ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA A PROSA #VESPERATA DO RIACHO E CASCATA# (Data de Publicação: 08 de junho de 2019) ***
Já fiz e
refiz várias vezes a análise do texto do escritor Manoel Ferreira Neto,
intitulado “VESPERATA DO RIACHO E CASCATA”…o que apraz-me quiçá verbalizar é
que se encontra, em imaginação, num grande evento musical do ribeiro e
cachoeira, que ele mesmo não consegue identificar bem….
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Direi
como seria benéfico encontrar-se com quem queremos num lugar desse, compondo
promessas de querença, sem haver a inquietação se um dia vai se efectivar suas
promessas.
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Oscular
cedendo a água abater-se sobre seu semblante e físico, sem ter a inquietação de
um dia no local desta água será seus aljôfares sucedendo entre seu semblante de
nostalgias, que bom seria poder tatear no ser estimado, sem ter o desassossego
de um dia isso volver nostalgias. Bem-querer nesta cascata, sem ter urgência de
expirar, e sem haver a apreensão, de tudo não passar de uma fantasia. Mas
imaginar é benéfico, motiva a pessoa habitar realidades que às vezes jamais
vamos conquistar assistir...contemplar os astros, o ruído das águas, como se ela
fosse uma trova aos nossos auscultados. Desperdiçaria sua ária se fossem
arremessadas as pedras do seu trilho.
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São os
estorvos que causam suas águas continuarem. Nenhum penhasco, por mais sólido
que seja, é competente de embargar a água. Ela possui erudição para torneá-lo e
cursar em frente, com a pujança da maviosidade...
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Ninharia
é mais aprazível e nada é mais pujante do que a água, jornadeia escorada e
vagarosamente, instruída de que possui o mesmo fado do homem: cursar em
vanguarda.
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Assim igualmente
é a nossa existência. Os impedimentos permanecem para nos causar jornadear cada
vez mais escorados, mais decididos, inteiramente cedidos, esperançados na vida.
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Convicção
é entrega.
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Portanto,
quando o padecimento tocar à porta, não lastimemos nem nos molestemos, seja
somente atestador da mágoa. Avaliar-se um distinto porque é das contendas que
brota o espírito.
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Defronte
de qualquer dificuldade que alvitre sem resolução, adquirir uma postura
perspicaz, a seu benefício.Que abra-se o coração para novas sensações.
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Ser
maleável como as flores, como as mariposas... Apreciar todos os aromas. Que se
estime, escasso ou abundante, não interessa. Relevante é amar incessantemente.
Só a afeição executa a magia de se aumentar quando é partilhado.
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A
Existência é como uma pulcra cascata que dia após dia tomba sobre as pedras,
assim exiba que mesmo que caia jamais abdica, arvora e insiste.
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Que se
seja a cachoeira que extravasa amor, que lava os corações com ternura e purga
as almas ofuscas com ternura.
Sentir a
pujança da natura no resplendor de uma cascata é escutar a melodia da
existência e sentir o quanto é excelso assistir neste planeta.
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E concluo
com algumas locuções do escritor, que penso que se encaixa perfeitamente no que
foi enunciado, da maneira possível— nunca é fácil analisar um texto da
envergadura deste escritor.
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Compartilhar
a perenidade cobiçando essa existência, esta jornada passo a passo, sendo que
passo a passo cada passo é um passo, uma ornamentação das flores que afagam as
pernas, isso é igualmente amargar... o tal amor…Pudesse eu haver relatado este
momento, registrando na página, mas não me fora doado faculdade para o talento
da escrita, apenas rabiscos de um momento de meditação, amores jamais
fruíram-me.
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Pois digo
que o dom da escrita não falta e enumera muitíssimo bem este instante
fantasiado…
Cedo o
mundo existir... Cedo o riacho circular independente...
Ana Júlia
Machado
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RESPOSTA
À ANÁLISE SUPRA
Acaba de
acontecer algo inusitado. Todas as tardes repouso um pouco, acordo à noite por
volta das dez horas. Recebi o seu comentário, li, preparei o post, deixei
publicado na minha Linha do Tempo, responder-lhe-ia quando acordasse. O texto
fora publicado há alguns dias.
