#DA METAFÍSICA LAMINADA POEIRAS # GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA AFORÍSTICA $$$
Dilúvio
de poeiras da metafísica laminada...
Insisto
em abstrair, sorver o húmus da noite
Noites
insones, sonhos dispersos
De
sorrisos passageiros
Persisto
em devanear, tragar a fumaça acinzentada
Das
inspirações oníricas e intuições da vigília,
Nas
Árvores de Joshua refestelar-me das labutas,
Manhãs de
prazeres, tardes de macunaímas,
De
perguntas constantes...
...
Jogarem-me as perscrutacões... porquê?
Do lá
além das pauliceias montanhas
Prados e
vales com densa vegetação,
Das
carioquéias das orlas marítimas
Perscrevendo
a liberdade do pensar e sentir
As
coisas, o mundo e os pensamentos,
Os
desvarios da fala envolvidos de equívocos
Da
comunicação com as coisas, com os homens,
Sarapalham
as dúvidas, caracteres da impaciência
Por
explicar onde a luva das coisas cabe bem,
Os
delírios poéticos são mais iluminados,
"Os
desvarios prosaicos da razão que re-versa
As bordas
do intelecto,
Ah... os
corpos transitam deslumbrantes
No
repente das vozes
No hálito
indiscreto a bafejarem
Risos
neblinados tão efêmeros
Quanto
sustenidos melódicos pouco inteligíveis
Pelas
Campinas vazias
De
asseverado coral ardiloso."
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E aqui
escrevo sem querer pensar, cogitar, elucubrar, tão-só des-enferrujar a esfera
da pena, há muito em estado de inércia sobre o vidro da mesa, ao lado da
máquina de escrever, numa intenção fundamental, fria perfeição de engenharia
sintática, gélida arquitetura verbalística, a sintaxe e o verbo são
perspectivas do tempo na produção do sonho de palavras que se eterizam e
re-nascem no des-vendar do caráter enigmático e melancólico do silêncio, de
imagens metafóricas em letras ipsis de sentidos que abrem perspectivas outras
de interpretação e desfrute do saber que emitem, as figuras de linguagem, de
estilo que se infiltram nos dizeres mais contundentes, e tecem a imagem da voz
que emite a língua das falas, eivadas de seus dialetos e gírias, do que o
pensamento e o mundo sarrabiscam no pergaminho. O segredo desta linguagem
habita e reside no auscultar os sons da voz da incerta vida, o ritmo das
circunstâncias na fala proeminente da quimérica existência. Disse-o, repito-o
enfaticamente: o livro de um erudito reflete sempre uma alma torta. Assim
desperto em mim emoção e empatia com o aqui-e-agora, o outro que me multiplica
em id-ent-idades diferentes para me compreender, para decifrar o mundo e,
também, provavelmente, para me ocultar. Um homem inquieto, como todo aquele que
busca entender o ser humano por inteiro.
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Re-conheço
que tudo isto é cômico, criam esperanças falsas, afeições fingidas, ternuras
dissimuladas, cáritas hipócritas, e que a parte mais cômica e risível disto
tudo sou eu. Eu-próprio acho graça, mas, digamos assim, é o palhaço que me
habita. Quem me tirará este prazer do picadeiro das contradições e
despautérios? do camarim das dialécticas e das ironias das falácias e
verborreias, quem me poderá tirar o riso escrachado, sem quaisquer posturas e condutas
de comportamentos? Já até disseram ser eu implacável, caráter e personalidade
imperativos, tenho sempre argumentos para as situações e circunstâncias, mas o
coração é de pura manteiga, "... se o pêndulo mental/Que meu crânio
abriga/Não emoldurasse bandeiras/Aos monumentos póstumos que edifiquei/Dentro
de horas e tempo não dissociado/Contidos em meu instinto de
perpetuidade/Emergentes das águas a desaguarem/Na nudez dos símbolos e
emoções/Orbitadas as mãos cumplicentes/Das palavras a circundarem/Ideais,
saudades, verdades e buscas..."
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Sentimentos
afluem livres, tranquilos, à mercê das dimensões sensíveis, sarapalhadas
meiguices do inferno, ode aos valores que eternizam, sátiras às in-verdades e
mentiras que glorificam as exegéticas heresias da con-tingência e das
facticidades dos verbos, sarcasmos às verborreias, tributos às hipocrisias e
falsidades que saciam a fome e sede da solidão, cristalizando o não-ser, o que
é a eternidade senão ilusões e paixões desvairadas, alucinadas e alucinógenas,
até mesmo telúricas e psicodélicas, o que é o fenecimento senão tristeza e
desconsolação por deixar o mundo jogado às traças de meus devaneios e
desvarios.
