#DE RESSACAS E PARADOXOS ÂNSIA DE SER RIO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***
De luzes,
sentido e palavras...
***
Viver
febril. Pensar inaugura tormentos. Desespero, volúpia, medo, ansiedade.
Perquirir concebe náuseas, o mundo trafulha os naipes da dignidade e honra. O
coração bate forte, descompassado. Taquicardia? Pensamentos rolam aos borbotões
na mente, idéias flanam livres nas contingências da existência? Sentimentos à
revelia. Indagações da razão de risos de esguelha sob olhares de soslaio para a
imagem das virtudes espelhadas nas escrotices da fanfarronice dos
comportamentos, hábitos. Tudo, nada. Vazio, caos, abismo. Luz, sentido e
palavra. De luzes, sentido e palavras esvoaçantes na íris de suas visões
íntimas e singulares, no lince das retinas aquele brilho de ironia, sarcasmo,
cinismo, o panorama da colina sob a neblina, Nuvens brancas de esperanças
abraçarem os sonhos e mesmo as mazelas mais estapafúridas. Sons, inter-dictos e
letras. Silêncio, desejos e utopias. Nada, liberdade e projetos. Solidões,
in-versas utopias dentro de re-versos medos e temores inaugura introspecções,
introversões.
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"Acabemos
com isto e
Tudo
mais,
Ah, que
ânsia de ser rio
Ou
cais..."
***
In-ventemos
com isto o que mais for, sabor da água salgada, sensações distantes do
longínquo, além mar, sintamos o esplendor das ondas marítimas e as corcovas da
montanha ao longe, percebamos as gaivotas assentadas nas canoas e barcos
balançantes, crepúsculo de inverno; apenas olhemos as coisas do mundo, fiquemos
aqui dispersos... devaneando, desvairados à mercê das areias abismáticas de
grãos perpassando a ampulheta, o que mais? Re-colher as velas seria o mais
aconselhável? Ah, que fissura de ser fonte ou genesis...
***
Há-de
vires do pensamento e do mundo nas asas de águia que atravessa os céus, o
tempo, e segue em direção ao universal, não me é dada qualquer noção do que
irei sentir e pensar, aquando os sentir fortes e presentes, contudo estarei
seguindo as trilhas de ressacas e paradoxos, começo a trilhar neste instante
olhando para o prédio da Faculdade de Filosofia.
Palavra,
sentido e luz. Nada, vazio. Espreguiçam-se em ressacas. Vácuo. Subterrâneo
frouxo. Eternidade. Fosso chilro. Energizam-se em paradoxos os mais
destrambelhados.
***
"Quem
é sensível sabe,
Ou ao
menos já soube,
Onde
coube o paradoxo".
Paradoxo
dos sonhos. Paradoxo dos ideais. Paradoxo dos desejos. Paradoxo e as coisas
efêmeras. O paradoxo pode ser fuga do efêmero. Roda-viva. Pode ser estilo do
eterno se re-fazer ao longo da jornada em direção ao universal.
***
Pequeno
passageiro que fala, gesticula, monologa, goza, ri, gargalha, chora. Forças
para amar. Além do medo. Disposição para ouvir as vozes dos tempos, das eras.
Liberdade para olhar o bosque e a natureza. Além das resistências, dúvidas.
Sensação de sonho. Natureza diferente. Cor-agem para viver. Além das
inseguranças, carências, misérias. Êxtase. Razão e raciocínio.
***
Segurança
para pensar. Além de pensamentos e idéias. O campus cria segunda realidade para
habitar. Olhar desviado. Faço de tudo para estimular a antecipação de um
problema e um dom para este instante, capturar em pleno voo... A luz rodopia
sobre a cabeça. Tudo suspenso. Loucura e insanidade. O professor de Teoria do
Conhecimento, está agora estudando conosco os alunos o pensamento de Gaston
Bachelard, sobe os degraus da escola, carregando a sua pasta, hora de ensinar a
poética do espaço. Sangue no corpo, da cabeça aos pés sempre correndo nas
veias. Conheço o som de esquife, oco. Morte... Morte... E tudo termina em
morte... Estou inda a pensar o que poderá substituí-la. Quem criar o substituto
da morte, hein, o que será dele, mito, deus? Preciso apenas entregar-me à visão
de uma angústia real, de uma náusea real, para também estar perdido.
***
Sentido e
palavra, luz.
Palavra
aqui, outra ali. Para que me serve? Para nada. O livro de um erudito reflete
sempre uma alma torta, todo ofício deixa tortos os dedos das mãos vazios; sendo
ofício, e não vaidade da raça. Reflexos. Contingência. Especulo, medito e
reflito.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 24 DE JUNHO DE 2020, 12:15 p.m.#
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