#VERBO DA VIDA E A SABEDORIA# GRAÇA FONTIS PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
O que é isto
- O NOVO?
Seria que
existe, ou que não existisse, o novo em si mesmo, o "si" do novo,
elucubra-se o "si" do homem, ele mesmo, mas sabê-lo dizem ser tempo
perdido o seu encontro, ou é ilusão da contingência sempre à espreita de outras
realidades, horizontes e uni-versos que lhe a-nuncie dimensões do ser, do verbo
in-fin-itivo ao ser in-finito de felicidade e compl-etude?
Em verdade,
situações e circunstâncias da vida re-velam possibilidades, probabilidades,
chances de a vida ser diferente, de sonhos e esperanças serem realizados,
degustar outros sabores da maçã, desfrutar outros sentimentos de buscas e
desejos, outras emoções da alegria, mas depende da entrega absoluta ao que se
revela "tempo novo", com lutas, labutas, dificuldades, facilidades,
da consciência do que significou o passado dos volos e desejos futurais.
O tempo é
sábio, e só revela oportunidades e possibilidades, se as experiências e
vivências do homem tornaram-lhe consciente da necessidade de a vida ser, do
verbo do ser dever ser construído com dignidade e honra, se está mesmo decidido
a ser outro. Caso contrário, nada a-nuncia, nada manifesta, o mesmo existencial
será eterno e absoluto. Outra oportunidade não haverá, se o homem se não
entregar ao que será o "novo", a vida.
O verbo da
vida, realizá-lo, não é somente construir a obra que será fruto para os
descendentes, valores éticos e morais, para outras gerações, valores eternos e
imortais, bens materiais; o verbo da vida é a sabedoria de o ser ser a pedra
angular da vida, só podendo ser desfrutado com a liberdade, esperança e sonhos.
Sem o verbo da vida, o homem apenas residiu na terra, arrastou-se no solo, nas
sarjetas, nos quintais baldios, nas calçadas, acabou cinzas no sepulcro coberto
de terra. Não frequentou o mundo. Nada obtuso.
Às vezes, a
grande oportunidade de o verbo da vida ser instituído surge quando o homem já
está maduro, e se olha, mesmo que de soslaio, esguelha, para o futuro, sente
que não lhe resta muito tempo para o verbo da vida, para a sabedoria, nada
assim pode ser simples aventura, idade de os passos dados são efetivos, a
dúvida "seria mesmo isto?", mas está-se fazendo as coisas, aquilo de
"se não for agora, será noutro tempo" acabou, a entrega deve ser
total, plena, sem dúvidas, incertezas, óbvio com questionamentos inda mais
profundos e abismáticos, o ser é sempre a continuidade do desejo de ser, é
sempre o silêncio à busca da voz da verdade.
Se, neste
instante em que sinto o tempo se me a-nuncia a possibilidade real e verdadeira
de o verbo da vida ser concretizado, tornar-me homem, ser o outro de mim,
realizar a vida, cuidar dos prazeres e alegrias, amar amando o amor, amar
conciliando e comungando o "eu" e o "tu" sin-crônica e
harmoniosamente, penso e sinto, vice-versa, a vida é-me solidária e compassiva,
está-me colocando, em mãos feitas esperança, a derradeira oportunidade de
conjugar os tempos do verbo ser, não se trata mais de restar esta/aquela,
oportunidade com espírito de um caminhar na estrada, sujeito a curvas, aclives
e declives, mas a jornada nas sendas e veredas do campo, campo porque sou
cônscio das poeiras e pós das estradas em que trilhei, da areia que piso
hoje...
Novo tempo.
Tempo de verbalizar o ser. Dizem que a Verdade, a Vida pertencem a Deus, Ele
revela os caminhos. Não. A verdade, a vida pertencem ao homem nas suas
caminhadas nas estradas de pós, poeiras e metafísicas, nas suas andanças nos
caminhos do campo, pertence se ele labuta, olha-se frente ao espelho, tem
consciência de sua história e institui outra através do trabalho e das
contingências.
Só o homem
sabe de suas contingências, só o homem sente a sua esperança do eterno. Só o
homem é a humanidade do ser.
(#RIODEJANEIRO#,
21 DE JUNHO DE 2019)
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