#FULGÊNCIA DE VENETAS MEIO-PERPÉTUAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***
Epígrafe:
"Por
onde meu coração pulsa, cursa
Alongam
meus sentimentos
Irrestritos
aquém e além
Das
presentes curvas sinuosas
Que somem
na noite
Enquanto
cabeceio o sono
E
afugento lembranças além da muralha, fictícia?
Por onde
visiono o vale
O outro
que lá existiu!"(FONTIS, Graça. IN: AZ-VIANDO CAMINHOS, RJ, 2020)
***
Tempo
perfeito. Lugar perfeito. Perfeito lugar do tempo.
***
Não me
diga que o meu coração permanece o mesmo. Não me diga que os meus sonhos giram
em torno do catavento, do ser e não ser, giram, giram. Não me diga que as
idéias do riso e do silêncio no mundo são ainda mais estrangeiras do que o
estrangeiro em si significa, conotação, denotação. Não me diga que os trigais
dos pampas estão cobertos de neblina, e há um homem saindo da vendinha ,
fumando um charuto, dirigindo-se à sua choupana, carregando uma sacolinha com
litro de vinho dentro. Não me diga que na vigília perscruto e reverencio a
linguagem inconsciente dos sonhos, signos das energias psíquicas. Não me diga
que as luzes da ribalta são contra-luzes do proscênio, AS SOMBRAS DESTE SÃO
REFLEXOS DAQUELAS, são efeitos da sátira das verdades e in-verdades, comédias e
tragédias das contingências, epopéias das frustrações e fracassos, sátira das
ideologias e humilhações. Não me diga que as sombras são cinzas das trevas. Não
me diga que o silêncio é representação das entre-linhas da verdade por vir a
ser.
***
Não me
diga que obscuridades intro-vertidas concluem de in-fin-idades a lividez da
tarde em propósitos fantásticos, psicodélicos à moda e estilo das Peraltices de
Girulika Maria Vaclicha no Arrasta-Pés das Quimeras, ao limiar do sol que se
esvaece detrás da serrania à extensão, à frontaria da extensão remota, cruze de
todos os sistemas do Orbe o anúncio frescor e pacífico da escuridão, sob as
propedêuticas testemunhas dos destinos, tremeluzindo de insonolências,
insolências, indolências benevolentes as utopias da ninharia, sonsices do
despojado, à graça de primícias exteriorizações da fulgência da veneta a recair
em número indeterminado de veras meio-perpétuas que aldrabam a decessa atrás do
simulacro do reflexo além de enaltecendo os báratros do sem-finalização ao cume
do sem significado do não – ente, elencam as vertentes do sem-limites ao topo
do pico do absurdo e nonsense das hipocrisias poéticas e humanas do vazio
silencioso. A chama da lareira, fora de mim, ganha e traduz coisas que ainda
não conheço, o desejo de fazê-lo existe latente, saber-lhe a diferença entre
ser e ec-sistir. Saber-lhe a sin-cronia, sin-tonia, harmonia entre o verbo e o
espírito. Tornar-lhe manifesto, eis na fulgência das venetas os linces da
imagem sob os ristes das palavras, refulgindo temas e temáticas das esperanças
abraçando os sonhos.
***
Lugar
Perfeito. Perfeito Lugar do Tempo. Tempo Perfeito.
Se
re-conheço conhecê-las, as aldrabas das coisas do pensamento e do mundo,
revisto-as de espaço interno, espaço que tem seu ser em mim, que tem seu
sentido em mim, que me habita o mais íntimo, que me é, e quem me sendo é-me.
E
profundo: cerco-as com sentimentos de agressividade e violência.
***
Se isto
não é blues da alma preludiando o estado de tranquilidade, calmaria das dores
contingenciais, angústias, náuseas! Se isto não é ritmo de a vida dever ser
retomada sobre si mesma para então perceber que não pode encontrar apoio em si
própria, só saber que não sabe e já saber alguma coisa....
***
Perfeito
lugar do Tempo. Tempo perfeito. Lugar perfeito.
"Por
onde meu coração pulsa, cursa
Alongam
meus sentimentos
Irrestritos
aquém e além
Das
presentes curvas sinuosas
Que somem
na noite
Enquanto
cabeceio o sono
E
afugento lembranças além da muralha, fictícia?
Por onde
visiono o vale,
O outro
que lá existiu!"
Por onde
contemplo o mar,
O
"eu" que hoje se representa no mundo.
***
Não me
diga que o in-audito é símbolo, signo do desejo de des-velar os mistérios,
enigmas da contingência. Não me diga que ao redor das constelações, o sol
re-festela-se à beira da Lagoa da Rosa de Profundo Roxo. Não me diga que a vela
esplendendo suas chamas no canto da janela fora é metáfora da espera o
alvorecer ser pleno de lúdicas imagens do uni-verso e da felicidade há-de vir.
Olhe-me
no ocaso de uma tarde andando na orla marítima, cabeça baixa, observando os
passos, sei lá para que lugar estou indo, mas seguindo as sendas e veredas do
pensamento e do mundo.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 24 DE JUNHO DE 2020, 14:27 p.m.#
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