ESPÍRITO SEDENTO DE CONHECIMENTO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Que instrumento é a voz humana!
Como cor-responde às emoções e sentimentos
da alma, aos desejos e sonhos do espírito,
às nostalgias e utopias,
às saudades e melancolias do coração!
(Manoel Ferreira Neto)
Re-velando re-velar as re-velações de que o
inaudito não é o mata-burro entre às sorrelfas da vida em banho-maria e a
suspensa entre o fim da pradaria e a entrada da caverna, sim as vozes que sussurram
as a-nunciações dos apocalipses e a algazarra que vocifera a face do inferno
outro incrustado na parede esquerda e direita da in-verdade e da verdade dos
pretéritos aquéns às origens. Sensualidade da expressão, concisão
surpreendente, força e variação rítmica, riqueza notável de palavras vigorosas,
ardentes, calientes e do pressentimento e, por vezes, popularidade e
proverbialidade que brotam com pureza completa e ampla - poderia enumerar todas
essas qualidades do re-velar re-velando as re-velações do ser e não-ser do
in-audito, faltaria sempre acrescentar a mais poderosa e ad-mirável dentre
todas.
Como é possível, torna-se possível reinar como
criador sobre dois mundos tão distintos em forma, cor, disposição, assim como
em alma? Se aquele que sobe à colina, dos lobos e ventos uivantes, mais alta,
esse ri-se, gargalha-se de todas as tragédias, falsas ou verdadeiras,
in-verdades ou hipocrisias.
Instrumento que busca palavras para uma melodia que
tenho e uma melodia para palavras que tenho, e as duas coisas que tenho,
juntas, não combinam, ainda que venham de uma só alma, combinam, vindo de um
espírito sedento de conhecimento, de contemplar a beleza essencial para
continuar seguindo o caminho.
Não é a todo momento que surge algo no espírito tão
nítido assim, tão pleno de vida e tão refulgente de beleza. Devo confessar que
esperava um momento como este há muito, embora tenha até me esquecido, e as
vezes que me lembraram não estive nem um poucochito interessado em revelar,
deixei-me livre.
Este é o tempo que posso experienciar o que há de
verdade, de belo, de suntuoso nas inflexões e tonalidades da voz, nas suas
inúmeras posturas e imposturas. Tem ela a força de me elevar e me conduzir para
fora de intensas dores e sofrimentos para o estado de espírito melancólico, mas
feliz que me domina quando ouço uma música sublime, uma voz rouca e
altissonante, a disposição que vejo apartarem-se de mim os invólucros terrenos
e contingentes. O que está sofrido e dolorido pode e deve pronunciar sozinho
uma palavra decisiva sobre essas coisas. Apenas desejo a afirmação do sonho e
do desejo como uma ilha de prazeres e felicidade.
Às vezes, o silêncio cai, e eu me reencontro, como
uma criança brincando com mundos, como uma criança que acorda ao alvorecer e,
rindo, esfrega a testa removendo dela os sonhos terríveis, os horrípilos
pesadelos. Homem com alma rica em profundidades, camarins, bastidores, sombrio,
sofredor, caliente, pensador que acha o riso um anestésico para a vida; se não
rir todos os dias considera-se estrangeiro, herege, promíscuo. De repente,
acordo no meio desse sonho, o sonho da voz, este instrumento que corresponde ás
emoções e sentimentos da alma, mas só para a consciência de que estou sonhando
e tenho de continuar sonhando para não sucumbir.
Re-levações re-levadas no re-levar a língua para
que ela possa fazer ressoar outra vez um sentimento elevado, correndo com isto
a ameaça e o perigo de não ser absolutamente compreendido. Comunico a paixão é
raramente eloquente, no drama falado é preciso que ela seja assim, a fim de
tornar possível de algum modo a comunicação. A verdadeira paixão procura
comunicar a paixão por inter-médio de elevadas máximas e idéias... Hei-me
perdido e tres-loucado nestas sombras, indo aqui, indo ali, indo acolá, posso explicar
com categoria em palavras, mas se me re-velará, se re-levar as re-levadas
re-levações, de modo e estilo como se tudo que procura sair do homem e que tem
sede de conhecimento se encontrasse no momento de agora livre e bem-aventurado
em um júbilo de conhecimento.