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Sonhei
estar diante de cascata e como num filme as imagens passando nas águas, as
imagens aconteciam na caída delas. Não sei descrever tais imagens, coisas
presentes misturadas às futuras. O que eu sentia era que aquelas imagens eram
as verdades de minha existência, compreendi-as muitíssimo diferente do que eram
na realidade. E num momento, estando sentado na grama, contemplando a cascata,
as imagens que eram um filme de minha existência, dissera: "O que penso de
minha vida não é a verdade. Terei de investigá-a, repensá-la, para entendê-la e
compreendê-la..." Com este pensamento, comecei de ouvir uma música muito
distante, facilmente reconhecível: Monte Castelo, Legião Urbana. Acordei,
ouvindo-a, as imagens passando na tela das águas da cascata.
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Este
excerto de sua análise reflete e demonstra com primor esta obra: "Sentir a
pujança da natura no resplendor de uma cascata é escutar a melodia da
existência e sentir o quanto é excelso assistir neste planeta." Sentir as
palavras nas contingências da existência é assistir a vida na tela das águas, a
cada palavra uma dimensão, circunstância, situação, e assistir neste planeta é buscar
a verdade da existência, compreendê-la. Seguindo uma idéia: o indivíduo é o
sonho da arte, a sociedade é o sonho da Arte
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Esta obra
e a sua análise efetivamente mostram-me que necessito comparar o som das águas,
as águas descendo a pedra, os sonhos e o vivido, experienciado. Neste ano de
meus 62 anos não houve um instante que não haja pensado no vivido e na morte,
pensamentos contundentes. Mês que vem completo 63, publico este texto restando
um mês para os 63, você analisa o texto com tanta eficiência. E pelas imagens
do filme nas águas da cascata que reconheci serem coisas futuras, muitas
alegrias estão prometidas.
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Excelente
sua análise. Parabéns!
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Beijos
nossos, querida, a você e à nossa netinha Aninha Ricardo.
Manoel
Ferreira Neto
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VESPERATA
DO RIACHO E CASCATA
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA
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!...
Acredito que sim. Riacho, tão sereno, as suas águas seguem tranqüilas, enquanto
que, imaginariamente, ouço uma das baladas a que aprecio, não sabendo o seu
título, cuja autoria é do grupo Led Zeppelin, sendo o vocalista Robert Page, se
não me engana o seu nome, também não sendo de meu conhecimento os autores da
lírica. Parece que tocam, as águas e ritmo, melodia, arranjo da balada, fluindo
transparente e límpido, claro, como o olhar divino, em seu curso.
***
Não me é
dado saber se a imagem que se anuncia na claridade da luz do sol que se incide
á superfície das águas é a que se revela espontaneamente, se a contemplo
imaginariamente na intuição e percepção, à busca da sublimidade, o silêncio que
se anuncia nela; não saberia responder pela vida alegre nas fisionomias que a
meu redor florescem da criação por não comparar o som das águas, as águas
descendo a pedra, batendo no espaço que lhe é dado. Não me é também dado saber
se a profundidade do sítio onde caem as águas da catarata chega a constituir um
abismo, e o som das profundezas surdo.
***
O riso de
alegria por que sou por inteiro tomado, deixando alguns sons ressoarem
melodicamente nos ouvidos, seria ouvido noutro estilo e linguagem, não ouvisse
o das águas batendo no espaço que lhe é dado pela natureza, digamos até
primevamente às cascatas, não ao riacho por o som das águas descendo o rio no
alto das serras, parece afligir-me, pois sou de fato coração frágil e sensível.
***
Fosse-me
dado torná-la virtuosa, não o sendo por me satisfazer enfatizar a partir de um
adjetivo qualquer, não especificamente virtuoso, a virtuosidade aqui não está
sendo chamada ou convidada, apenas um exemplo de que me sirvo, um gancho de
ideia que ilustra, louvá-la, sendo de seu merecimento, pelo espírito que anseia
e aspira tanto que sopra de entre as pedras das serras, sopro embalado pelo
sibilo do vento que vem do sul. O vento venta-me, venta meu peito, venta o
corpo, venta as visões interceptadas no enlace de noite raiz e diamantes, venta
as palavras, venta as sereias e serafins.
***
A palavra
deve ser adornada pelo sonho aliado aos desejos e vontades mais íntimas,
acompanhado do som que atravessa o horizonte nas asas de um pombo solitário.
Estudo percuciente e profundo, numinando os dias desfacelados. Imagino uma
lindíssima virgem adornando os seus cabelos - "quê flores frescas colhidas
na natureza!" -, ao longo do rio em que caminha solitária, ouvindo não
apenas o som das águas correndo serenamente e o das águas caindo da cascata no
único espaço que é dado em princípio, simplesmente por ser segundo a sua pureza,
ingenuidade, inocência, por ser o sentimento das flores.
