ABSORÇÃO DOS ABISMOS E ALTURAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: PROSA
Sou sorriso na face de um indivíduo silencioso.
Silenciar a voz, que rumina presenças, carece de
sentimentos, viver o sonho da solidão.
Origens de nada, longínquos pretéritos, tempos
percorrem alamedas, margens de estradas empoeiradas, e conduzem a lentos passos
a lugares onde nonadas carecem de ser artificiadas com acuidade, semeadas e
regadas. Onde os preâmbulos a inicializarem indícios do destino, per-formando
utopias, encenando visões além dos agoras?
Origens de nada, onde as palavras nascem ávidas e
eivadas de querenças de horizontes, onde os sentimentos, os mais fervorosos,
projetam idílios, con-sentindo devaneios e desvarios do ser e da liberdade,
espairecendo as inquietações?
Navegando a todo pano, atravessando ondas, vãos
escuros cuja outra extremidade a iluminação ao meu olhar benévolo atrai, são os
cânticos da alvorada no atropelo das tortas asas prudentes a serpentearem o percurso
emaranhado das águas contrastando centelhas esbranquiçadas ao tecerem fios
frêmitos, constantes e interpretativas as solidões nos dissolutos instantes do
tempo a esvaírem-se sobre os uivos do lobo histérico de impulsivo libido
indomesticável, vedante as libélulas encantadas a adentrarem com dinamismo
absurdo e fantástico as nuvens arco-irisadas com os toques inaudíveis de sinais
a cada manhã onde o pudor altivo do homem torna-se seu escudo de arrosto as
mãos que restituem exatas medidas humanas na absorção dos abismos e alturas em
ternos ou tensos movimentos das reflexões sem uso da desfascinação em que o seu
barco aporta no ancoradouro de sua fictícia memória.
#riodejaneiro#, 21 de junho de 2019#
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