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Obtusas
sorrelfas de compactas glórias, volúveis quimeras de ínfimos poderes, voláteis
fantasias de pequenos conúbios entre sonhos e desejâncias, egrégias efígies
ornamentam templos de falácias e verborréias, atrás das constelações a imagem
suprema de infinitivo resplendor re-fletida, às ad-jacências do crepúsculo,
mistério do outro lado do perpétuo.
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In-auditas
idéias re-criam de in-versas mentiras das in-verdades as faíscas de luzes
resplendendo lâminas de verbos defectivos que conjugam com excelência as
pectivas do etéreo, e as corujas no silêncio da madrugada de sereno inverno
harmonizam o canto circunspecto e introspectivo das melancolias do que aos
poucochitos e cavalitas se perdeu no tempo, das nostalgias de éden que a-colhem
em si dentro as dimensões futuras das conquistas e realizações por intermédio
da liberdade de sentir e pensar, de se lançar à busca da vida, na querença do
sublime, as cintilâncias das estrelas velam as poeiras da estrada sobre as
folhas das pequenas plantações, as POEIRAS DA METAFÍSICA DA RAZÃO.
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Furtiva
falácia do credo in-verso versando "ipsis caliptus" do absoluto sob a
contra-luz de obtusos éritos do infinitivo, a Fênix re-nasce das cinzas, Sisífo
outra vez empurra a pedra rumo ao topo da montanha, mais um urubu dá bicadas no
fígado de Prometeu, come-lhe pedacitos de seu orgão, as sereias desfrutam o
movimento das ondas do mar tocando as docas com a cauda se mexendo de alegria e
prazer, felizes e alegres, con-templando os oásis do deserto com a doçura do
lince dos olhares, querubins bailam na noite garoada, gaivota sobrevoa o vale,
enquanto o saci-pererê dança à beira da lagoa, ao ritmo dos foles suíços
Forever Young, Mefistófeles é crucificado atrás do Montículo de Cupim, a Cruz
estará sempre à Vista na Colina onde Judas perdeu as botas como símbolo de suas
performances e representações das maledicências serem os passos da egrégia
roda-viva de lendas e mitos.
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Ouvirdes
de mim toda esta falácia e verborreia, as palavras registradas em seus sítios
propícios e próprios, conotando adversidades de compreensão e diversas
perspectivas de entendimento, denotando idéias e pensamentos a priori às
intenções de comunicação e interesses, não sei se uma coisa devido à outra, sei
ser árdua reflexão, e muitas vezes não dá ponto sem nó, desatá-lo um destino
patenteado a longo prazo não será o suficiente, contudo inconteste se mostra o conhecimento
de onde advém a destreza de descrever estas tristezas e desolações da alma,
advém do vazio dos sonhos do verbo "existir."
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De
verborreias vestígios preservados dos mandamentos que suscitam ipsis verbis
obediência além das náuseas dos dogmas, começam os perambulares ser primitivos,
impelidos por forças internas, convocados a executar a nova exigência do saber,
é-me legado "apreciar os espíritos buliçosos" espionando nas trevas
da choupana à soleira do lago, na escuridão, mas consigo o "refrigério da
aragem", do deserto voltaria vazio, iluminado e translúcido, e com o mesmo
silêncio vibrante de um espelho. Eis a imagem, então foram tempos difíceis,
então vieram a luz e a contra-luz, os telégrafos cantaram uma canção sobre o
mundo lá fora, a estrada dos telégrafos ficou tão profunda e tão grande como as
correntezas de um rio, a emissora de rádio diz que a noite vai gear, as mídias
divulgam uma invasão de gafanhotos vindos da Argentina, são perigosos,
destroçam o que encontram pela frente, pessoas dirigindo das fábricas para
casa, são seis faixas de trânsito, três faixas se movem lentamente...
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Verbos
prosaicos de interditos significados e sentidos per-fazendo dimensões sensíveis
do silêncio e solidão que performam vestes dos retalhos e vestígios da imagem
das veredas que con-duzem à paisagem do universal, contemplados dos auspícios
da colina sob a chuvinha fina e lenta que cai, o vale das orquídeas se re-veste
de lâminas de águas, o bosque se agasalha da neve alucinante. Brindar para
re-cordar as meiguices insolentes do inferno que desejam as volúpias do prazer
da entrega ao querer a sublimidade das flores da liberdade. Incontestes os
interesses de sarcasmos, não é verdade? A penas laminando as poeiras da
metafísica, tão só laminando as metafísicas da poeira.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 26 DE JUNHO DE 2020, 11:08 a.m.#
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