***
Como este
riacho, os que existem em nível do imaginário, da imaginação, quem sabe até
pré-cedendo o fim de algo que desde toda a eternidade acompanhou-me, sonho que
se me anunciara impossível, e por sê-lo pus-me a buscar com esperança e
paciência, rumo ao que se prolonga, prossegue, intui a escuridão próxima,
deixando-se levar com consentimento.
***
O som das
águas seguindo o seu caminho e das águas caindo da cascata no único espaço que
lhe é dado desde toda a eternidade, faz assim: tudo eleva no espírito, na alma
que sabe e conhece os seus sonhos mais íntimos. Esbugalhados os olhos, a língua
engrolada, sons ininteligíveis. Encaminha as suaves melodias desse som em
sinfonia com os de sibilos de vento de entre as pedras das serras, com o
estímulo dos raios de sol que tocam a superfície, com as sombras de galhas de
árvores.
***
Cheio de
méritos, virtuosidades, mas poeticamente é que habito a orla desse rio rumo ao
horizonte mais distante, onde com certeza nalgum dia de chuvinha fina, os
pingos no chão de terra, de pedra, de asfalto, na neblina, sumirei vez por
todas e de por trás apenas a lenda do prosador das águas. O círculo da água
re-fletindo o rosto. Mais puro, transparente, porém, que a sombra da noite com
as estrelas a velarem o ossuário da terra, se assim me posso expressar num
estilo real em sinfonia com a re-criação de minha intuição, perfeição, sou.
***
Se afasto
o olhar das águas, incidindo-lhe nos bosques próximos e distantes, encontro coisas
belas, o som dos ventos que vêm do sul em sintonia com os de leste, desejo que
seja de Éden, são tão belos quanto os das águas correndo lenta e suavemente,
seguindo o seu destino. Uma flor que floresce ao sol é também linda,
acompanhado de um quase inaudível sibilo de vento que vem do oeste. Sei disso.
***
A alma,
creio eu, deve permanecer ingênua, inocente, um leve toque de pureza, para
assim mergulhar fundo, enriquecendo a força e vitalidade das asas de águia que
batem levemente enquanto seguem em direção ao horizonte. Já não vale, não é
aceite, admissível a conclusão de se é melhor deitar fora a um tempo os olhos e
os óculos, e seguir perscrutando os lances íntimos. As palavras se tornam
cânticos de glória se ornadas com a vida alegre nas fisionomias, nos rostos que
a meu redor se anunciam e se mostram.
***
Surgiu-me
que deveria colocar um espelho de frente ao computador, onde registro estas
palavras, ouvindo baladas do grupo Led Zeppelin. Não as conhecia. Fora o garçom
de um barzinho que me emprestara para gravar, enquanto tomava uma branquinha.
Não tive inda a curiosidade de ler a imagem das letras refletidas na superfície
lisa – a criatividade é tanta que me veio ser mágico, esplendoroso, se houvesse
procissão de pingos de chuva na moldura espelho, na sua superfície onde a
imagem se reflete. Os pingos passando por sobre as palavras, aqui e ali pingo
que não desceram, palavras e pingos, pingos e palavras.
***
Dividir a
eternidade, a imortalidade que se vão modelando, “sin-fonizando”, no transcurso
da balada que ouço no ouvido, enquanto caminho ao longo do riacho de águas
nítidas... Houve amigo quem identificou com categoria fora eu nascido no
hospital ao lado de um córrego que outrora eram de águas límpidas, cristalinas.
Os sofrimentos da escrita se anunciam indescritíveis, indizíveis,
inexprimíveis.
***
É por
isso que me enceno numa caminhada ao longo de um riacho, o som das águas
correndo alegre e saltitante o seu itinerário, esperançosas de que em todo ele
o som dos ventos vindo de todas as direções do planeta estivera presente.
***
Dividir a
imortalidade invejando essa vida, esta caminhada passo a passo, sendo que passo
a passo cada passo é um passo, um ornamento das flores que acariciam as pernas,
isso é também sofrer... Pudesse eu haver descrito este instante, registrando na
página, mas não me fora legado dom para a arte da escrita, apenas rabiscos de
um instante de reflexão, idílios jamais lograram-me.
***
Deixo o
mundo existir... Deixo o riacho correr livre...
(08 de
junho de 2019)
***
#RIO DEJANEIRO(RJ),
13 DE JUNHO DE 2020, 11:46 a.m.#
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