A minha voz tem uma profundeza e um calor, como se
estas palavras corriqueiras houvessem saído do coração. A tonalidade não
consegue dissipar de todo certa inflexão que poderia ter eu tomado por
aspereza. É como se um eminente e insigne musicista tirasse sons comoventes de
um instrumento, tão profunda a sensibilidade que encontrara órgão na minha voz.
Meu coração inunda-se de lágrimas e exala profundos
suspiros. Na grandiosidade de alegrias e contentamentos exultantes, não há
qualquer irreverência em perscrutar a face alterada e jovial que se revela.
O homem não habita somente porque instaura e
edifica sua morada sobre esta terra, coloca no mundo os seus interesses e
desejos e refestela-se tranquilo e sereno na rede. O homem só é capaz de
construir nessa concepção porque já constrói no sentido de tomar poeticamente
uma medida.
Estas poucas palavras têm a mesma música
misteriosa, melancólica, cujo tom parece jorrar de meu coração, modulado na
mais humilde, sincera, simples emoção. A agudeza dos sentimentos logo denunciam
a mim uma respiração irregular, vinda de um lugar no íntimo que está imerso na
obscuridade, ainda que sagrado. A arrogância do cogito e das razões logo
apontam de dedo indicador em riste o real e a imagem deste instante. A poesia
ou bem é negada como coisa do passado, como suspiro nostálgico, como espirro
profético, como voo irreal e fuga para o idílico, ou então é considerada como
parte de nossa literatura.
Se, de antemão, a poesia apenas possui existência
na forma do literário, como pode o habitar humano fundar-se no poético?
Do sagrado, no qual acontece o milagre da
transformação, da metamorfose, da mudança, nos quais o jogo do devir existe
sempre, àquela mais alta e final humanização para a qual toda a natureza se
dirige e impele, para salvar-se de si mesma, para transcender-se a si mesma,
para encontrar-se a si mesma, olhando o mundo e os homens de cima.
A perseguição da felicidade da voz nunca será maior
do que quando ela tem de ser apanhada rapidamente entre hoje e amanhã, entre
uma impostura e outra, entre uma inflexão e outra; porque depois de amanhã
talvez tenha se silenciado. Não consigo me portar com frieza crítica em relação
à música das vozes; cada fibra, cada nervo meu estremecem, e há muito não tenho
um sentimento tão duradouro de completude, de plenitude. Por muito pouco não me
torno mais eloquente que o som desta voz, de todas as vozes que habitam o meu
espírito e que ouço com toda a reverência, benevolência, e, nesta, discernir o
impulso da apropriação e o da subjugação de acordo com o que sinto uma
benevolência mais forte ou mais fraca.
Enquanto acendo a luz da cozinha para apanhar na
garrafa térmica um pouco de café, pareço ouvir outras vozes vindas do íntimo.
Um impulso açula-me, como se o meu coração estivesse tão cheio de amor que
fosse preciso primeiro esvaziá-lo um pouco para poder ouvir as outras vozes que
se revelam, manifestam-se. No conforto da cama, embrulhado com cobertores, o
aconchego e amor do corpo da companheira... Que impulso é este não sou capaz de
o saber, mas se me afigura ser uma vontade de reter estas vozes, a fim de que
as possa descrever com nitidez e perspicácia.
Ouço o murmúrio de uma voz estranha. É tão
indistinta que não parecem palavras e sim a exteriorização de um sentimento de
compaixão, solidariedade, simpatia, tão vago que o eco ou a impressão de meu
cérebro é como irreal.
Penso haver me enganado ou ser aquele murmúrio
imaginação minha.
#riodejaneiro#, 28 de junho de 2019#
Bom dia meu querido Manoel, prazer em reencontrar te! Eu estava com saudades de revê-lo,fico contente em obter te comigo seguindo nessa linda corrente de bons amigos!
ResponderExcluirTu precisas saber que tuas
fotos estão conservadas em meu WhatsApp,eu fico assistindo te de vez enquanto.
Acostumei com a beleza da tua imagem e sinceramente
se não o vejo é como se eu estivesse faltando me um
pedaço de mim.
Se depender de mim a nossa
amizade nunca chegará ao fim. Finalizo deixando te meu
cancerosas abraço e desejo
que nosso criador esteja sempre iluminando teus passos!...
Obs:Corrijo erro ortográfico:
ResponderExcluirMeu sincero abraço!...
Obrigado!...
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