
A vida
sabe o que faz, sabedoria profunda. Momentos há que exige conhecimentos, exige
que se aprenda o que não fora aprendido, aprendizagem permeada de dificuldades,
misérias, pobrezas, dores e sofrimentos... Dá-nos o cobertor conforme o frio -
não tivéssemos condições de suportar as coisas, não nos dariam tais fardos. Isto
para os homens especiais, aqueles que ela escolhe, o que aprenderam fará todas
as diferenças. Chegado o tempo, ela mesma, a vida, cuida de mostrar os
caminhos, de orientar nas novas trilhas, caminhos.
***
Por
vezes, longos e intermináveis anos são levados para se ver um sonho realizado.
Há quem só no final da vida degusta o prazer de único sonho realizado, vive-o,
vivencia-o pujantemente. Há quem vê seus sonhos realizados, passando por
dificuldades indescritíveis, inomináveis, mas estes sonhos realizados são a
pedra de toque de esperanças, a todo instante projeta novos ideais, novas
utopias, novos desejos e vontades. Aí é que a vida reconhece o que habita o
íntimo deste homem, os seus merecimentos.
***
Nos olhos
da poesia,
a
metáfora do sublime,
sin-estesia
da querência da
humanidade
do ser,
ex-tase
da semântica,
estesia
da linguística,
presença
dos sin-tagmas
do
crepúsculo, vento suave,
Clima
ameno...
***
Na alma
da poesia,
a
sin-estesia do sentimento conciliada
à
inspiração dos desejos e volos
do
sensível e trans-cendente.
***
No
espírito da poesia,
a
liberdade do sonho
de versar
o tempo e o ser
re-fazendo
as silhuetas
do
efêmero e do eterno,
senda de
luz que despetala,
no
horizonte,
a
orquídea amarela do há-de ser
do gozo e
volúpia da felicidade.
***
No
coração da poesia,
emoções e
sensações do
res-plender
do sensível
as
dimensões trans-cendentes
do verbo
intransitivo.
***
No som do
poema, ritmo e melodia da música do verbo em sin-fonia com a lírica do
in-finito. No silêncio do poema, a intros-pecção da subjetividade artificiando
as veredas silvestres de a esperança do além trans-literalizar os recônditos
interstícios das etern-itudes, a circuns-pecção semântica e mística do
ser-verbo que seduz o uni-verso das palavras, re-criando-as espírito das
utopias do belo e da beleza. Na solidão do poema, a re-flexão dos versos e
estrofes que silesiam as miríades do tempo, o ser de luzes que iluminam os
vazios da con-ting-ência, o ser de raios cintilantes que numinam os mistérios e
enigmas da vida, trans-elevando-a aos auspícios do in-finito, onde as paisagens
esplendem a estética da pureza e do sublime e o uni-verso exala o perfume
in-finitivo do perpétuo desejo do absoluto(o in-audito da perfeição que concebe
a divin-idade do ser).
Na
profundidade da poética, os abismos ansiando a subida às estrelas, onde
semânticas e linguísticas da cintilância poetizam o espaço que vela o domus do
horizonte, poematiza a miniatura do som dos interstícios recônditos do eterno e
musicaliza de acordes da trans-cendência as in-fin-itudes do pleno.
***
Há no ser
da poética
a
evocação de um trinar de pássaro,
dos
en-cantos que fazem o poeta voar,
ouvindo
gorjear as flores no limiar da eternidade,
o ser
começa pelo bem-estar...
***
O trem do
meio-dia e meia
Trem de
passageiro,
Passava à
soleira do portão...
Por
vezes, sentava-me na amurada
Da
varanda de meu lar,
Assistia
à passagem do trem,
***
O
intelecto existe na linguagem, o estilo é um modo de olhar o rosto da
sensibilidade, das dimensões sensíveis, das contingências, ipseidades,
facticidades. Vou ficando por aqui tomando um Seager´s on the rocks e rodelas
de limão, devaneando os instante de descanso mais do que já fiz em cinquenta e
tantos anos, com uma diferença, não mais penso as contingências deixarão de
existir... O questionamento de Teseu ao Oráculo Virgem, que dom era este de
saber o futuro e não poder mudar o mundo?
***
A vida
sabe o que faz!...
(28 DE
FEVEREIRO DE 2018)
****
#RIO DE
JANEIRO**, 16 DE JUNHO DE 2020, 0022 a.m.#
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