Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO #NO FRIOZINHO DA ANTÁRTIDA# ***
Querido
Manoel, eu confesso que já havia lido, reli novamente porque é de uma beleza
tão sublime.Que texto primoroso e delicado, tão delicado que irei recitá-lo,
pois confesso que amei.Tua divagação sobre o meu texto idealizador, sonhador,
desejoso, realmente os ventos sopram o tempo e o tempo... ah, voa, voa mesmo
feito uma ave famélica em busca de frutinhos silvestres, o tempo é aliado
durante certo tempo, depois é só nosso aniversário mesmo. Sim é verdade tem
dias e dias...Tem dias que não queremos sequer sair da cama, mas em outros tudo
é tão urgente, tão imediato, há em nós poetas escritores alguma inquietação que
só sossega na ponta dos dedos sobre as letras do teclado, na ponta da caneta
sobre o papel em branco. Há em nós tanto encanto em escrever que nos perdemos
de nós, somos uma borboleta sem rumo, procurando inspiração pelos campos. Bem
eu espero poder recitar se não todo pelo menos parte desse escrito que é muito
mais que lindoooooo.Parabéns Manu.Bjos
Sonia
Gonçalves
***
NO
FRIOZINHO DA ANTÁRTIDA**
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: AFORISMO
***
Con-vexos
idílios velados de tempos inestimáveis, remontando às zagaias do caos, tempos
de roncos do boi-tempo, vãos ideais da verdade, ocos pensamentos das
tonteirices que o vinho eiva nas bordas das quimeras e ilusões. Côn-cavas
fantasias escondidas atrás da superfície lisa do espelho, furtivas idéias da
plen-itude, quiçá explicite isto à mercê da língua que espreme a míngua da alma
inteira que rumina carências.
***
Tergi-versados
enigmas trancafiados nos cofres da memória, fúteis utopias do perpétuo que
re-colhe e a-colhe as luzes do in-finito. Des-conexas fantasias enveladas de
éritos das volúpias e ex-tases, hilárias esperanças do ad-vir a-nunciado nas
bordas do uni-verso, e nos horizontes alhures a neblina sarapalha os ventos.
***
Tempo e
vento. Tempo e ser. Ventos e tempos.
***
Tem dias
que, se se sente como quem idealizou o nada, sonhou o vazio, teve fissuras
pelas nonadas, a vida sarapalha de leste a felicidade e amor plenos, resta
sentir o sabor do contrário que seduz a língua a criar eruditos vernáculos da
decepção para atiçar a alma a re-fletir as sinuosidades da vereda que levam ao
ser do efêmero, às energias da psiqué desvairada pelo flúmen do prazer.
***
Frágil
sentir o friozinho dos ventos contraditórios, chamas da lareira acompanhadas de
vinho não aquecem, a alma se embrulha toda no sudário das nostalgias, edredom
das saudades místicas.
***
Tem dias
que, se se sente à beira da eternidade, con-templando as cafuas e abismos, o
inaudito das belezas do in-finito, sonhando prazeres e volos do além, a alma
pres-ent-ifica as dialéticas da plen-itude e fugacidade dos desejos que
preenchem as forclusions do ser.
****
Tem dias
que se se... Não havendo dias que se se..., olha-se as coisas e objetos com
indiferença, observa-se a vida com náuseas, o ser se esvaece nas "grutas
das maquinés desoladas", o tempo se esgarça nas cintilâncias lunares, o
nada se atira de cabeça no precipício, o cosmos e o caos mergulham no in-audito
do genesis... a vida nos auspícios da pureza.
***
Mas tem
feito frio, hein! Mas, enquanto a esfera da pena desliza no branco da página,
mesmo que garatujando nonsenses, sarrabiscando tontices, a mão não precisa de
luva para lhe aquecer, a alma não se enchafurda no espírito subterrâneo,
desejando as caliências do além, flores de cactus preenchendo vazios,
arrematando enigmas e mistérios do inolvidável.
***
Vou-me
embora para a Antártida, lá a esfera da pena dirá as in-verdades da verdade, o
frio intenso é fruto da imaginação fértil.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 17 DE JUNHO DE 2020, 11:32 a.m.#
Comentários
Postar um comentário