#FULGÊNCIA DE VERAS MEIO-PERPÉTUAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Tempo
perfeito. Lugar perfeito.
Não me diga
que o meu coração permanece o mesmo. Não me diga que os meus sonhos giram em
torno do catavento, do ser e não ser, giram, giram. Não me diga que na vigília
perscruto e reverencio a linguagem inconsciente dos sonhos. Não me diga que as
luzes da ribalta são contra-luzes do proscênio, são efeitos da sátira das
verdades e in-verdades. Não me diga que as sombras são reflexos das trevas. Não
me diga que o silêncio é representação das entre-linhas da verdade por vir a
ser.
Não me diga
que obscuridades intro-vertidas concluem de in-fin-idades a lividez da tarde em
propósitos fantásticos ao limiar do sol que se esvaece detrás da serrania à
extensão, à frontaria da extensão remota, cruze de todos os sistemas do Orbe o
anúncio frescor e pacífico da escuridão, sob as propedêuticas testemunhas dos
destinos, tremeluzindo de insonolências benevolentes as utopias da ninharia,
sonsices do despojado, à graça de primícias exteriorizações da fulgência da
veneta a recair em número indeterminado de veras meio-perpétuas que aldrabam a
decessa atrás do simulacro do reflexo além de enaltecendo os báratros do
sem-finalização ao cume do sem significado do não – ente. A chama da lareira,
fora de mim, ganha e traduz coisas que ainda não conheço, o desejo de fazê-lo
existe latente, saber-lhe a diferença entre ser e ec-sistir. Saber-lhe a
sin-cronia, sin-tonia, harmonia entre o verbo e o espírito.
Se
re-conheço conhecê-las, revisto-as de espaço interno, espaço que tem seu ser em
mim, que tem seu sentido em mim, que me habita o mais íntimo, que me é, e quem
me sendo é-me.
E profundo;
cerco-as com sentimentos de agressividade e violência.
Se isto não
é blues da alma preludiando o estado de tranquilidade, calmaria das dores
contingênciais, angústias, náuseas!
Tempo
perfeito. Lugar perfeito.
Não me diga
que o in-audito é símbolo, signo do desejo de des-velar os mistérios, enigmas
da contingência. Não me diga que ao redor das constelações, o sol re-festela-se
à beira da Lagoa da Rosa de Profundo Roxo. Não me diga que a vela esplendendo
suas chamas no canto da janela fora é metáfora da espera o alvorecer ser pleno
de lúdicas imagens do uni-verso e da felicidade há-de vir.
#riodejaneiro#,
24 de junho de 2019#
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